Enquanto isso, reconhece que a crise pode se agravar com a variante �micron, pois tudo indica que ela aumentar� os �ndices de cont�gio e voltar� a encher hospitais.
E n�o � imposs�vel que o mundo enfrente outras variantes, mais perigosas, que com ondas sucessivas podem sobrecarregar os sistemas de sa�de.
"� um futuro poss�vel se n�o tratarmos o v�rus corretamente", disse Michael Ryan em entrevista recente � AFP. Mas "n�o � isso que vejo no momento. Vejo um futuro melhor", declarou.
O epidemiologista de 56 anos, ex-cirurgi�o, acredita que se "nos empenharmos seriamente em termos de medidas sanit�rias e aumentarmos a cobertura vacinal", ser� poss�vel superar a fase pand�mica.
Embora o v�rus SARS-CoV-2 provavelmente n�o desapare�a, Ryan acredita que ele pode se transformar em outro v�rus respirat�rio end�mico, como a gripe.
Essa perspectiva otimista parece ir contra a situa��o em campo. A covid-19 j� matou oficialmente mais de 5,3 milh�es de pessoas no mundo, embora o n�mero real possa ser tr�s ou quatro vezes maior.
- "Otimista patol�gico" -
A propaga��o da �micron n�o muda fundamentalmente as coisas, de acordo com Ryan.
"T�nhamos dificuldades muito antes da �micron", apontou o m�dico, que lembrou que a variante delta se espalhou gra�as � desigualdade na vacina��o, � politiza��o da pandemia e at� mesmo � desinforma��o generalizada e ao levantamento prematuro das restri��es sanit�rias.
Mas para ele, o mundo pode mudar de rumo: citou a "incr�vel resili�ncia" das comunidades, o servi�o altru�sta dos profissionais de sa�de e a coopera��o cient�fica sem precedentes desde o in�cio da pior crise de sa�de em um s�culo.
"Estou muito otimista sobre o que podemos alcan�ar coletivamente", afirmou.
Na verdade, o irland�s foi diagnosticado por seus colegas como um "otimista patol�gico", caracter�stica que tem sido extremamente �til desde que ele assumiu a chefia do programa de emerg�ncias de sa�de da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) em 2019, pouco antes do in�cio da pandemia.
- Censura -
A OMS est� mais uma vez no olho do furac�o, criticada por �s vezes reagir muito lentamente ou demorar para reconhecer seus equ�vocos, e tem sido usada como bode expiat�rio das autoridades surpreendidas pelos acontecimentos.
"�s vezes � dif�cil", admitiu Ryan, que junto com o diretor geral Tedros Adhanom Ghebreyesus � um dos rostos na luta da OMS contra o covid-19. "Levamos alguns golpes", mas "faz parte do of�cio".
O mais dif�cil para ele � o impacto para as fam�lias dos especialistas da OMS que trabalham incansavelmente. Ele mesmo s� conseguiu ver seus tr�s filhos, que vivem na Irlanda, apenas quatro vezes em dois anos.
"� dif�cil", reconheceu, embora seja r�pido em esclarecer que isso n�o � nada comparado com a experi�ncia da equipe em campo.
"N�o h� nada mais exaustivo e estressante do que estar na linha de frente de uma epidemia", disse Ryan, que passou grande parte do �ltimo quarto de s�culo lutando contra as epidemias de ebola, c�lera e poliomielite.
- Mais diplom�tico -
A vis�o de Ryan sobre a vida mudou no Iraque em 1990, onde foi feito ref�m durante a primeira Guerra do Golfo, quando chegou a ter uma arma apontada para sua cabe�a.
"Fui ref�m no Iraque e (...) v�rias vezes pensei que minha vida havia acabado", confidenciou. "Atualmente, para mim, a maior parte do tempo � uma esp�cie de b�nus."
Essa experi�ncia foi �til para ele em seu trabalho atual, pois o ajudou a desenvolver uma "habilidade para lidar com o estresse de uma emerg�ncia".
No entanto, tudo o que viveu em campo n�o o preparou para enfrentar a pol�tica do poder. "N�o sou um pol�tico nato", afirmou o m�dico, mas "aprendi" e "pode ser que eu seja um diplomata melhor depois dos �ltimos anos".
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Ap�s dois anos de pandemia, chefe de emerg�ncias da OMS espera 'futuro melhor'
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