(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas LAMONT

Calor extremo amea�a os trabalhadores e a economia dos EUA


28/10/2021 09:39

Irma G�mez trabalha h� quase uma d�cada nas planta��es do vale central da Calif�rnia e nunca viveu um ano t�o quente como o atual, ao ponto de um colega desmaiar e falecer quando recolhiam hortali�as.

"Preocupa, poderia acontecer a qualquer um de n�s", afirmou G�mez, que no dia da entrevista, em pleno outono (hemisf�rio norte), usava m�scara de prote��o contra a fuma�a dos inc�ndios florestais, uma densa neblina ocre no c�u.

O aumento da temperatura amea�a cada vez mais os trabalhadores nos Estados Unidos, colocando em perigo sua sa�de e desempenho. E o fen�meno tem grandes consequ�ncias econ�micas, de acordo com dois estudos recentes.

O pa�s j� perde quase 100 bilh�es de d�lares por ano devido � redu��o da produtividade provocada pelo calor, afirma um relat�rio do Centro de Resili�ncia da Funda��o Adrienne Arsht-Rockefeller, um centro de pesquisas com sede em Washington D.C.

Sem medidas para frear o aquecimento global, as perdas alcan�ar�o 200 bilh�es de d�lares em 2030 e US$ 500 bilh�es em 2050, projeta o estudo.

"Quando voc� fica mais lento e precisa de descansos para tomar bebidas frias e procurar a sombra, voc� produz menos", resume Kathy Baughman McLeod, diretora do Centro de Resili�ncia.

O sal�rio dos trabalhadores tamb�m sofre o impacto da mudan�a clim�tica.

"Em muitos setores como a agricultura, os funcion�rios recebem por hora ou pe�a", explica Kristina Dahl, coautora de um estudo da 'Union of Concerned Scientists', uma ONG especializada em temas como aquecimento global. "Caso os trabalhadores tirem descansos e n�o sejam compensados por isto, a situa��o tem implica��es para seu bem-estar econ�mico".

G�mez, de 37 anos, sente na pele: "Este ano tivemos menos trabalho pelo calor".

Sem conseguir cumprir jornadas de oito horas durante o ver�o, G�mez recebeu 1.700 d�lares por m�s, 700 a menos que no mesmo per�odo em 2020.

- "Milhares de les�es" -

Com um ver�o que registrou recordes de calor em algumas regi�es do pa�s, as pausas nas jornadas se tornaram mais frequentes.

E a situa��o vai piorar, alerta a Union of Concerned Scientists.

Tr�s milh�es de pessoas enfrentam a cada ano nos Estados Unidos ao menos uma semana de trabalho com temperaturas superiores a 37,7 �C, quando o calor representa um perigo.

Caso os atuais padr�es clim�ticos persistam, at� meados dos s�culo 18,4 milh�es de pessoas trabalhar�o mais de uma semana nestas condi��es extremas, o que implica mais descansos para proteger a sa�de.

"Todo mundo, independente do trabalho, vai sentir os efeitos da queda de produtividade", afirma Dahl. Estas pessoas "plantam e fazem a colheita de nossa comida, entregam nossos pacotes, administram nossos edif�cios, rodovias e pontes".

Trabalhar com muito calor prejudica os movimentos. Provoca cansa�o, confus�o, desmaios e, nos casos mais graves, um aumento da temperatura corporal pode ser fatal.

"Acreditamos que, apenas na Calif�rnia, as temperaturas elevadas podem estar provocando milhares de les�es trabalhistas por ano", alerta o economista Jisung Park, professor da Universidade da Calif�rnia, em Los Angeles.

- Proteger o trabalhador -

Os dois estudos concordam que a prioridade � reduzir rapidamente as emiss�es de gases do efeito estufa para limitar o aumento das temperaturas.

Mas, antes de alcan�ar esta meta, ambos defendem o cuidado com os trabalhadores. "Isto se resume a dar a eles tr�s coisas: �gua, sombra e descanso", afirmou Dahl.

"O calor mata mais americanos que qualquer outro fen�meno clim�tico", recorda Baughman McLeod.

As especialistas consideram necess�ria uma lei federal que contemple, al�m de medidas de prote��o, que os repousos sejam remunerados.

"O objetivo � que os trabalhadores n�o tenham que escolher entre a sa�de e o sal�rio", explica Dahl.

Em setembro, a Casa Branca anunciou que estudaria uma legisla��o para proteger os trabalhadores, mas o processo leva tempo.

Calif�rnia, Minnesota e Washington s�o os �nicos estados do pa�s com normas a respeito. Em dias de muito calor, as empresas s�o obrigadas a oferecer �gua e sombra aos trabalhadores. E em caso de temperaturas extremas interromper totalmente o trabalho.

No campo, uma alternativa para evitar o problema � que os trabalhadores fa�am a colheita durante a noite ou madrugada. Mas isto representa outros desafios.

G�mez, por exemplo, perde jornadas de trabalho quando n�o consegue encontrar algu�m para cuidar da filha menor de idade durante a madrugada.

Agora est� aliviada por ter deixado para tr�s as temperaturas de ver�o, mas teme pelo futuro: "�s preocupante, n�o sabemos como ser� no pr�ximo ano".


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)