
Para efeito de compara��o, esse novo universo digital seria para a realidade virtual o que os smartphones modernos representaram para os celulares "tijol�es" dos anos 1980. Isso porque, em vez de se restringir ao computador, o metaverso permitiria que o usu�rio entrasse em um universo virtual mais amplo, conectado com todo tipo de ambiente digital.
A Meta funcionar� como controladora de todos os produtos j� conhecidos, que preservar�o seus nomes.
Esse � mais um cap�tulo importante da ascens�o mundial de Mark Zuckerberg e do Facebook desde sua cria��o em 2004 como uma rede para estudantes da Universidade Harvard. Toda essa trajet�ria da companhia e de seu dono vem sendo permeada de pol�micas, esc�ndalos e questionamentos �ticos.
Veja abaixo 6 momentos de controv�rsias at� a chegada da nova e importante fase da empresa:
Pol�mica sobre dados j� no in�cio de Facebook
Em novembro de 2007, com a opera��o comercial do Facebook ainda em seus primeiros passos, Zuckerberg lan�ou a ferramenta Beacon, que conectava a plataforma com outras empresas. Quando o usu�rio fazia uma compra numa dessas empresas, essa informa��o era publicada, via Beacon, em seu feed - numa combina��o de compartilhamento de atividade pessoal com publicidade.
Com um detalhe: os usu�rios n�o haviam autorizado tal publica��o, cujo cancelamento exigia uma complicada a��o de "opt-out" para que o usu�rio desligasse o Beacon de seu perfil.
Em poucas semanas, o servi�o tornou-se motivo de um processo contra a empresa, e o Facebook criou as op��es de desligamento al�m de tornar o servi�o "opt-in" - ou seja, o Beacon s� seria ativado se o usu�rio o solicitasse.
Em 2008, ao participar de uma confer�ncia de tecnologia, Zuckerberg disse:
"Voc� n�o perguntou, mas eu vou te dizer: o Beacon foi um grande erro para n�s, de v�rias maneiras".
Em setembro de 2009, menos de dois anos depois de sua cria��o, a ferramenta foi encerrada, como parte do acordo feito na Justi�a.

Fake news em elei��es
O Facebook, assim como aconteceria com outras plataformas digitais, passou a ser uma ferramenta na propaga��o das chamadas "fake news" - informa��es mentirosas divulgadas de forma deliberada para criar falsas narrativas e distorcer a realidade. Mas o tamanho da rede social amplificou a escala do problema.
Diversos estudos mostraram que as m�dias sociais estimulam mais as pessoas a consumirem fake news e indicaram que o Facebook tem um papel preponderante no fen�meno, que ganhou amplo destaque durante a elei��o nos Estados Unidos que culminou na vit�ria de Donald Trump em 2016.
A principal conspira��o a circular na �poca foi o chamado Pizzagate , acusa��o falsa de que a candidata democrata e rival de Trump, Hillary Clinton, comandaria uma rede de pedofilia cuja sede ficaria numa pizzaria em Washington.
Tudo come�ou com um boato de que escravos sexuais eram mantidos numa pizzaria mencionada numa troca de e-mails de funcion�rios da democrata - e terminou dias antes do discurso dela, quando um homem entrou no estabelecimento com um rifle. Ningu�m se feriu, e o homem foi preso.
Depois da elei��o americana, o fen�meno das fake news come�ou a ter ampla an�lise. E s� dois anos depois a forma como conspira��es eram distribu�das no Facebook foi compreendida a partir do esc�ndalo da Cambridge Analytica (ver abaixo).
A quest�o se espalhou para outros pa�ses, inclusive o Brasil. Uma reportagem da BBC News Brasil, de outubro de 2018, mostrou como eleitores brasileiros eram colocados em grupos de WhatsApp (que � de propriedade do Facebook) sem seu consentimento depois que seus telefones eram coletados de alguma maneira - de listas comerciais ou de dentro do Facebook.
O Facebook e o WhatsApp prometeram, em v�rias oportunidades, eliminar as brechas de seus sistemas que permitiam a invas�o de privacidade indevida e o abuso por grupos pol�ticos. Medidas espec�ficas foram tomadas nos Estados Unidos, em Mianmar e no Brasil, enquanto mudan�as nas plataformas - como um limite menor de pessoas para quem uma mensagem poderia ser repassada no WhatsApp - foram implementadas.
Cambridge Analytica

