Flex�vel e colaborativo, o "coworking" revoluciona as formas de trabalhar na capital econ�mica do Brasil, pioneira nesta �rea e que concentra o maior n�mero de espa�os coletivos do pa�s, em torno de 200. E, desde o surgimento da pandemia da covid-19, n�o � mais prerrogativa das "startups".
"Hoje, 40% s�o empresas do mercado tradicional: advogados, consultorias, auditorias", diz � AFP Fernando Bottura, o jovem gerente da GoWork, uma das primeiras empresas de "coworking" de S�o Paulo, com 14 espa�os que somam 32.000 m2.
Na compara��o com 2019, "tivemos um aumento de 300% nas cota��es para grandes corpora��es do mercado 1.0. S�o empresas de fertilizantes, empresas da ind�stria pl�stica", relata Bottura, de jeans e cal�ado esportivo.
Para o empres�rio, a tend�ncia na megal�pole � que haja "cada vez mais ambientes externos com 'rooftops', �reas externas... N�o faz mais sentido para ningu�m no mundo alugar um escrit�rio".
- "Bem-estar dos trabalhadores" -
Vibrante, cosmopolita e com 12 milh�es de habitantes, S�o Paulo "� a porta de entrada para esse tipo de novidade", afirma Bottura.
Um dos espa�os do GoWork tem at� uma praia artificial: um per�metro arenoso cercado por arranha-c�us no cora��o da Avenida Paulista. Protegendo-se do sol sob guarda-s�is, v�rias jovens trabalham com seus laptops.
Em outro setor, homens de camisa branca aproveitam a pausa para jogar basquete em uma pequena quadra de grama sint�tica, um privil�gio nesta grande cidade onde abundam os empregos prec�rios e a mis�ria.
"A gente procura muito o bem-estar dos colaboradores", explica o gerente de com�rcio on-line Renan Camargo, de 38 anos. "A gente sabe que o colaborador que trabalha de bom humor, rende melhor", diz, reclinando-se em uma espregui�adeira.
Ao mesmo tempo, seus clientes ficam contentes em poder dizer que trabalham na prestigiosa Avenida Paulista: "O cliente fala 'Avenida Paulista, wow empresa s�ria'".
Mateus Santos, que trabalha com marketing digital, tamb�m prospera, trabalhando neste espa�o.
Os funcion�rios n�o v�o todos os dias ao local, o que favorece "tanto a flexibilidade" quanto a produtividade, argumenta o jovem de 25 anos.
E, embora ainda seja necess�rio usar m�scara para se proteger da covid-19 neste espa�o de 6.000 m2, por onde passam 1.500 trabalhadores todos os dias, o "coworking" tem favorecido a intera��o entre pessoas e empresas ap�s longos meses de confinamento.
- "Al�vio para uma m�e" -
No bairro Pinheiros, Danieli Junco, de 41 anos, fundou em 2019 o B2Mamy, um espa�o colaborativo para mulheres da ind�stria farmac�utica, adaptado para a fam�lia.
"Entre ser m�e e CEO, escolha as duas", diz uma das mensagens no espa�o de 500 m2, decorado com uma est�tica vibrante.
Enquanto as m�es - e alguns pais - trabalham, crian�as ziguezagueiam entre as mesas.
"T�m espa�os dos adultos, espa�os das crian�as, um 'hub' de inova��o, cursos, 'speed dating' para que empresas se conhe�am" � realmente um espa�o "'family friendly'", afirma Danieli, acrescentando que os clientes pagam apenas R$ 1.000 por ano por um espa�o "muito colaborativo".
Jessica Ulliam Ferrari Rua, de 36 anos, gerente de uma empresa de marketing digital, � uma das 60 mulheres que frequentam diariamente a sede da B2Mamy, onde os menores s�o cuidados por pedagogos.
Deitada em um colch�o, ela afaga os cabelos de seu filho de tr�s anos, Luca, que est� aninhado em seu peito.
"Ele vem me chamar para dormir, ele sabe que aquele momento � dele... 10 minutos que fico ali perto, e depois volto pro trabalho. � um al�vio para quem � m�e", comenta Ferrari.
Apesar do longo per�odo de paralisa��o das escolas por conta da pandemia, Thais Alcantara, de 37 anos, conseguiu "alfabetizar completamente" suas g�meas de cinco anos, Paola e Bianca, gra�as ao apoio pedag�gico que recebem no local.
Quem trabalha no setor n�o acredita que o "coworking" seja uma moda passageira.
Segundo o site CoworkingBrasil.org, esse tipo de espa�o continua proliferando no Brasil, onde saltou de 230 estabelecimentos, em 2015, para quase 1.500, em 2019.
S�O PAULO