O vencedor do Nobel da Paz em 1984, que faleceu no domingo aos 90 anos, estava afastado da vida p�blica. Mas todos lembram de sua figura, tenacidade e sinceridade para denunciar as injusti�as.
O funeral acontecer� em 1� de janeiro na catedral de S�o Jorge da Cidade do Cabo, sua antiga par�quia, onde os sul-africanos depositam flores em homenagem a um dos grandes nomes da hist�ria do pa�s.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, visitou a fam�lia nesta segunda-feira (27).
"Era corajoso, sincero e gost�vamos dele por isso: porque dava voz �queles que n�o t�m", declarou o chefe de Estado � imprensa ao deixar a casa de Tutu na Cidade do Cabo.
O corpo de Desmond Tutu ser� levado na sexta-feira para uma capela da catedral, antes da cerim�nia crema��o.
Devido � covid-19, a participa��o ser� limitada a 100 pessoas, informou a Igreja Anglicana, que pediu aos fi�is que acompanham a missa de casa.
"Quando �ramos jovens militantes, se o arcebispo Tutu estava presente, a pol�cia e o ex�rcito nunca atiravam. Por qu�? Realmente n�o sabemos. Mas ele servia de escudo", tuitou Panyaza Lesufi, uma das l�deres do Congresso Nacional Africano (ANC), partido que atuou para acabar com o Apartheid e governa a �frica do Sul desde 1994.
O "Arch", diminutivo de arcebispo em ingl�s, como ele era chamado de maneira carinhosa no pa�s, "� o �ltimo de uma gera��o extraordinariamente not�vel de l�deres africanos", escreveu nesta segunda-feira a vi�va de Nelson Mandela, Gra�a Machel, ao lamentar "a perda de um irm�o".
"Do alto de seu p�lpito, utilizando com habilidade sua autoridade moral, Arch condenou com paix�o o Apartheid e exigiu com eloqu�ncia san��es contra o regime racista", recordou a militante mo�ambicana.
Com a "coragem indescrit�vel" que tinha para lutar, "permanecia decidido e sem medo, liderando as manifesta��es, com sua roupa clerical e seu crucifixo como escudo", descreveu, antes de revelar que Tutu estimulou "Madiba (Mandela) e ela" a oficializar sua uni�o com o casamento.
- Homenagens -
A Igreja Anglicana anunciou uma semana de homenagens. De hoje at� sexta-feira (31), os sinos da catedral de S�o Jorge tocar�o por 10 minutos a partir do meio-dia para recordar o s�mbolo da luta contra o Apartheid. O arcebispo da Cidade do Cabo pediu que, aqueles que desejarem, "fa�am uma pausa em suas tarefas" para pensar em Tutu.
Na quarta-feira, a diocese de Pret�ria e o Conselho de Igrejas da �frica do Sul organizar�o uma cerim�nia na capital. Na quinta-feira � noite, est� programada uma cerim�nia �ntima para a vi�va de Tutu, Nomalizo Leah Shenxane, conhecida como "Mama Leah", a fam�lia e os amigos.
As homenagens continuam chegando de todo mundo: de chefes de Estado a l�deres religiosos.
O papa Francisco destacou o papel do sul-africano na "promo��o da igualdade racial e da reconcilia��o". O Dalai Lama, velho amigo de Tutu, elogiou "um grande homem, totalmente dedicado ao servi�o de seus irm�os e irm�s".
Desmond Tutu ganhou notoriedade nos momentos mais obscuros do Apartheid, quando liderou passeatas pac�ficas contra a segrega��o e para defender san��es contra o regime de supremacia branca de Pret�ria.
Ao contr�rio de outros ativistas da �poca, a posi��o de l�der religioso o salvou de ser preso e sua luta pac�fica foi reconhecida com o Pr�mio Nobel da Paz em 1984.
Ap�s a chegada da democracia em 1994 e da elei��o de seu amigo Nelson Mandela como presidente, Desmond Tutu, que criou o termo "Na��o Arco-�ris" para a �frica do Sul, presidiu a Comiss�o da Verdade e da Reconcilia��o, criada com a esperan�a de virar a p�gina do �dio racial.
JOHANNESBURGO