Chile: confrontos entre policiais e Mapuches deixam uma mulher morta e 20 feridos

Confrontos entre policiais e manifestantes deixaram uma mulher morta e ao menos 20 pessoas feridas durante uma marcha a favor dos direitos do povo Mapuche, o grupo ind�gena mais numeroso do Chile. Segundo a pol�cia, ao menos dez pris�es foram registradas durante o ato, que reuniu cerca de mil pessoas nos arredores da Pra�a It�lia, no centro de Santiago, no domingo, 10.

A manifesta��o come�ou pac�fica, formada principalmente por representantes de movimentos ind�genas vestidos com roupas tradicionais e carregando bandeiras Mapuches. A pol�cia usou g�s lacrimog�neo e canh�es d��gua para tentar dispers�-los. Em resposta, os manifestantes lan�aram peda�os de madeira e pedras contra as for�as de seguran�a.

Os confrontos duraram cerca de 40 minutos. De in�cio, as autoridades haviam anunciado que a participante da "Marcha pela Resist�ncia Mapuche e Autonomia dos Povos" teria sido ferida por fogos de artif�cio lan�ados contra a pol�cia e transferida para um hospital da regi�o. Horas depois, sua morte foi informada.

"�s 12h04, uma paciente do sexo feminino, de 43 anos, deu entrada no pronto socorro onde foi atendida pela equipe m�dica e posteriormente encaminhada para a enfermaria. Infelizmente, a paciente morreu durante a interven��o � tarde", confirmou em uma nota o centro m�dico.

Segundo o jornal La Tercera , ela foi identificada como Denisse Cort�s Saavedra, que cursava o terceiro ano de Direito na Universidade Academia do Humanismo Crist�o. De acordo com um comunicado emitido pela institui��o de ensino, ela teria sido ferida enquanto trabalhava prestando assist�ncia legal aos manifestantes. "Destacamos o compromisso social de Denisse e sua permanente defesa dos direitos humanos", disse a universidade em seu Twitter.

De acordo com as autoridades, 20 policiais ficaram levemente feridos e dois com ferimentos de gravidade m�dia. Uma mulher teve les�es mais s�rias, incluindo fraturas. Informa��es preliminares apontam que ela teria sido atingida na clav�cula por fogos de artif�cio lan�ados contra os policiais.

"� imposs�vel avan�ar quando a viol�ncia se sobrep�e �s ideias e a manifesta��o pac�fica", disse o ministro do Interior e da Seguran�a P�blica, Rodrigo Delgado.

Reivindica��es

Este m�s completam dois anos dos protestos que eclodiram em 2019 contra a desigualdade no Chile, duramente reprimidos pelas for�as de seguran�a. � �poca, 30 pessoas morreram e milhares ficaram feridas, aumentando os questionamentos sobre o abuso de for�a contra os manifestantes.

� tamb�m o primeiro anivers�rio do plebiscito hist�rico em que o povo chileno optou por mudar a Constitui��o herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que n�o consagra direitos sociais como os � educa��o, � sa�de e � previd�ncia.

A plural Constituinte chilena, que completar� 100 dias de trabalho na ter�a-feira, 12, � presidida pela professora e militante Mapuche Elisa Loncon, e 17 de seus 135 integrantes s�o representantes dos 10 povos origin�rios do pa�s. Sete deles representam os Mapuches.

No protesto deste domingo, manifestantes carregavam cartazes com frases como "Wallmapu (o territ�rio mapuche) live" e "n�o deter�o nossa luta leg�tima". Trata-se de uma alus�o � demanda hist�rica do povo origin�rio, que defende a restitui��o de terras no Sul do pa�s perdidas na segunda metade do s�culo XIX, as quais afirmam ter direito ancestral - outra reivindica��o dos protestos de 2019.

A falta de solu��o para as demandas dos Mapuches vem provocando uma escalada de viol�ncia na �ltima d�cada em regi�es como Araucan�a, Biob�o e Los R�os, no Sul, com ataques contra pr�dios e caminh�es. H� tamb�m relatos, no entanto, de opera��es policiais e de grupos paramilitares orquestradas para p�r a culpa nos ind�genas. (Com ag�ncias internacionais).