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Estado de Minas INTERNACIONAL

Clube dos negacionistas paga pre�o por rejeitar ci�ncia na pandemia


31/10/2021 17:01

No in�cio da pandemia, eles formavam a "Alian�a do Avestruz", clube informal de l�deres que optaram por enfiar a cabe�a no ch�o e fingir que o coronav�rus era uma gripe passageira. Hoje, com a vacina��o e a redu��o das contamina��es, a estrat�gia parece ter sido um tiro n'�gua. Donald Trump saiu das urnas derrotado nos EUA. Jair Bolsonaro foi acusado de charlatanismo e crimes contra a humanidade no Brasil. E o presidente da Tanz�nia, John Magufuli, morreu de covid.

O grupo re�ne ainda outros populistas - de esquerda e de direita -, como Andr�s Manuel L�pez Obrador, do M�xico, o brit�nico Boris Johnson, Daniel Ortega, na Nicar�gua, e os ditadores Alexander Luka-shenko, de Belarus, e Gurbanguli Berdymukhamedov, do Turcomenist�o. At� agora, Bolsonaro � o �nico acusado formalmente de crimes durante a pandemia.

A rea��o � variada, segundo analistas, porque depende da rea��o ao negacionismo em cada sociedade. "H� fatores que fazem com que a taxa de aprova��o de um governo reaja de forma mais ou menos sens�vel � posi��o negacionista de um governante, como a presen�a de uma oposi��o coesa, uma sociedade civil vibrante e institui��es funcionais capazes de articular propostas alternativas e de incentivar a corre��o de curso, quando necess�rio", disse Oliver Stuenkel, professor de rela��es internacionais da Funda��o Get�lio Vargas de S�o Paulo (FGV-SP).

Essa tend�ncia � observada quando comparados os casos de l�deres negacionistas em pa�ses democr�ticos e autocracias. Bolsonaro passou pelo escrut�nio de uma CPI e a condu��o da pandemia foi um fator determinante para a derrota de Trump, em 2020. Mas em regimes autorit�rios, que mant�m uma fachada democr�tica, a contesta��o � quase nula.

Paralelos.

"� imposs�vel listar todos os absurdos ditos por esses demagogos populistas e tiranos. Todos os l�deres mundiais cometeram erros, mas h� algo realmente nefasto nas manipula��es desses l�deres mais infames", escreveu Frida Ghitis, colunista do Washington Post, ao tentar apontar quem foi o pior desempenho.

No Turcomenist�o, Berdymukhamedov, que durante a pandemia recomendou a inala��o de uma erva contra a covid e proibiu o registro de casos e men��es � doen�a no pa�s, foi reeleito para mais um mandato com 98% dos votos, mesmo ap�s 15 anos no poder. Na Nicar�gua, Ortega est� pr�ximo de conquistar seu quinto mandato como presidente, ap�s prender sete pr�-candidatos.

A tend�ncia ao negacionismo cient�fico se manifestou ao longo da pandemia, principalmente, em pa�ses autorit�rios ou liderados por governantes com alguma tend�ncia populista. Alguns paralelos entre populistas e autocratas explicam essa rela��o, de acordo com Stuenkel. "Uma quest�o que une essas lideran�as � a tentativa de concentrar o poder no Executivo, de estabelecer estruturas decis�rias com alto poder no gabinete, e todos possuem algum grau de messianismo, uma narrativa de que s� eles s�o capazes de lidar com os desafios."

Por serem personalistas e centralizadores, projetos com caracter�sticas autorit�rias e populistas afastam a possibilidade da revis�o das a��es adotadas pelo governo, pois funcionariam como uma admiss�o de culpa dos governos. No entanto, nem todo populista ou autocrata teve uma abordagem negacionista.

Vietn� e China controlaram a pandemia com relativo sucesso, apesar de sistemas pol�ticos fechados, enquanto Reino Unido e EUA, apoiados em mecanismos de freios e contrapesos bem estabelecidos, impediram que atitudes negacionistas se espalhassem e est�o entre os pioneiros na vacina��o. Boris Johnson, por exemplo, abandonou o clube ap�s passar alguns dias com covid na UTI.

Mudan�a.

No come�o da pandemia, o l�der brit�nico afirmou que a Inglaterra apostaria em uma estrat�gia de imunidade de rebanho. Ap�s contesta��es de autoridades m�dicas e de proje��es estat�sticas que apontaram a trag�dia que ocorreria sem medidas restritivas, Johnson voltou atr�s e se tornou um dos primeiros l�deres a colocar nas ruas uma campanha de vacina��o em massa, em dezembro de 2020.

"No caso de Johnson, houve uma mudan�a, um processo de aprendizagem. Essa � outra marca registrada de democracias com institui��es resilientes, que pressionam os l�deres quando eles cometem erros, e h� um incentivo para que haja uma corre��o de curso", afirma Stuenkel.

Na Tanz�nia, o negacionismo do presidente Magufuli foi levado �s �ltimas consequ�ncias. "O coronav�rus, que � o dem�nio, n�o pode sobreviver em um corpo de Cristo. Vai queimar instantaneamente", disse ele, no in�cio da pandemia.

Entre maio de 2020 e julho de 2021, o pa�s n�o registrou nenhum caso ou morte por covid, mas o n�mero de doen�as pulmonares disparou. Magufuli se op�s ao distanciamento social e rejeitou as vacinas - que, segundo ele, eram uma "conspira��o ocidental para saquear a �frica".

Em vez da imuniza��o, Magufuli prescreveu uma combina��o de inala��o de vapor e ora��o contra o v�rus. No come�o deste ano, ele adoeceu.

Ap�s sua �ltima apari��o p�blica, em 27 de fevereiro, opositores e jornalistas especularam que ele estaria se tratando da covid-19 no exterior. Magufuli morreu em 17 de mar�o.

Oficialmente, a causa da morte n�o foi revelada. O governo disse apenas que ele sofria de "problemas card�acos". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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