O principal nome de oposi��o ao governo de Vladimir Putin na R�ssia, Alexei Navalni, recebeu o Pr�mio Sakharov de Liberdade de Pensamento, concedido pelo Parlamento Europeu a defensores dos direitos humanos e da liberdade de express�o pelo mundo. O opositor est� preso desde janeiro em uma pris�o a cerca de 200 km de Moscou.
Em publica��o no
Twitter
, o presidente do Parlamento, David Sassoli, afirmou que Navalni "lutou incansavelmente contra a corrup��o do regime de Vladimir Putin", e que isso "custou a ele sua liberdade e quase [custou] sua vida".
"O pr�mio de hoje reconhece sua imensa bravura e n�s reiteramos nossos pedidos para sua liberta��o imediata", completou o eurodeputado. Al�m de Navalni, concorriam ao pr�mio a ex-presidente da Bol�via, Jeanine ��ez (2019-2020), e um grupo de 11 mulheres ativistas afeg�s que lutam pela igualdade e direitos humanos.
Concedido anualmente pelo Parlamento Europeu a partir de uma lista elaborada pelas comiss�es de Rela��es Exteriores e de Desenvolvimento da institui��o, o Pr�mio Sakharov � considerado uma das mais importantes honrarias no campo da defesa dos direitos humanos e da liberdade de express�o. Ela leva o nome de Andrei Sakharov, dissidente sovi�tico e ganhador do Nobel da Paz em 1975.
Desde 1988 o Sakharov j� premiou l�deres mundiais, como o ex-presidente da �frica do Sul, Nelson Mandela, dissidentes como o cubano Guillermo Fari�as, a ex-candidata � Presid�ncia da Bielorr�ssia, Svetlana Tikhanouskaya, e o chin�s Hu Jia, al�m de artistas como o cineasta iraniano Jafar Panahi.
No ano passado, os respons�veis pela premia��o suspenderam a homenagem concedida � ex-presidente de Mianmar, Aung San Suu Kyi, por conta do papel no massacre contra a minoria rohingia em seu pa�s - hoje presa depois de um golpe militar, em fevereiro, ela defendeu publicamente as a��es do governo e negou que um genoc�dio estivesse em curso em Mianmar.
Envenenamento e pris�o
No caso de Navalni, a escolha era dada como certa nos bastidores: depois o envenenamento do l�der opositor, em agosto do ano passado, e seu subsequente tratamento m�dico na Alemanha, o volume das cr�ticas e acusa��es contra o Kremlin se intensificou no continente europeu.
Apesar das negativas oficiais, v�rios governos afirmaram que se tratou de uma tentativa aberta de assassinato contra o mais vocal dos cr�ticos de Vladimir Putin, usando uma subst�ncia conhecida como Novichok, banida pela Organiza��o para a Proibi��o de Armas Qu�micas. Essa mesma subst�ncia teria sido usada em outros ataques supostamente ligados � R�ssia, como o atentado contra o ex-espi�o Sergei Skripal e sua filha, Yulia, em 2018, na cidade inglesa de Salisbury.
Mesmo diante da pris�o iminente, Navalni decidiu retornar � R�ssia em janeiro deste ano, sendo imediatamente detido por ter violado os termos da condicional relacionada a um caso de fraude, no qual foi condenado na d�cada passada. Depois da deten��o, foi enviado a uma pris�o na regi�o de Vladimir, a cerca de 200 km de Moscou, onde, segundo seus advogados, n�o teve acesso a tratamento m�dico e correu risco de ter suas pernas amputadas.
Depois de semanas, recebeu o tratamento adequado, mas no come�o do m�s passou a ser considerado "terrorista", e promotores de Moscou abriram um novo processo, agora o acusando de fundar e manter um grupo terrorista - em junho, um tribunal considerou que todos os grupos ligados a Navalni se enquadravam na classifica��o de "organiza��es extremistas", uma decis�o que tamb�m teve consequ�ncias para seus aliados.
Desde ent�o, a repress�o contra assessores, aliados pol�ticos e funcion�rias foi intensificada pelas autoridades russas, chegando ao seu �pice nas semanas que antecederam as elei��es legislativas de setembro. Candidatos pr�-Navalni foram impedidos de concorrer e mesmo uma plataforma usada para promover o chamado "voto inteligente", a escolha de nomes contr�rios aos candidatos pr�-Putin, foi tirada do ar.
Al�m do Sakharov, havia expectativa de que Navalni receberia o Nobel da Paz, que acabou concedido � jornalista filipina Maria Ressa e ao jornalista russo Dmitry Muratov - alguns aliados do opositor chegaram a criticar a decis�o, afirmando que ele "merecia mais" do que os homenageados. Dias depois, o pr�prio Navalni usou seu Instagram para parabenizar os vencedores, e tentar colocar panos quentes sobre a pol�mica. (COM AG�NCIAS INTERNACIONAIS)
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