Essa � a pior trag�dia desde 2018, quando as travessias migrat�rias do Canal da Mancha dispararam como consequ�ncia dos controles refor�ados no porto franc�s de Calais (norte) e do t�nel subaqu�tico, que at� ent�o eram majoritariamente utilizados pelos mirantes para chegar � Inglaterra.
Nesta quinta-feira, a Fran�a convidou "os ministros encarregados da imigra��o belga, alem�, holandesa e brit�nica, assim como a Comiss�o Europeia, para uma reuni�o" no domingo em Calais para "refor�ar a coopera��o policial, judicial e humanit�ria e lutar melhor" contra as m�fias que traficam migrantes.
Pouco antes, durante uma viagem � Cro�cia, o presidente franc�s Emmanuel Macron pediu "uma coopera��o europeia maior neste �mbito".
Por sua vez, a ministra brit�nica do Interior, Priti Patel, tamb�m pediu hoje "um esfor�o internacional coordenado" para enfrentar os grupos criminosos que organizam travessias ilegais no Canal da Mancha.
O primeiro-ministro brit�nico, Boris Johnson, pediu ao presidente franc�s, Emmanuel Macron, que aceite de volta os migrantes que chegam da Fran�a � Inglaterra.
"Proponho que implementemos um acordo bilateral de readmiss�o para possibilitar o retorno de todos os migrantes ilegais que cruzam a Mancha", disse o brit�nico em mensagem divulgada no Twitter.
Anteriormente, em uma conversa telef�nica na quarta-feira � noite, Johnson e Macron concordaram em "intensificar os esfor�os e manter toda as op��es sobre a mesa" para enfrentar os grupos de traficantes que organizam travessias ilegais, informou um porta-voz de Downing Street.
Uma vontade comum que gera ceticismo para alguns observadores, j� que as rela��es entre Paris e Londres est�o bastante tensas.
Um exemplo das tens�es foi o comunicado divulgado pelo Pal�cio do Eliseu, que afirma que Macron espera que o Reino Unido "coopere plenamente e se abstenha de instrumentalizar uma situa��o t�o dram�tica com fins pol�ticos".
Ap�s uma reuni�o de crise na quarta-feira, Johnson acusou as autoridades francesas de n�o fazer o suficiente para impedir as travessias, apesar de terem recebido mais de 60 milh�es de euros (67 milh�es de d�lares) de contribui��o brit�nica para refor�ar a vigil�ncia de suas costas.
Enquanto isso, os migrantes seguem tentando chegar ao Reino Unido a partir da Fran�a. "� desmoralizante, tenho medo, mas vou continuar", confessou � AFP, no porto de Calais, Emmanuel D'Mulbah, que � da Lib�ria. "� o meu sonho", acrescentou.
- Os fatos da trag�dia -
O acidente ocorreu a bordo de um "long boat", uma fr�gil embarca��o infl�vel, que vem sendo cada vez mais utilizada pelos traficantes desde o �ltimo ver�o. O barco havia sa�do de Dunquerque (norte), segundo fonte pr�xima ao caso.
As v�timas incluem 17 homens, sete mulheres e tr�s jovens, segundo a promotoria de Lille (norte). Uma fonte policial informou que entre as v�timas fatais tamb�m havia um adolescente e tr�s crian�as.
Os dois sobreviventes, um iraquiano e um somali, estavam em uma situa��o de "hipotermia severa" na quarta-feira, mas "um pouco melhor hoje", disse o ministro do Interior franc�s, G�rald Darmanin, nesta quinta-feira.
Cerca de 200 pessoas, principalmente ativistas e alguns exilados, reuniram-se em Calais para homenagear as v�timas.
Ainda n�o se sabe todos os detalhes do desastre, mas Mohamed, um s�rio de 22 anos, relatou � AFP que foi um dos �ltimos a ter visto as v�timas. "H� tr�s dias, eles ainda estavam comigo em Calais", recordou.
"Eram curdos iraquianos, iranianos e afeg�os. Viv�amos em campos, na rua, inclusive dorm�amos na esta��o ferrovi�ria de Calais. H� tr�s dias o grupo nos disse 'vamos para a Inglaterra' e foi embora", contou, rodeado de v�rios compatriotas que acenavam em confirma��o.
Os restos do barco ser�o examinados para esclarecer as causas do naufr�gio.
Segundo Darmanin, ap�s a pris�o de quatro pessoas, tamb�m foi detido na noite de quarta-feira um quinto suspeito de tr�fico de pessoas, que havia "comprado botes na Alemanha".
A Fran�a abriu uma investiga��o por "ajuda � entrada em quadrilha organizada", "homic�dio e les�es involunt�rias" e "associa��o il�cita".
As tentativas de travessia a bordo de pequenas embarca��es duplicaram nos �ltimos tr�s meses, alertou recentemente o prefeito mar�timo do Canal da Mancha, Philippe Dutrieux.
At� 20 de novembro, 31.500 migrantes haviam tentado a travessia desde o in�cio do ano, e 7.800 deles foram resgatados. A tend�ncia n�o diminuiu, apesar das baixas temperaturas do inverno.
Antes deste naufr�gio, o balan�o desde janeiro era de tr�s mortos e quatro desaparecidos, depois de seis mortos e tr�s desaparecidos em 2020.
LONDRES