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Estado de Minas CABUL

Mulheres agredidas no Afeganist�o come�am a ficar sem abrigos


02/01/2022 12:03

Casada aos sete anos com um homem com idade suficiente para ser seu bisav�, Fatema foi estuprada, espancada e passou fome at� n�o aguentar mais e tentar o suic�dio.

Em meio �s l�grimas, recorda as surras que recebeu, como uma vez, quando tinha 10 anos, quando foi jogada contra uma parede e "minha cabe�a atingiu um prego... quase morri".

Agora, a jovem de 22 anos mora em um dos poucos abrigos para mulheres v�timas de viol�ncia que ainda operam no Afeganist�o desde que o Talib� voltou ao poder em agosto, mas teme perder esse lugar a qualquer momento.

Se o abrigo fechar, Fatema n�o ter� para onde ir. Ela perdeu contato com sua fam�lia e seus sogros prometeram mat�-la por desonrar seu nome.

A situa��o de Fatema � compartilhada por milh�es no Afeganist�o, onde a tradi��o patriarcal, a pobreza e a falta de educa��o minaram os direitos das mulheres por d�cadas.

De acordo com a ONU, 87% das mulheres afeg�s j� sofreram alguma forma de viol�ncia f�sica, sexual ou psicol�gica.

Apesar disso, o pa�s de 38 milh�es de habitantes tinha apenas 24 abrigos antes do retorno do Talib�, quase todos financiados pela comunidade internacional e vistos com desconfian�a por muitos locais.

- Come�ar do zero -

Algumas organiza��es que administravam abrigos pararam de faz�-lo com a chegada do Talib�.

A diretora de uma dessas organiza��es disse � AFP que come�ou a transferir mulheres de abrigos em prov�ncias inst�veis antes da retirada das tropas americanas.

Algumas voltaram para suas fam�lias na esperan�a de que teriam prote��o de seus parentes. Outras foram transferidas para abrigos maiores nas capitais de prov�ncia.

Com o avan�o do Talib�, a situa��o tornou-se desesperadora e cerca de 100 mulheres foram transferidas para Cabul, mas a capital tamb�m caiu.

"Tivemos que come�ar do zero", disse a diretora, que pediu para n�o ser identificada.

O Talib� insiste que sua interpreta��o estrita do Alcor�o concede direitos e prote��o �s mulheres, mas a realidade � muito diferente.

A maioria das escolas femininas est� fechada, as mulheres est�o proibidas de trabalhar no governo, exceto em �reas espec�ficas, e esta semana foram publicadas novas regras que as impedem de fazer longas viagens sem a companhia de um parente do sexo masculino.

Mas h� um vislumbre de esperan�a.

O l�der supremo do Talib�, Hibatullah Akhundzada, denunciou em dezembro o casamento for�ado e Suhail Shaheen, poss�vel embaixador na ONU, disse � Anistia Internacional que as mulheres podem ir � Justi�a se forem v�timas de viol�ncia.

O regime ainda n�o se pronunciou formalmente sobre o futuro dos abrigos, mas est� ciente de sua exist�ncia.

Talib�s visitaram v�rias vezes o abrigo onde Fatema e outras 20 mulheres est�o, de acordo com as funcion�rias.

"Vieram, olharam os quartos, verificaram se n�o havia homens", disse uma funcion�ria. "Disseram que este lugar n�o era seguro para as mulheres, que o lugar delas era em casa", citou outra.

- "Acusada de mentir" -

Mesmo antes da chegada do Talib�, muitas mulheres em situa��o de risco tinham poucas sa�das.

Zakia foi ao Minist�rio da Mulher (fechado pelo Talib�) para obter ajuda para fugir de um sogro que amea�ou mat�-la. "Eles nem me ouviram", disse.

O mesmo aconteceu com Mina, de 17 anos, que fugiu de um tio abusivo sete anos atr�s com sua irm� mais nova. "O minist�rio me acusou de mentir", contou � AFP.

E a Anistia Internacional destacou que as funcion�rias dos abrigos tamb�m "correm risco de viol�ncia e morte". V�rias afirmam que j� foram amea�adas.

Os casos de abuso podem crescer com o colapso econ�mico no Afeganist�o, com o aumento do desemprego e da fome.

"Quando a situa��o econ�mica piora, os homens ficam sem emprego e os casos de viol�ncia aumentam", segundo uma funcion�ria.

Um dos poucos abrigos abertos � administrado por Mahbouba Seraj, pioneira na luta pelos direitos das mulheres no pa�s. Depois de ser revistado pelo Talib�, o abrigo foi "mais ou menos deixado em paz", disse ela.

Por enquanto, Zakia tem um lugar seguro, mas at� quando? "Meu pr�prio pai diz que n�o me ama", conclui.


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