Juiz volta a ser for�ado a suspender investiga��o de explos�o no porto de Beirute

Sob press�o crescente da classe pol�tica libanesa, o juiz encarregado de investigar a explos�o no porto de Beirute foi for�ado, nesta ter�a-feira (12), a suspender suas investiga��es, ap�s emitir um mandado de pris�o contra um deputado e ex-ministro.

Apoiado pelas fam�lias das v�timas da trag�dia que assolou a capital libanesa em agosto de 2020, Tareq Bitar foi alvo, na noite de segunda-feira, de um violento ataque verbal do l�der do poderoso Hezbollah, que o acusou de politizar a investiga��o e solicitou a sua substitui��o.

O magistrado j� havia suspendido sua investiga��o no final de setembro, ap�s uma den�ncia apresentada contra ele por um deputado e ex-ministro suspeito de envolvimento na explos�o que deixou mais de 200 mortos e 6.500 feridos, e devastou bairros inteiros de Beirute.

Ele reassumiu o trabalho na semana passada depois que um tribunal de apela��es rejeitou a queixa do deputado e outras semelhantes destinadas a retir�-lo do processo.

Esta manh�, Bitar emitiu um mandado de pris�o contra um dos deputados em quest�o e ex-ministro das Finan�as, Ali Hassan Khalil, membro do movimento xiita Amal, aliado do Hezbollah, que n�o compareceu para interrogat�rio e delegou seu advogado.

Mas foi for�ado, horas depois, a suspender sua investiga��o ap�s novas queixas apresentadas por Khalil e outro deputado e ex-ministro do Amal, Ghazi Zaayter, perante o tribunal de cassa��o, informou uma fonte judicial � AFP.

"Isso causou a suspens�o da investiga��o e o cancelamento dos interrogat�rios agendados", enquanto se aguarda a decis�o do tribunal, disse a fonte.

O magistrado procurava aproveitar um per�odo em que os deputados n�o gozam de imunidade parlamentar, antes da abertura da sess�o de outono do hemiciclo, no dia 19 de outubro.

Pol�ticos de todos os espectros se recusam a ser interrogados pelo juiz, embora as autoridades atribuam a trag�dia ao armazenamento descuidado de grandes quantidades de nitrato de am�nio.

Denunciadas por neglig�ncia criminosa, as autoridades rejeitam qualquer investiga��o internacional e s�o acusadas pelos familiares das v�timas e ONGs de sabotar a investiga��o local.

"H� uma decis�o pol�tica de n�o permitir o trabalho do juiz", reagiu Nizar Saghieh, diretor da ONG jur�dica Agenda Legal.

"As for�as que o desafiam est�o esgotando todos os recursos legais e est� claro que algumas partes est�o prontas a recorrer a meios n�o legais para impedi-lo de trabalhar", disse � AFP.

De acordo com Saghieh, o discurso do l�der do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que acusou o juiz de politizar a investiga��o e pediu sua substitui��o por um magistrado "honesto e transparente", mostra que a classe pol�tica "perdeu a paci�ncia".

H� v�rias semanas, o juiz Bitar tem estado no centro de uma campanha de difama��o e sujeito a intensa press�o, e at� mesmo foi amea�ado por um alto funcion�rio do Hezbollah.

Alguns temem que o magistrado tenha o mesmo destino que seu antecessor, Fadi Sawan, demitido em fevereiro ap�s o indiciamento de altos funcion�rios.

Desde que herdou o caso, Bitar convocou o ex-primeiro-ministro Hassan Diab e quatro ex-ministros em vista de seu indiciamento.

Em 16 de setembro, ele emitiu um mandado de pris�o contra o ex-ministro dos Transportes, Youssef Fenianos, membro de um partido crist�o pr�ximo ao Hezbollah.