O sol escaldante que domina a vinha neste fim de tarde de setembro ilustra o tema da opera��o "terreno aberto" conduzida neste dia pela Sicarex, o �rg�o t�cnico a servi�o dos vinhos de Beaujolais: "descoberta das diferentes alavancas de adapta��o � mudan�a clim�tica".
O espa�o no Ch�teau de l'�clair funciona como um campo de experimenta��o em grande escala, visando a "produzir refer�ncias t�cnicas objetivas para guiar as escolhas" dos viticultores, explica seu diretor, Bertrand Chatelet.
A constata��o, resumida por Chatelet, foi estabelecida: as mudan�as clim�ticas "s�o per�odos muito contrastantes, extremos: quando chove, � muito tempo e muito, com tempestades violentas, geadas fortes, ou temperaturas mais altas em fases mais longas, o que influencia a composi��o das uvas, em a��car e em acidez".
Como enfrentar isso?
Procedentes de v�rias das 12 denomina��es do Beaujolais, uma faixa de cerca de 50 km que se estende ao norte de Lyon, viticultores e estudantes percorrem este terreno, �s vezes muito escarpado, em busca de pistas.
Em um ponto, por exemplo, h� fileiras de vinhas embutidas em redes antigranizo. Ao mesmo tempo em que protegem os gr�os das precipita��es, estas redes tamb�m produzem um "efeito de sombreamento", explica Taran Limousin, do Instituto da Vinha e do Vinho (IFV, na sigla em franc�s), parceiro da Sicarex.
"A radia��o cai 30%, e os bagos sofrem menos estresse h�drico. Transpiram menos, precisam de menos �gua e, por isso, bombeiam menos para o solo. Em caso de seca, � uma vantagem", completa.
Instalar este dispositivo custa, no entanto, cerca de 15.000 euros por hectare, sem conta a m�o de obra.
Algumas fileiras adiante, testa-se a altura da sebe. Em geral, o tronco mede 60 cm, mas ali, chega a 90 cm. Ao reduzir a quantidade de folhas e, portanto, a fotoss�ntese, "o objetivo � prolongar o ciclo da videira", detalha Jean-Yves Cahurel, do IFV.
Assim, uma matura��o mais tardia deslocaria a colheita para um per�odo "menos quente", e o necess�rio equil�brio entre a��car e acidez seria mais bem respeitado. Os primeiros testes s�o considerados "animadores".
Outra margem de manobra: a interven��o na pr�pria cepa. Extra�dos do conservat�rio da Sicarex, as vinhas de Gamay - a principal cepa em Beaujolais - que n�o eram mais usadas, porque apresentavam uma matura��o tardia s�o, por exemplo, selecionadas e replantadas.
Do mesmo modo, nos testes sobre as cepas resistentes ao m�ldio e ao o�dio (doen�as causadas por fungos) - que exigem, portanto, menos produtos fitossanit�rios -, ser�o selecionadas aquelas que tamb�m apresentarem uma matura��o tardia.
"� importante encontrar a cepa que responde aos dois problemas: ambiental e clim�tico", afirma Sylvain Paturaux, de 41 anos, que assumiu, em 2020, uma propriedade na denomina��o Fleurie.
O aspecto mais in�dito, nas terras do gamay-roi e do chardonnay, continua a ser a experi�ncia de introdu��o de cepas t�picas do sul do vale do Rh�ne.
Em Quinci�-en-Beaujolais, a 450 metros de altitude, o Ch�teau de Varennes plantou 1,8 hectare, de uma �rea total de 20 hectares, para uma primeira colheita por estes dias.
"Daqui a dez anos, com o aquecimento, esse tipo de cepa ideal para o sul tamb�m ser� ideal para o norte", acredita o respons�vel Pierre-Olivier Sauvaire, lembrando-se da colheita escaldante, a 36�C, em 2020.
Para o propriet�rio da fazenda, Nicolas Gauvin, a dimens�o clim�tica n�o foi, no entanto, priorit�ria nessa abordagem. Tratava-se, "antes de mais nada, de expandir nossa oferta, com cepas que permitam buscar uma clientela amante do C�tes-du-Rh�ne".
Al�m disso, as futuras garrafas n�o poder�o ser comercializadas sob a denomina��o Beaujolais-Village, e sim na IGP (Identifica��o Geogr�fica Protegida) "condado rhodaniano".
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LIERGUES
No Beaujolais, terreno � usado como cobaia contra mudan�a clim�tica
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