Elei��es municipais de alto risco para o hist�rico partido de Mandela na �frica do Sul

Os sul-africanos comparecem �s urnas nesta segunda-feira (1) para elei��es municipais que representam um alto risco para o Congresso Nacional Africano (ANC), o partido fundado por Nelson Mandela e que est� no poder desde o fim do apartheid, que pode ficar pela primeira vez abaixo de 50% dos votos.

A popula��o com idade para votar no pa�s chega a 40 milh�es, mas apenas 26,2 milh�es de sul-africanos est�o registrados na justi�a eleitoral.

H� v�rios anos o ANC, que governa a �frica do Sul desde o fim do apartheid em 1994, est� em decl�nio.

V�rios l�deres, sobretudo o ex-presidente Jacob Zuma, s�o acusados de saquear o pa�s e enfrentam processos na justi�a, enquanto o desemprego registra um n�vel recorde, superior a 30%, em uma economia que estava em recess�o antes mesmo da crise de covid-19.

"Os l�deres do ANC n�o cumpriram os compromissos, eles fazem muitas promessas vazias", declarou Samuel Mahlaule, de 55 anos, em uma fila de apenas 20 pessoas em local de vota��o em Soweto.

Este motorista de Uber, que tem quatro filhos, disse que vota em todas as elei��es desde 1994, mas que agora quer "mudan�a".

Em julho, o pa�s registrou uma onda de dist�rbios e saques que deixaram mais de 350 mortos, inicialmente provocados pela deten��o de Zuma, mas que tamb�m foram um sinal do clima social e econ�mico tenso.

O ex�rcito foi mobilizado nos centros urbanos para as elei��es e quase 10.000 soldados refor�am a seguran�a nas prov�ncias de Gauteng, onde ficam Johannesburgo e Pret�ria, e de KwaZulu-Natal (leste), onde come�aram os dist�rbios de julho e onde foram mais violentos.

Anos de m� gest�o e corrup��o generalizada deixaram muitos servi�os p�blicos abandonados na �frica do Sul, onde os cortes de energia e de abastecimento de �gua s�o cada vez mais frequentes, a ponto de afetar a campanha eleitoral.

As pesquisas apontam que pela primeira vez a maioria dos eleitores pode se afastar do ANC.

"� poss�vel que estejamos em um ponto de inflex�o para o ANC e em um ponto de inflex�o para a �frica do Sul", disse o presidente do grupo de an�lise Democracy Works, William Gumede.

Ao longo da campanha, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, tamb�m presidente do ANC, insistiu na ideia de "limpar o partido" e transformou a luta contra a corrup��o em sua prioridade.

Nas elei��es municipais de 2016, o ANC registrou seu pior resultado (54%) e perdeu cidades importantes como Pret�ria e Johannesburgo.

A oposi��o segue dividida. A Alian�a Democr�tica (DA), ainda considerado um partido de brancos, e a esquerda radical dos Lutadores pela Liberdade Econ�mica (Economic Freedom Fighters, EFF), que estabeleceram coaliz�es em alguns munic�pios h� cinco anos, disputam as elei��es por conta pr�pria desta vez.

Os eleitores tamb�m poder�o escolher entre um n�mero sem precedentes de candidatos independentes, 1.700 de 60.000, que poder�o interferir no resultado. A elei��o � um teste para o ANC antes das elei��es gerais de 2024.