Os dois manifestantes morreram em Omdourman, nos arredores da capital Cartum. De acordo com um sindicato de m�dicos pr�-democracia, uma das v�timas foi baleada no peito e a outra sofreu "uma violenta pancada na cabe�a que partiu seu cr�nio".
Como em todos os protestos, que se tornaram regulares desde o golpe de Estado do general Abdel Fattah al-Burhane em 25 de outubro, as autoridades tentaram, mais uma vez, neste domingo, impedir a mobiliza��o erguendo barreiras f�sicas e virtuais.
Cartum est� isolada h� v�rios dias por cont�ineres colocados nas pontes sobre o Nilo. A internet e redes de telefonia pararam de funcionar esta manh� e, nas principais estradas, membros das for�as de seguran�a em ve�culos blindados com metralhadoras vigiavam os transeuntes.
Apesar disso, milhares de sudaneses responderam ao apelo dos militantes para se manifestarem "em mem�ria dos m�rtires".
Porque se 54 pessoas morreram e centenas ficaram feridas desde o golpe, o pa�s experimentou um novo pico de viol�ncia na quinta-feira, com seis manifestantes mortos em Cartum, de acordo com um sindicato de m�dicos pr�-democracia.
Viol�ncia que aconteceu a portas fechadas naquele dia porque, al�m de isolar o pa�s do mundo e Cartum de sua periferia, policiais prenderam e espancaram jornalistas de dois canais sauditas.
Hoje, milhares marchavam aos gritos de "os soldados no quartel" e "poder ao povo", enquanto jovens em motocicletas cruzavam a multid�o, prontos para socorrer feridos, pois a cada mobiliza��o as ambul�ncias s�o bloqueadas pelas for�as de seguran�a.
Os militantes pedem que 2022 seja "o ano da resist�ncia", exigindo justi�a para os manifestantes mortos desde o golpe, mas tamb�m para os mais de 250 civis mortos durante a "revolu��o" de 2019.
Naquele ano, a press�o popular obrigou o ex�rcito a destituir um dos seus, Omar al-Bashir, ap�s trinta anos de ditadura militar islamita.
Depois, generais e civis concordaram com um cronograma de transi��o que exigia a entrega de todo o poder aos civis antes de elei��es livres em 2023.
Mas em 25 de outubro, o general Burhane estendeu com o que chama de "corre��o do curso da revolu��o", mantendo seu mandato � frente do pa�s por dois anos e reinstalou um m�s depois o primeiro-ministro civil Abdallah Hamdok.
Este �ltimo n�o aparece em p�blico h� dias, enquanto os rumores de demiss�o aumentam.
O poder ainda luta para apresentar aos 45 milh�es de sudaneses o governo civil que havia prometido no final de novembro ao libertar Hamdok da pris�o domiciliar.
Num pa�s quase sempre sob o dom�nio militar desde a sua independ�ncia h� 65 anos, os manifestantes proclamam: "nem parceria, nem negocia��o com o ex�rcito".
Mais uma vez neste domingo, as autoridades sudanesas ser�o observadas pela comunidade internacional que denuncia a escalada.
Al�m das mortes e cortes de telecomunica��es, as for�as de seguran�a tamb�m s�o acusadas de terem recorrido em dezembro a uma nova ferramenta de repress�o: o estupro de pelo menos 13 manifestantes, segundo a ONU.
E todos os dias e em cada bairro, os Comit�s de Resist�ncia - pequenos grupos que organizam manifesta��es - anunciam novas pris�es ou desaparecimentos.
Os europeus j� expressaram indigna��o, assim como o secret�rio de Estado americano, Antony Blinken, e a ONU.
Todos defendem o retorno ao di�logo como pr�-requisito para a retomada da ajuda internacional, que foi cortada ap�s o golpe.
CARTUM