A �sia-Pac�fico � respons�vel por 75% do consumo global de carv�o, mesmo que a regi�o enfrente o impacto ambiental e de sa�de p�blica da mudan�a clim�tica: n�veis de polui��o mortal na �ndia, ondas de calor extremas e inc�ndios florestais na Austr�lia.
As promessas da China e de outros pa�ses de avan�ar para a neutralidade de carbono aumentaram as esperan�as de um futuro mais limpo, mas, de modo geral, a regi�o est� engajada em uma transi��o energ�tica para energias renov�veis muito lentamente.
"Estamos nos movendo muito mais devagar do que o impacto da mudan�a clim�tica. Nosso tempo est� acabando", disse Tata Mustasya, encarregado de campanhas de energia para o Greenpeace Indon�sia.
Mas � dif�cil mudar em um dos �ltimos redutos do combust�vel f�ssil mais poluente. Cinco pa�ses asi�ticos - China, �ndia, Jap�o, Indon�sia e Vietn� - respondem por 80% das novas usinas a carv�o planejadas em todo mundo, de acordo com um relat�rio da Carbon Tracker.
Os compromissos assumidos ainda s�o muito fracos, j� que as promessas de paralisar a constru��o e o financiamento de novas usinas n�o dizem respeito aos projetos em andamento, destacam os analistas.
Os pa�ses ricos tamb�m deveriam fornecer mais assist�ncia t�cnica e financeira para ajudar os pa�ses mais pobres a fazer uma transi��o bem-sucedida, dizem.
Esse desafio � ilustrado pela gigantesca usina el�trica a carv�o de Suralaya, na ilha indon�sia de Java, uma das maiores do sudeste da �sia e que fornece eletricidade para 14 milh�es de resid�ncias por ano.
A Indon�sia prometeu se tornar neutra em carbono em 2060 e parar de construir novas usinas movidas a carv�o a partir de 2023, mas essa usina est� sendo expandida com um or�amento de US$ 3,5 bilh�es.
- Poeira -
O carv�o � respons�vel por uma grande parte das emiss�es de carbono do mundo, tornando-se uma grande amea�a � meta de limitar o aumento da temperatura a at� pelo menos em torno de +1,5�C, conforme meta estabelecida nos Acordos de Paris sobre o Clima de 2015.
Al�m de sua contribui��o para a mudan�a clim�tica, este combust�vel f�ssil tamb�m tem um forte impacto na vida dos moradores.
Em um vilarejo de casas de telhados vermelhos � sombra da esta��o de energia Suralaya, a poeira de carv�o frequentemente se acumula nas casas, e a popula��o local reclama de problemas de sa�de.
"Entre os problemas relatados na �rea, tosse e dificuldade para respirar", disse Misnan Arullah, de uma associa��o em Suralaya, que faz campanha em nome de quem sofre com a polui��o.
"As pessoas reclamam de irrita��o nos olhos quando trabalham no campo", relatou a moradora Edi Suriana, indicando que sua cunhada, vendedora em uma praia pr�xima � �rea onde a usina emite cinzas, morreu em 2010, ap�s desenvolver uma doen�a pulmonar.
"Ela ficava exposta � poeira de carv�o quando trabalhava em sua barraca", disse � AFP. "Sua loja ficava de 20 metros a 50 metros de onde as cinzas acabavam despejadas", completou.
Os m�dicos n�o conseguiram confirmar, formalmente, a causa de sua morte, mas sua fam�lia acredita que ela foi v�tima da polui��o.
- �gua t�xica -
O pescador local Suwiro acusa a usina de ter causado uma queda no n�mero e na qualidade do peixe que ele apanha.
"Conseguia pescar 100 quilos de peixes sempre que ia ao mar", lembra o homem, de 60 anos, que, como muitos indon�sios, tem apenas um nome. "Mas agora, com a �rea t�o polu�da, ficamos felizes quando pegamos 10 quilos".
A expans�o da planta de Suralaya recebe US$ 1,9 bilh�o de financiamento p�blico sul-coreano e apoio da gigante coreana da eletricidade KEPCO, de acordo com a ONG SFOC.
O projeto continua em andamento, apesar do compromisso anunciado por Seul este ano de n�o financiar mais usinas termel�tricas a carv�o no exterior.
Um porta-voz da KEPCO disse � AFP que o projeto n�o foi afetado pela proibi��o, uma vez que j� havia come�ado. A estimativa � que esteja conclu�do em 2024, com previs�o de d�cadas de funcionamento.
Esse tipo de exemplo mostra que os governos "est�o comprometidos em n�o cavar mais o buraco, mas n�o t�m um plano de como sair dele", observa Sejong Youn, da SFOC.
- Solu��es -
Maior emissora mundial, a China almeja atingir a neutralidade de emiss�o de carbono em 2060 e, no m�s passado, disse que vai parar de financiar centrais termel�tricas a carv�o no exterior.
At� agora, por�m, o pa�s deu poucos detalhes sobre esse compromisso e n�o informou se os projetos atuais ser�o afetados.
Quase 60% da economia chinesa � movida a combust�veis f�sseis e, como um sinal das dificuldades que vir�o, as autoridades acabam de pedir �s minas que aumentem sua produ��o para amenizar uma crise energ�tica.
Outra fonte importante de recursos, o Jap�o tamb�m prometeu fortalecer os controles sobre o financiamento de usinas no exterior, mas sem desistir completamente delas.
Os pa�ses em desenvolvimento reclamam que n�o recebem ajuda suficiente para reduzir as emiss�es de CO2, enquanto os pa�ses ricos n�o cumprem seu compromisso de fornecer US$ 100 bilh�es por ano.
Com a proximidade da c�pula do clima COP26, a �ndia, o segundo maior consumidor de carv�o do mundo, est� pedindo mais financiamento para desenvolver capacidades de energia renov�vel e enfrentar a mudan�a clim�tica.
At� o momento, Nova D�lhi se recusou a estabelecer um prazo para alcan�ar a neutralidade de carbono e quer continuar investindo em minas de carv�o.
Para avan�ar, os pa�ses desenvolvidos devem adotar uma abordagem construtiva com os pa�ses mais pobres, destaca Carlos Fernandez Alvarez, analista s�nior da Ag�ncia Internacional de Energia (AIE).
"N�o � apenas uma quest�o de dizer 'desligue suas usinas movidas a carv�o'. Precisamos oferecer solu��es. Precisamos de pol�ticas, financiamento, tecnologias, tudo isso", disse ele � AFP.
Apesar das dificuldades, h� sinais positivos, como as muitas institui��es financeiras na �sia que interromperam, ou desaceleraram, os investimentos em carv�o nos �ltimos anos.
A China planeja aumentar a participa��o de combust�veis n�o f�sseis no consumo de atuais 16% para 20%, em 2025.
J� a �ndia se comprometeu a quadruplicar sua capacidade de energia renov�vel at� 2030, de acordo com relat�rios da AIE.
Os ativistas pedem, no entanto, uma a��o mais r�pida.
"Desastres naturais relacionados ao clima est�o acontecendo em toda �sia agora", afirma Tata Mustasya, da ONG Greenpeace.
A mudan�a clim�tica "est� acontecendo muito rapidamente, mas os compromissos s�o muito lentos", concluiu.
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