Em sua resid�ncia, Hamdok conversou por telefone com o chefe diplom�tico dos Estados Unidos, Antony Blinken, o qual pediu aos militares que "libertem todos os l�deres civis e garantam a seguran�a dos mesmos", informou o Departamento de Estado americano.
O Ex�rcito, liderado pelo general Abdel al-Burhan, declarou dissolvidos ontem os �rg�os do governo de transi��o que deveriam conduzir o pa�s a elei��es livres em 2023. Os militares prenderam ontem Hamdok e sua mulher,que foram levados de volta para casa na noite desta ter�a-feira (26) e colocados sob "estreita vigil�ncia", informou o gabinete do premier, lembrando que "v�rios ministros e dirigentes pol�ticos continuam detidos em locais desconhecidos".
- G�s lacrimog�neo -
Pelo segundo dia consecutivo, milhares de sudaneses protestaram contra o ex�rcito em Cartum, bloqueando ruas do centro com pedras, galhos e pneus em chamas. As for�as de seguran�a foram deslocados com blindados em pontes e grandes rodovias.
� noite, as for�as de seguran�a dispararam bombas de g�s lacrimog�neo contra pessoas que bloqueavam uma rodovia, segundo testemunhas. Mas os manifestantes continuaram com o protesto.
Na segunda-feira, ao menos quatro manifestantes morreram atingidos por tiros "disparados pelas for�as armadas" e mais 80 ficaram feridos, informou um sindicato de m�dicos pr�-democracia.
Os manifestantes querem "salvar" a "revolu��o" que dep�s o ditador Omar al-Bashir em 2019, ap�s uma repress�o que matou 200 pessoas. "N�o sairemos das ruas at� que o governo civil seja reinstalado", declarou � AFP Hocham al-Amin, um engenheiro de 32 anos.
A Associa��o de Profissionais Sudaneses, que participou dos protestos contra Bashir, afirmou que a viol�ncia contra os manifestantes ganha for�a: "As for�as golpistas alienadas atacam protestos em diferentes partes do pa�s."
- 'Atacar o Ex�rcito' -
Em coletiva de imprensa, o general Burhan, novo homem forte do Sud�o, defendeu nesta ter�a o golpe um dia depois de ter destitu�do as autoridades de transi��o (o Conselho soberano) e detido ministros e autoridades civis. Ele afirmou ter destitu�do as autoridades porque "alguns atacavam o ex�rcito contra este componente essencial da transi��o".
O futuro pol�tico deste pa�s pobre do leste da �frica � uma inc�gnita. Por enquanto, todos os voos com origem e destino no aeroporto de Cartum foram suspensos "at� 30 de outubro", informou � AFP Ibrahim Adlan, diretor de avia��o.
Para a troika de pa�ses (Estados Unidos, Gr�-Bretanha e Noruega), que mediou conflitos sudaneses previamente, "as a��es dos militares tra�ram a revolu��o e a transi��o".
Para aumentar a press�o sobre os golpistas, os Estados Unidos anunciaram a suspens�o de uma ajuda de 700 milh�es de d�lares, destinada � transi��o, que devia levar este pa�s a suas primeiras elei��es livres.
A Uni�o Europeia tamb�m amea�ou suspender o apoio financeiro "se a situa��o n�o se inverter imediatamente".
- Processo fr�gil -
Apenas Moscou evitou as cr�ticas e atribuiu o golpe a "uma pol�tica equivocada" e � "inger�ncia estrangeira" neste pa�s, onde russos, turcos, americanos e sauditas disputam a influ�ncia, atra�dos por seus portos estrat�gicos no Mar Vermelho.
O processo de transi��o no pa�s, motivo de orgulho para muitos sudaneses ante o desenlace decepcionante de outras revoltas pr�-democracia no mundo �rabe, claudicava h� tempos.
Em abril de 2019, militares e civis acordaram expulsar Bashir do poder e formar o Conselho Soberano, composto equitativamente por membros dos dois grupos para organizar as primeiras elei��es livres no fim de 2023.
O golpe exp�e a divis�o crescente entre os que pediam um governo exclusivamente civil e os que reivindicam um Executivo de generais que tirariam o Sud�o do marasmo pol�tico e econ�mico.
Segundo Jonas Horner, pesquisador do International Crisis Group, "� um momento existencial para os dois lados", em um pa�s onde j� houve uma tentativa de golpe h� um m�s. "Este tipo de interven��o [...] reintroduz a ditadura como op��o", disse. Michelle Bachelet, alta comiss�ria da ONU para os Direitos Humanos, disse que teme "um desastre".
Diante das cr�ticas, o general Burhan afirma que ser�o respeitados os acordos internacionais assinados pelo Sud�o, um dos quatro pa�ses �rabes que normalizaram recentemente suas rela��es com Israel.
CARTUM