"Questionar a heterossexualidade n�o significa abandonar o casal", afirma a jornalista Lucile Quillet, autora do ensaio "Le prix � payer, ce que le couple h�t�ro co�te aux femmes" ("O pre�o a pagar, quanto custa o casal heterossexual �s mulheres"), � AFP.
Para Quillet, a estrutura do casal empobrece as mulheres, pois continuam a receber menos do que os homens, assumem redu��o do sal�rio quando t�m filhos, cuidam de grande parte das tarefas dom�sticas em torno da casa e continuam a contribuir no mesmo n�vel que seu c�njuge nas despesas.
"O que quero mostrar � que apesar dos discursos sobre igualdade, as contas n�o batem. Sempre se pede mais das mulheres, principalmente no �mbito �ntimo, sem que isso seja conhecido. Queria prestar contas", explica.
- "Equil�brio de for�as" -
Mas n�o se trata de abandonar esse modelo: "Para as mulheres se sentirem plenamente realizadas sendo solteiras � muito bom. Mas propor a outras que se tornem l�sbicas quando forem heterossexuais � imposs�vel", acrescenta.
Nos �ltimos anos, ativistas feministas proclamaram sua saciedade em rela��o ao casal heterossexual, que, segundo elas, prejudica as mulheres.
Virginie Despentes, um dos �cones do feminismo franc�s, explicou em 2017 ao jornal Le Monde que se sentiu "aliviada" quando, aos 35 anos, deixou a heterossexualidade. Desde ent�o, os textos sobre o tema se multiplicaram.
"Vivemos em uma sociedade em que o casal heterossexual � majorit�rio. Portanto, vamos ser realistas e nos questionar mais sobre a quest�o do equil�brio de for�as do casal", observa a escritora francesa Maud Ventura.
Em "Mon mari", a jovem autora exp�e a depend�ncia emocional de uma mulher casada e independente, mas cuja vida gira inteiramente em torno do marido.
"� preciso escrever romances que contem um amor conjugal emancipat�rio e tranquilo, e se livrar dos clich�s sobre o pr�ncipe encantado e o mito da paix�o de uma vez por todas. Amor n�o significa inquieta��o", afirma.
Tese tamb�m defendida pela jornalista Mona Chollet no ensaio "Reinventando o amor: Como o patriarcado sabota as rela��es heterossexuais", no qual exorta mulheres e homens a mudarem seu "programa de amor" para realizar uma "revolu��o rom�ntica" e para que as mulheres se sintam melhor no casal.
Uma revolu��o que n�o pode ser feita sem os homens, segundo a fil�sofa Manon Garcia, que defende o di�logo no casal.
"Os homens t�m que iniciar essa conversa com as mulheres e acima de tudo ouvi-las. S� assim ser� poss�vel sair das normas que pesam sobre um casal e homens e mulheres poder�o se sentir realizados", diz � AFP .
O que est� faltando, ela argumenta, � uma "educa��o para uma cultura er�tica igualit�ria".
PARIS