Tens�o entre Reino Unido e Fran�a se propaga

O Brexit continua sendo uma dor de cabe�a na Fran�a, que luta para que seus pescadores tenham acesso �s �guas brit�nicas, mesmo recorrendo a amea�as, e v� a coopera��o militar com o Reino Unido se deteriorar.

No �ltimo epis�dio da saga, o secret�rio de Estado franc�s, Cl�ment Beaune, amea�ou nesta sexta-feira (8) reduzir o fornecimento de eletricidade � ilha brit�nica de Jersey, localizada na costa francesa da Normandia.

"Reduzir o fornecimento � poss�vel, mas cortar a energia de todos os habitantes de Jersey neste inverno n�o vai acontecer", disse Beaune � BFMTV, um dia depois de o governo da ilha denunciar amea�as "inaceit�veis" de Paris.

A Fran�a distribui eletricidade para as Ilhas Brit�nicas ao largo de sua costa no Canal da Mancha e, segundo Beaune, o acordo do Brexit alcan�ado com a Uni�o Europeia (UE) prev� um "acordo de exporta��o de energia".

"Portanto, podemos regular o abastecimento. N�o quero chegar a esse ponto. Mas � uma das possibilidades pol�ticas", reiterou o governante franc�s, em uma amea�a velada a esta ilha em pleno conflito pelas licen�as de pesca.

O acesso �s �guas brit�nicas tamb�m � regulado por um acordo firmado em 2020 entre Londres e Bruxelas. Para pescar e obter uma licen�a, os pescadores devem provar que j� operavam na zona.

At� agora, Londres e Jersey concordaram com cerca de 200 licen�as definitivas, com Paris solicitando mais do que o dobro.

"Pedimos pouco mais de 450 licen�as no total (...) Vamos nos manter firmes", disse o secret�rio de Estado.

"N�o podemos conceder licen�as, se n�o tivermos dados e evid�ncias" que mostram que as embarca��es "respeitam os termos do acordo comercial" e que operavam l� antes do Brexit, respondeu o chanceler de Jersey, Ian Gorst, na quinta-feira.

Paris considera que Londres n�o cumpre o acordo. Beaune estimou que os brit�nicos precisam dos europeus para vender seus produtos pesqueiros, bem como para sua energia, ou servi�os financeiros, entre outros.

O Minist�rio franc�s do Mar estuda poss�veis medidas que v�o da energia ao recebimento de estudantes, passando por impostos e obst�culos ao desembarque de pescado brit�nico em portos franceses.

- Coopera��o militar -

Exacerbada pelas cr�ticas do Reino Unido �, em sua opini�o, insuficiente a��o da Fran�a para impedir a chegada de migrantes � costa inglesa, a tens�o tamb�m parece afetar a coopera��o militar.

Ambos os pa�ses n�o conseguem chegar a um acordo sobre as pr�ximas etapas do programa de m�sseis antinavios e de cruzeiro que planejaram desenvolver em conjunto. Este � um aspecto crucial para a autonomia europeia em quest�o militar.

"Este � certamente um programa que atravessa dificuldades, dado o estado da nossa rela��o com o Reino Unido. Estamos refletindo sobre o que pode ser feito", disse a ministra francesa da Defesa, Florence Parly, na ter�a-feira (5).

No final de setembro, Parly cancelou uma reuni�o com seu hom�logo brit�nico, Ben Wallace, de acordo com uma fonte do Minist�rio franc�s, em meio ao descontentamento da Fran�a com o an�ncio de uma alian�a estrat�gica entre Estados Unidos, Austr�lia e Reino Unido.

A alian�a AUKUS, que busca rivalizar com a China no Indo-Pac�fico, fez Canberra cancelar um contrato para a compra de submarinos franceses cl�ssicos.

A rela��o franco-brit�nica "esfriou na pr�tica", disse � AFP O presidente do Comit� de Defesa do Senado franc�s, Christian Cambon, para quem a sa�da do Reino Unido da UE "n�o criou o clima mais favor�vel".

Sob o Tratado de Lancaster House de 2010, Paris e Londres se comprometeram a desenvolver uma nova gera��o de m�sseis antinavios e de cruzeiro at� 2030, substituindo aqueles usados por seus respectivos ex�rcitos.

Mas, como Parly reconheceu ao jornal Le Monde no final de setembro, esse programa est� estagnado, em um momento em que Londres optou pelo Brexit, pela pol�tica externa "Gr�-Bretanha global" que olha para Washington e o Indo-Pac�fico e "at� para uma depend�ncia maior dos Estados Unidos".