O Facebook sofreu um forte abalo em 2018 com a revela��o de que as informa��es de mais de 50 milh�es de pessoas foram utilizadas sem o consentimento delas pela empresa americana Cambridge Analytica para fazer propaganda pol�tica.
A companhia teria tido acesso ao volume de dados ao lan�ar um aplicativo de teste psicol�gico na rede social. Aqueles usu�rios do Facebook que participaram do teste acabaram por entregar � Cambridge Analytica n�o apenas suas informa��es, mas os dados referentes aos amigos do perfil. O aplicativo tamb�m coletou as informa��es dos amigos da rede social das pessoas que fizeram o teste. Ou seja, se uma pessoa respondesse o quiz, estaria entregando informa��es privadas n�o apenas do seu perfil, mas de todos os seus amigos.
O teste avaliava cinco tra�os de personalidade:
- Abertura a experi�ncias: Voc� est� aberto a novas aventuras?
- Responsabilidade: O qu�o cuidadoso voc� �?
- Extrovers�o: Gosta de uma festa?
- Agradabilidade: Quanta compaix�o voc� sente pelos outros?
- Irritabilidade: Voc� se preocupa ou se chateia com frequ�ncia?
Juntos, esses tra�os dividiam as pessoas em diferentes tipos. Curtidas, fotos, compartilhamentos e mensagens deram ao Facebook e � consultoria no��es dos perfis de usu�rios.
Essas informa��es foram usadas para criar um sistema que permitiu predizer e influenciar as escolhas de eleitores da elei��o norte-americana que resultou na vit�ria de Donald Trump e na vota��o do Brexit (a sa�da do Reino Unido da Uni�o Europeia).
A den�ncia, feita pelos jornais The New York Times e The Guardian, levantou d�vidas sobre a transpar�ncia e o compromisso da empresa com a prote��o de dados dos usu�rios.
O papel do Facebook em atos que resultaram em um genoc�dio
Investigadores de direitos humanos da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) conclu�ram que o discurso de �dio no Facebook desempenhou um papel fundamental no fomento da viol�ncia em Mianmar contra a minoria mu�ulmana Rohingya. A empresa admitiu que n�o conseguiu evitar que sua plataforma fosse usada para "incitar a viol�ncia". Houve tamb�m a circula��o de fake news envolvendo os Rohingya.
"O Facebook foi c�mplice de um genoc�dio. J� havia sinais e fortes apelos para que o Facebook lidasse com o incitamento � viol�ncia na plataforma, mas sua ina��o realmente contribuiu para fomentar a viol�ncia em Mianmar", disse Rin Fujimatsu, do grupo de pesquisa e defesa Progressive Voice.

Mais de 1 milh�o de pessoas da minoria fugiram da viol�ncia em Mianmar, com dezenas de milhares de mortos e desaparecidos.
Desde ent�o, a plataforma tomou algumas medidas para remover ativamente o discurso de �dio e banir oficiais militares.
Multa recorde
Em 2019, a Comiss�o Federal de Com�rcio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em ingl�s) aplicou uma multa recorde US$ 5 bilh�es para encerrar uma grande investiga��o sobre falhas em s�rie do Facebook na prote��o da privacidade dos usu�rios.
A multa foi a maior para uma empresa por viola��o da privacidade dos consumidores e uma das maiores penalidades j� decididas pelo governo dos Estados Unidos por qualquer viola��o. O valor, no entanto, � equivalente a apenas um ter�o do que a empresa ganhou nos primeiros tr�s meses deste ano.
A FTC e procuradores de 45 Estados americanos tamb�m abriram em dezembro de 2020 uma a��o judicial contra o Facebook, ainda em curso, que pede o desmembramento da companhia, entre outras medidas.
Para os autores da a��o, o Facebook cresceu no mercado com uma estrat�gia de "comprar ou matar" os rivais, prejudicando competidores e usu�rios — que, no caminho, teriam perdido controle de seus dados em prol da receita da empresa com publicidade. Ao longo do caminho, a empresa adquiriu o Instagram e o WhatsApp.
A empresa defendeu em uma nota que a a��o judicial "ignora a realidade da din�mica e intensamente competitiva ind�stria da alta tecnologia na qual o Facebook opera".
Documentos vazados e apag�o
No �ltimo dia 5 de outubro, a ex-funcion�ria do Facebook Frances Haugen compareceu ao Senado americano para depor sobre suas den�ncias contra a empresa, que inclu�ram documentos internos vazados e publicados pela imprensa.

Horas antes, Mark Zuckerberg teve que se pronunciar em uma outra frente de batalha para a companhia na mesma semana: em uma postagem, ele pediu desculpas por Facebook, Instagram e WhatsApp terem ficado fora do ar por cerca de seis horas no dia anterior (4/10) em boa parte do mundo.
A empresa esclareceu que houve um problema na conex�o entre seus centros de dados e a internet, e disse estar trabalhando para que sua infraestrutura se torne "mais resiliente". Potencialmente bilh�es de pessoas se viram sem as ferramentas de rede social das quais dependem para manter contato com amigos, familiares e clientes.
J� as den�ncias de Haugen diziam que a companhia prioriza o "crescimento em detrimento da seguran�a" — seja na prote��o aos princ�pios democr�ticos ou no cuidado com a sa�de mental de adolescentes.
Ela tamb�m criticou Zuckerberg por ter um amplo poder, em um cen�rio onde "ningu�m cobra responsabilidades de Mark al�m dele pr�prio"; e pediu maior regulamenta��o das redes pelo Congresso.
"Precisamos agir agora", pediu a ex-funcion�ria.
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