H� muito considerada uma das ex-rep�blicas sovi�ticas mais est�veis da �sia Central, o Cazaquist�o, rico em hidrocarbonetos, enfrenta sua maior crise em d�cadas.
Na tarde desta quarta-feira (5), milhares de manifestantes invadiram o pr�dio da administra��o de Almaty, a capital econ�mica, para protestar contra o aumento dos pre�os do g�s, de acordo com um jornalista da AFP.
Horas depois, ap�s declarar estado de emerg�ncia, o presidente do Cazaquist�o, Kassym-Jomart Tokayev, pediu � R�ssia e seus aliados ajuda para controlar a violenta agita��o que estourou na noite de ter�a-feira.
"Hoje fiz um apelo aos chefes dos Estados da OTSC [Organiza��o do Tratado de Seguran�a Coletiva] para que ajudem o Cazaquist�o a superar esta amea�a terrorista", disse Tokayev em transmiss�o da televis�o estatal.
A OTSC � uma alian�a militar liderada pela R�ssia e integrada por outras cinco ex-rep�blicas sovi�ticas: Arm�nia, Belarus, Cazaquist�o, Quirguist�o e Tajiquist�o.
O presidente acrescentou que esses "grupos terroristas" receberam "treinamento no exterior" e estavam invadindo edif�cios, infraestruturas e "locais onde encontram-se armas de pequeno porte".
O presidente da CSTO, o primeiro-ministro arm�nio, Nikol Pashinyan, assegurou no Facebook que a alian�a decidiu enviar "for�as de paz coletivas" � ex-rep�blica sovi�tica "por um per�odo limitado de tempo para estabilizar e normalizar a situa��o neste pa�s", o que foi causado por "interfer�ncia externa."
- G�s lacrimog�nio -
O movimento contra o aumento do pre�o do g�s come�ou no fim de semana na cidade de Khanaozen, no cora��o da regi�o ocidental de Mangystau, antes de se espalhar para Aktau, nas margens do Mar C�spio, e Almaty.
Em um primeiro momento, o governo decidiu reduzir de 120 para 50 tenges (de R$ 1,57 para 0,66) o pre�o do litro de g�s liquefeito de petr�leo (LPG) em Mangystau para "garantir a estabilidade do pa�s", mas isso n�o foi suficiente para apaziguar o descontentamento.
Na ter�a-feira pela noite, cerca de 5.000 pessoas foram dispersadas com bombas de efeito moral e g�s lacrimog�nio em Almaty.
Hoje pela tarde, milhares de manifestantes irromperam no edif�cio da administra��o de Almaty, apesar das bombas e do g�s lacrimog�nio disparados pela pol�cia, segundo um jornalista da AFP.
Meios de comunica��o locais informaram que os manifestantes seguiram depois rumo � resid�ncia presidencial na cidade, e que ambos os edif�cios estavam em chamas.
Durante o dia, foi registrada uma "falha de internet em escala nacional" no Cazaquist�o, segundo a ONG Netblocks, grupo especializado em monitorar as redes de computadores.
Para o grupo, isso "pode limitar severamente a cobertura das manifesta��es antigovernamentais que se intensificam".
Os correspondentes da AFP no pa�s puderam verificar que a conex�o de internet era irregular e que aplicativos de mensagens como Telegram, Signal e WhatsApp n�o estavam funcionando.
Pouco tempo depois, foi imposs�vel fazer contato com os jornalistas atrav�s dos celulares.
- Estado de emerg�ncia -
Pelo menos oito agentes entre policiais e militares morreram nos dist�rbios ocorridos na madrugada de quinta-feira (tarde de quarta, 5, no Brasil), segundo a imprensa local, citando o Minist�rio do Interior.
Segundo essa fonte, 317 efetivos da pol�cia e da Guarda Nacional ficaram feridos e oito morreram "pelas m�os de uma multid�o enfurecida".
Numa tentativa de acalmar os �nimos, o presidente Tokayev destituiu o governo e imp�s o estado de emerg�ncia, inicialmente apenas em Almaty, na prov�ncia de Mangystau e na capital administrativa, Nur-Sultan.
Contudo, pouco depois as autoridades o ampliaram para todo o territ�rio nacional, at� 19 de janeiro.
Esta crise � o maior desafio enfrentado at� o momento pelo regime estabelecido pelo ex-presidente Nursultan Nazarbayev, que dirigiu o pa�s at� 2019, mas continua exercendo grande influ�ncia.
A R�ssia, pa�s-chave para a economia do Cazaquist�o, se manifestou durante a tarde de quarta, pedindo que a crise fosse resolvida atrav�s do "di�logo" e n�o com "dist�rbios nas ruas".
Em Washington, a Casa Branca pediu "modera��o" �s autoridades cazaques.
A televis�o informou nesta quarta-feira que um diretor de uma usina de tratamento de g�s e outro respons�vel foram detidos na regi�o de Mangystau, acusados de "aumentar o pre�o do g�s sem motivo".
ALMATY