Diante da falta de um veredicto ao cair da noite, o juiz mandou os membros do j�ri para casa durante o fim de semana, antes da retomada das delibera��es na segunda-feira.
O caso, atrasado por mais de um ano por causa da pandemia, � considerado um marco para o movimento #MeToo por ser o primeiro julgamento importante por abuso sexual no qual a maioria dos acusadores � mulher.
A promotoria teceu minuciosamente os fios das supostas irregularidades de um intrincado padr�o de crimes que o artista teria cometido com impunidade, capitalizando sua fama para se aproveitar de mulheres jovens e adolescentes para sua pr�pria satisfa��o sexual.
O estado tinha a tarefa de demonstrar que o cantor de 54 anos, cujo nome de registro � Robert Sylvester Kelly, � culpado de crime organizado, uma acusa��o grave comumente associada � m�fia, que apresenta Kelly como o chefe de um grupo de associados que facilitaram seus abusos.
Ele tamb�m � alvo de oito acusa��es em virtude da Lei Mann, que pro�be o transporte de pessoas atrav�s das fronteiras estaduais por motivos sexuais.
Para condenar Kelly por extors�o, os membros do j�ri devem consider�-lo culpado de pelo menos duas das 14 infra��es conhecidas como "predicate acts", que juntas constituem crimes mais graves.
Os testemunhos para provar estes atos incluem acusa��es de estupro, uso de drogas, c�rcere e pornografia infantil.
As hist�rias dos acusadores mant�m um padr�o: muitas das supostas v�timas contaram ter conhecido o cantor em shows ou apresenta��es em centros comerciais, e que seu s�quito lhes entregou bilhetes com o contato de Kelly.
V�rias receberam a promessa de que podiam impulsionar suas aspira��es na ind�stria musical.
Mas segundo os promotores, ao contr�rio, todos foram "doutrinados" no mundo de Kelly, preparados para atender a seus caprichos sexuais e mantidos � margem mediante "meios coercitivos de controle", incluindo o isolamento e medidas disciplinares cru�is.
"N�o � um g�nio. � um criminoso. � um predador", disse Nadia Shihata, assistente do promotor federal aos jurados.
"Compor can��es de sucesso e se apresentar para o p�blico no palco n�o te d� permiss�o para cometer crimes".
A defesa de Kelly fez um retrato drasticamente diferente do astro, argumentando que era um "s�mbolo sexual" e um "playboy", que estava sendo atacado por suas ex-namoradas e f�s famintas por dinheiro.
Shihata afirmou ao j�ri que as testemunhas (nove mulheres e dois homens, que detalharam abusos devastadores no tribunal) "reviveram alguns dos piores per�odos da sua vida".
- Padr�o criminoso? -
A acusa��o se concentra em seis mulheres: Jerhonda, Stephanie, Faith, Sonja e outra que dep�s sob um pseud�nimo, juntamente com a estrela do R&B; Aaliyah, falecida em um acidente a�reo em 2001.
V�rias outras v�timas que alegaram abusos puderam testemunhar como parte da tentativa da promotoria de detalhar um padr�o criminoso, embora estes depoimentos n�o fa�am parte das acusa��es.
Seis das supostas v�timas eram menores de idade quando Kelly iniciou as rela��es sexuais com elas. Muitas v�timas tamb�m contaram que o cantor filmava rotineiramente os encontros, o que em v�rios casos constituiria pornografia infantil.
Sonja viajou de Utah ao est�dio de Kelly em Chicago acreditando que ele lhe daria uma entrevista para o programa de r�dio para o qual trabalhava como estagi�ria.
Ao contr�rio, disse que os s�cios de Kelly a prenderam em um quarto sem janelas por v�rios dias, antes de lhe dar comida e bebida que a fizeram adormecer rapidamente.
Ela acordou sem a roupa de baixo e viu Kelly vestindo as cal�as. Outra mulher disse que Kelly a obrigou a abortar porque a teria engravidado quando era menor de idade.
Quatro contaram ter contra�do herpes ap�s fazer sexo com o cantor, que n�o revelou ser portador desta doen�a ven�rea.
O centro do caso foi a rela��o de Kelly com Aaliyah.
Kelly comp�s e produziu seu primeiro �lbum, "Age Ain't Nothin 'But A Number", antes de se casar ilegalmente com ela quando ela tinha apenas 15 anos porque temia t�-la engravidado.
Seu ex-agente admitiu na corte ter subornado um trabalhador para obter uma identifica��o falsa da uni�o, que foi anulada em seguida.
Os promotores tamb�m mostraram ao j�ri grava��es em v�deo que n�o foram vistas pelo p�blico com imagens arrepiantes de Kelly amea�ando, batendo e humilhando mulheres e crian�as.
Kelly, um importante astro do R&B; da d�cada de 1990 e come�o dos anos 2000, conhecido por sucessos como "I Believe I Can Fly", nega todas as acusa��es.
O cantor se manteve estoico durante boa parte do processo, embora durante a maratona de alega��es finais da promotoria parecesse agitado, sacudindo a cabe�a.
As acusa��es de abuso acompanham o artista h� muito tempo, mas ele conseguiu se livrar delas durante d�cadas. Ele enfrenta julgamentos em tr�s outras jurisdi��es, inclusive numa corte federal do Illinois.
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NOVA YORK
J�ri avalia destino de R. Kelly ap�s depoimentos sobre crimes sexuais
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