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Estado de Minas NOVA YORK

Trabalhar por 2,13 d�lares a hora nos Estados Unidos


23/09/2021 11:41

"A escravid�o sobrevive no s�culo XXI", denuncia a sindicalista Saru Jayaraman, que luta para abolir a legisla��o federal que estabelece o pagamento de 2,13 d�lares por hora para os trabalhadores de restaurantes, principalmente gar�ons, na maior pot�ncia mundial.

"� um problema de justi�a econ�mica, racial e de g�nero que piorou com a covid-19", afirma Jayaraman, uma das fundadoras da One Fair Wage ("Um Sal�rio Justo", em tradu��o livre), uma organiza��o que defende uma renda digna e seguran�a no trabalho para os funcion�rios do setor.

O segmento de servi�os � um dos que mais crescem nos Estados Unidos, mas que paga os piores sal�rios. Apenas o setor de restaurantes emprega 14 milh�es de pessoas. Destas, seis milh�es completam o sal�rio com gorjetas.

"Muitas corpora��es de restaurantes consideram que s�o os clientes que devem pagar o sal�rio de seus funcion�rios", lamenta a ativista � AFP.

- "Vergonhoso" -

Em restaurantes, t�xis, sal�es de beleza e, agora, para os trabalhadores das empresas que funcionam por meio de aplicativos, no momento de pagar o cliente tem v�rias op��es: adicionar 18%, 20%, 25%, ou at� mais de gorjeta. � o que complementa o sal�rio.

Embora, com frequ�ncia, os sal�rios sejam determinados pelo mercado, em 40 estados a remunera��o por hora ainda n�o supera 5 d�lares, no caso dos trabalhadores autorizados a receber gorjetas. Apenas em sete eles foram equiparados ao sal�rio m�nimo de 15 d�lares de renda dos demais trabalhadores.

O atentado contra as Torres G�meas que matou 74 funcion�rios do luxuoso restaurante Windows of the World, instalado no 107� andar de um dos edif�cios do World Trade Center, representou um antes e depois para a luta por sal�rio justo no setor.

Muitos sobreviventes foram realocados em outros restaurantes da empresa. Outros ficaram desempregados, e as fam�lias das v�timas, sem renda.

Naquele momento, foi criada a One Fair Wages.

"Come�amos buscando ajuda para as fam�lias que perderam os entes queridos e os trabalhadores que perderam o emprego", conta Jayaraman.

Hoje, com 300.000 participantes, o movimento luta para que o Congresso promulgue una lei para aumentar o sal�rio m�nimo, em n�vel federal, para estes trabalhadores.

Em um encontro organizado recentemente por este movimento, a ex-secret�ria de Estado Hillary Clinton questionou por que � t�o dif�cil convencer cada estado e o Congresso de que "nenhuma pessoa na Am�rica deveria trabalhar por 2,13 d�lares a hora".

"� vergonhoso!", disse.

- Nova York, uma exce��o -

Nova York � um caso isolado, admite Jayaraman. Nos bons restaurantes, os gar�ons podem chegar a receber at� seis d�gitos por ano. Mas esta � a exce��o.

Brian, um gar�om de 29 anos que trabalha h� uma d�cada no setor, explica para a AFP que, na cidade, os funcion�rios do setor recebem 15 d�lares por hora. Quem ganha gorjeta, recebe US$ 10 por hora.

Ele n�o revela quanto entra em sua conta banc�ria com as gorjetas, mas diz que ser gar�om � o trabalho por hora mais bem pago da cidade.

"Voc� tem mais possibilidade de ganhar mais dinheiro do que em qualquer outro emprego", afirma.

Os donos do restaurante em que trabalha, localizado em uma �rea residencial ao leste do Central Park, tamb�m oferecem a seus funcion�rios a contrata��o de seguro m�dico.

Um luxo que n�o est� ao alcance de todos. Javier, um mexicano que trabalha para uma rede de fast food na �rea da Grand Central Station, conta que pode ganhar at� 2.300 d�lares, mas com excesso de horas.

"Quando voc� supera as 40 horas horas semanais regulamentares, as horas extras s�o pagas a 22,5 d�lares", diz ele, satisfeito, � AFP.

Um estudo recente da One Fair Wage mostra que quase um ter�o dos trabalhadores enfrenta mais viola��es de seus direitos do que no ano passado, e as gorjetas ca�ram. Ao mesmo tempo, aumentaram as agress�es sexuais e os abusos, em um setor que emprega majoritariamente mulheres.

- "N�o poderia fazer nada sem eles" -

Ap�s o fechamento de restaurantes por causa da covid-19, muitos trabalhadores seguiram para outros empregos.

Os dados mais recentes do Departamento americano do Trabalho mostram que, at� julho, o setor perdeu quase um milh�o de postos, na compara��o com os n�veis anteriores � pandemia do coronav�rus. Neste contexto, 75% dos empres�rios do setor enfrentam dificuldades para encontrar funcion�rios, o maior n�vel em duas d�cadas, segundo a Associa��o Nacional de Restaurantes.

Barbara Sibley, propriet�ria dos restaurantes de comida mexicana La Palapa, optou por pagar sal�rios justos a seus trabalhadores.

"Os funcion�rios s�o parte do que fazemos. N�o poderia fazer nada sem eles", diz ela � AFP.

Assim como a empres�ria, quase mil restaurantes de todo pa�s aderiram a um novo modelo, mais �tico, no qual os funcion�rios recebem sal�rios e benef�cios sociais.

"Quando se fala de um plano de neg�cios, � complexo, porque se deve levar em considera��o outros custos e coisas. Mas se voc� planeja ter equidade faz com que o sistema que criou funcione. Ent�o, realmente � uma escolha", garante Sibley.

"� o momento de, finalmente, acabar com este legado da escravid�o. � uma vergonha para o pa�s", conclui Saru Jayaraman.


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