O primeiro voo da ITA Airways decolou nesta sexta-feira �s 6H20 locais (1H20 de Bras�lia) de Mil�o com destino a Bari, sul do pa�s, sete horas ap�s o �ltimo pouso da Alitalia, na quinta-feira � noite em Roma, procedente de Cagliari.
Fundada em 5 de maio de 1947, a Alitalia foi o s�mbolo do milagre econ�mico da It�lia ap�s a Segunda Guerra Mundial e se tornou a s�tima companhia a�rea do mundo nos anos 1970, antes de entrar em um longo decl�nio, que se agravou nos �ltimos anos.
A hist�ria da empresa est� entrela�ada com a do pa�s: as primeiras comiss�rias de bordo vieram em 1950, a Alitalia foi a empresa de transporte oficial dos Jogos Ol�mpicos de Roma-1960 e superou a marca de um milh�o de passageiros, Paulo VI foi o primeiro papa que voou pela companhia em 1964 e Antonella Celletti, a primeira mulher que pilotou um de seus avi�es em 1989.
"Assistimos com profunda tristeza o fim da Alitalia, que era nossa marca nacional, s�mbolo da hist�ria do pa�s", declarou, emocionada, Laura Facchini, de 47 anos, auxiliar de voo da Alitalia durante duas d�cadas.
Como tantos outros, ela solicitou, em v�o, passar a integrar o quadro de funcion�rios da ITA como parte da primeira s�rie de 2.800 pessoas contratadas este ano.
At� 2022 devem ser contratados 5.750 funcion�rios, de um total de 10.500 da Alitalia.
- Luta sindical -
"Muitos de n�s estamos desesperados porque n�o temos mais emprego. Est�vamos muito ligados � empresa, muito motivados, sempre tivemos um sorriso no rosto", disse a delegada nacional do sindicato UGL Transporte A�reo.
Os sindicatos da Alitalia organizaram uma s�rie de manifesta��es contra os "contratos com desconto" oferecidos pela ITA, com cortes de sal�rios de at� 20% e inclusive 40% para os pilotos, e a "venda por partes" da empresa.
O setor de avia��o passou para a ITA, uma empresa totalmente estatal, mas os servi�os de terra e de manuten��o ser�o vendidos de maneira separada, por meio de licita��es, como exigiu a Uni�o Europeia nas duras negocia��es com Roma.
A Comiss�o Europeia aprovou em em setembro uma inje��o de 1,35 bilh�o de euros (US$ 1,566 bilh�o) de fundos p�blicos. Mas exigiu uma "descontinuidade econ�mica" entre Alitalia e ITA, isentando esta �ltima de devolver os "aux�lios estatais ilegais" recebidos pela sua antecessora.
Ao longo dos anos, o Estado italiano desembolsou mais de 13 bilh�es de euros (quase 15 bilh�es de d�lares) para tentar salvar a empresa, entre recapitaliza��es e cr�ditos.
Mesmo assim, a Alitalia acumulou perdas de 11,4 bilh�es de euros (13,2 bilh�es de d�lares) entre 2000 e 2020.
"O grande erro foi n�o investir no lucrativo mercado de longa dist�ncia", declarou Andrea Giuricin, economista especializado no transporte da Universidade Bicocca de Mil�o.
Especialmente porque as companhias de baixo custo, como Ryanair e Easyjet, quebraram o mercado com a redu��o dos pre�os para as viagens de curta dist�ncia e o trem de alta velocidade reduziu o tempo de viagem entre Roma e Mil�o de seis para tr�s horas.
� beira da fal�ncia, a Alitalia foi colocada sob supervis�o da administra��o p�blica em 2017, mas a situa��o se agravou ainda mais com o impacto da pandemia de covid-19, que paralisou diversas companhias a�reas.
Em 2020, a Alitalia registrou perdas de 2 milh�es de euros (US$ 2,32 milh�e) por dia, transportando apenas 6,3 milh�es de passageiros no ano, contra 52,1 milh�es da Ryanair e 34 milh�es da Air France-KLM.
Com uma frota reduzida � metade, de 52 avi�es, incluindo sete grandes, a ITA enfrentar� dificuldades.
"Resistir � concorr�ncia dos gigantes Air France-KLM e Lufthansa nas viagens internacionais e das companhias de baixo custo no mercado nacional � imposs�vel", disse.
Desde que a Alitalia foi colocada sob supervis�o p�blica h� quatro anos, o governo procurou em v�o por compradores. No passado, por�m, a Alitalia atraviu grandes pretendentes, como a Air France-KLM, que apresentou uma oferta em mar�o de 2008, mas que foi rejeitada por Silvio Berlusconi, que assumiu o poder logo depois com base em uma campanha sobre a defesa da "italianidade".
Resgatada por um grupo de empres�rios italianos, a Alitalia precisou de um novo resgate em 2014 por parte da empresa Etihad (Emirados �rabes), que adquiriu 49% de seu capital, o que n�o freou a trajet�ria rumo ao colapso.
O famoso logo verde sobre fundo branco da Alitalia n�o vai desaparecer, pois a ITA venceu na quinta-feira a licita��o para sua compra, ao pagar 90 milh�es de euros (104 milh�es de d�lares).
MIL�O