
Pelo menos 68 detentos morreram em um novo banho de sangue na penitenci�ria de Guayaquil, sudoeste do Equador, tomada por gangues do narcotr�fico que j� haviam protagonizado um dos maiores massacres carcer�rios da hist�ria da Am�rica Latina, com mais de 100 mortos, em setembro. Por v�rias horas, os detentos entraram em conflito, usando armas e explosivos, apesar do estado de emerg�ncia que foi decretado sobre o sistema carcer�rio do pa�s.
Os novos embates come�aram na noite de sexta-feira (12/11), quando um dos grupos invadiu um pavilh�o para assassinar com "selvageria" os integrantes da gangue rival, descreveu Pablo Arosemena, governador da prov�ncia de Guayas, que tem Guayaquil como capital.
Nesse s�bado (13/11), a comandante da pol�cia equatoriana, general Tannya Varela, informou em coletiva de imprensa sobre o tr�gico desenlace das disputas que afundaram o pa�s em um caos carcer�rio sem precedentes.
Em um primeiro momento, informou-se que "58 privados de liberdade perderam suas vidas". No entanto, o Minist�rio P�blico elevou posteriormente, atrav�s de um tweet, o n�mero de v�timas mortais para 68. Tamb�m informou que havia 25 feridos.
Em uma transmiss�o ao vivo no Facebook, um preso clamou por ajuda. "H� muitos feridos e mortos na parte de baixo, n�o sabemos quantos", afirmou o detento, antes de alertar que os agressores estavam atravessando os muros por "buracos" abertos com explosivos.
Na manh� deste s�bado, policiais foram flagrados por um fot�grafo da AFP retirando um corpo de cima dos muros do pres�dio. Em uma das imagens feitas pelo profissional, � poss�vel ver o cad�ver de um homem com um uniforme laranja na parte alta da penitenci�ria.
"S�o seres humanos"
A rebeli�o tomou o controle da penitenci�ria de Guayas 1, em Guayaquil, onde 119 detentos morreram em outro massacre em setembro, alguns deles decapitados e queimados.Desde ent�o, a viol�ncia n�o cessou. Ap�s a rebeli�o de setembro, outros presos foram assassinados e, com o massacre desta sexta, j� s�o mais de 300 mortos nas penitenci�rias do Equador este ano.
Apenas em fevereiro, 79 presidi�rios morreram em dist�rbios simult�neos em quatro centros de deten��o.
A interven��o da pol�cia "permitiu salvar vidas", declarou Arosemena. Contudo, o governo n�o soube explicar por que os enfrentamentos se prolongaram por horas, sem que as for�as de seguran�a pudessem recuperar o controle.
Desde muito cedo, dezenas de familiares se reuniram do lado de fora da pris�o, alguns com cartazes que diziam: "S�o seres humanos, ajudem-nos", em meio a um dispositivo policial e militar apoiado por um ve�culo blindado.
Berta Yago, de 51 anos e tia de um detento, que ela identificou como Roberto Cevallos, clamava pela liberta��o de seu sobrinho: Que "algu�m me ajude para poder tir�-lo de l� antes que ele saia morto", pedia a mulher.
Al�m disso, Yago contou � AFP que seu parente j� havia recebido "um golpe de fac�o na perna" em outra rebeli�o.
Terror e superlota��o
A penitenci�ria de Guayas 1 � uma das mais importantes do pa�s, com 8.500 presos e uma superlota��o de 60%, segundo dados oficiais.Imagens divulgadas nas redes sociais, cuja autenticidade n�o foi confirmada pelas autoridades, mostram alguns internos ateando fogo em corpos ensanguentados.
"O que aconteceu ontem, de maneira mais violenta que o normal, come�ou por volta das 19h00 [21h00 no hor�rio de Bras�lia], quando, ap�s um alerta, a Pol�cia Nacional deu in�cio aos protocolos para poder conter a viol�ncia no interior do centro penitenci�rio", assinalou a general Varela.
Grupos de criminosos rivais, vinculados ao narcotr�fico, travam uma batalha violenta na penitenci�ria de Guayas 1. As autoridades j� identificaram pelo menos sete grupos, entre os quais est�o Los Lobos, Los Tiguerones, e Los Latin King.
O massacre de setembro levou o governo equatoriano a declarar estado de exce��o para o sistema penitenci�rio por 60 dias (at� o fim de novembro): soldados apoiam a pol�cia na seguran�a das 65 pris�es do pa�s.
Os pres�dios equatorianos t�m capacidade para 30.000 pessoas, mas est�o ocupados por 39.000, 30% acima de sua capacidade.