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Estado de Minas WASHINGTON

Colin Powell, um her�i de guerra atormentado pela invas�o do Iraque


18/10/2021 14:42

Filho de imigrantes jamaicanos, her�i de guerra e o primeiro negro a ser chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Colin Powell morreu nesta segunda-feira (18), aos 84 anos, com a "mancha" de seu apoio incondicional � invas�o do Iraque.

O general reformado de quatro estrelas e ex-chefe do Estado-Maior Conjunto, que serviu a quatro presidentes, ganhou a reputa��o de ser um homem de honra distante da pol�tica. Faleceu por complica��es da covid-19.

"O general Powell � um her�i americano, um exemplo americano e uma grande hist�ria americana", disse o ex-presidente George W. Bush ao anunciar seu nome como secret�rio de Estado no ano 2000.

"Na franqueza de seu discurso, em sua enorme integridade, em seu profundo respeito por nossa democracia e em seu senso de dever e honra como soldado, Colin Powell mostra... qualidades que o transformar�o em um grande representante de todo o povo deste pa�s", afirmou o ex-presidente

Contudo, ele teve dificuldades para se desvencilhar de seu discurso de fevereiro de 2003, no Conselho de Seguran�a nas Na��es Unidas, sobre a suposta exist�ncia de armas de destrui��o em massa no Iraque. Posteriormente, comprovou-se que as provas que ele apresentou eram falsas.

"� uma mancha... e sempre ser� parte do meu hist�rico. Foi do�do. Agora ainda d�i", disse Powell em uma entrevista de 2005 � emissora ABC News.

- Do Harlem para o Vietn� -

Nascido em 5 de abril de 1937 no Harlem, a "jornada americana" de Powell, como diz o t�tulo de sua autobiografia, come�ou em Nova York, onde cresceu e estudou geologia.

Tamb�m participou do Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva na universidade. Graduado em 1958, foi nomeado segundo-tenente no Ex�rcito e destinado ao que na �poca era a Alemanha Ocidental.

Powell realizou duas miss�es no Vietn�: entre 1962 e 1963, como um dos muitos assessores militares do ent�o presidente, John F. Kennedy, e entre 1968 e 1969 para investigar o massacre de My Lai.

Foi condecorado com o Cora��o P�rpura, uma distin��o militar dada pelo presidente dos Estados Unidos, mas tamb�m foi alvo de cr�ticas por seu relat�rio sobre as centenas de mortes em My Lai, que, para alguns, parecia descartar qualquer acusa��o de delito.

"Estive em uma unidade que foi respons�vel por My Lai. Cheguei l� depois de que ocorrera em My Lai", disse Powell ao entrevistador Larry King em 2004.

"Assim que, na guerra, coisas horr�veis deste tipo ocorrem vez ou outra, mas continuam sendo deplor�veis."

- Nascido para servir -

De volta a Washington, Powell ascendeu rapidamente na carreira at� o alto escal�o da seguran�a nacional. Serviu a Ronald Reagan como assessor de seguran�a nacional, e a George H.W. Bush e Bill Clinton como chefe do Estado-Maior Conjunto de 1989 a 1993.

Sua experi�ncia no Vietn� o levou a desenvolver a chamada "Doutrina Powell", segundo a qual, se os Estados Unidos intervierem em um conflito estrangeiro, devem mobilizar uma for�a arrasadora para obter uma vit�ria r�pida.

Para muitos americanos, ele foi o rosto por tr�s da Guerra do Golfo de 1991 contra o Iraque. Sua reputa��o cresceu enormemente ap�s a guerra rel�mpago que expulsou as for�as de Saddam Hussein do Kuwait.

Durante um tempo, chegou a considerar a possibilidade de concorrer � presid�ncia. Contudo, ap�s ser reformado do Ex�rcito em 1993, Powell se dedicou a trabalhar em favor dos jovens desfavorecidos como presidente da organiza��o America's Promise.

Por um per�odo, se esquivou das perguntas sobre sua inten��o de ocupar um cargo p�blico, at� que George W. Bush lhe ofereceu o posto de secret�rio de Estado.

- A hist�ria no Departamento de Estado e a guerra no Iraque -

"Espero que sirva de inspira��o para os jovens afro-americanos", disse Powell ao aceitar a indica��o no ano 2000. "N�o h� limita��es para voc�s", afirmou aos jovens negros do pa�s.

Seus quatro anos como secret�rio de Estado (2001-2004), no entanto, ficaram marcados pela decis�o de invadir o Iraque em 2003.

De antem�o, Powell tentou fazer uma pol�tica mais prudente, buscando apoio contra os falc�es do gabinete de Bush - como Donald Rumsfeld, Paul Wolfowitz e Dick Cheney -, enquanto tamb�m tentava convencer os aliados a lhe apoiarem, mas fracassou nesses dois movimentos.

Por fim, apoiou a invas�o at� o final de seu mandato, o que lhe rendeu fortes cr�ticas desde ent�o.

"Eu sabia que n�o tinha nenhuma op��o", disse Powell ao jornal New York Times em julho de 2020. "Que op��o eu tinha? Ele [Bush] era o presidente".

- Republicano liberal -

Powell admitiu que seus pontos de vista social-liberais o transformaram em um companheiro de viagem estranho para muitos republicanos, que, vira e mexe, usavam sua imagem para exemplificar o "car�ter inclusivo" do partido.

"Continuo sendo republicano. E creio que o Partido Republicano precisa mais de mim do que o Partido Democrata", declarou ao canal MSNBC em 2014.

"� poss�vel ser republicano e continuar se preocupando com quest�es como a imigra��o e a melhoria de nosso sistema educativo, e fazer algo sobre alguns dos problemas sociais que existem em nossa sociedade e nosso pa�s".

Contudo, desde 2008, Powell apoiou os democratas Barack Obama, Hillary Clinton e Joe Biden em suas campanhas para assumir a Casa Branca.

Powell tamb�m recebeu v�rias honrarias civis, incluindo a Medalha Presidencial da Liberdade em duas ocasi�es, por parte de Bush pai e Clinton.

Se casou em 1962 com Alma, com quem teve tr�s filhos: Michael, Linda e Annemarie.


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