O ent�o cardeal Joseph Ratzinger, antes de se tornar papa, n�o fez nada para afastar quatro cl�rigos suspeitos de abusos sexuais contra menores, disseram os advogados do escrit�rio Westpfahl Spilker Wastl (WSW) neste relat�rio.
Bento XVI, de 94 anos, expressou "como��o e vergonha" pela pedofilia na Igreja ap�s a divulga��o de um relat�rio que o acusa de passividade em casos de abuso infantil na Alemanha, disse seu secret�rio particular, monsenhor Georg G�nswein.
G�nswein afirmou � imprensa que o papa em�rito "ainda n�o leu o relat�rio de 1.000 p�ginas" envolvendo ele.
"Nos pr�ximos dias ele examinar� o texto com a aten��o necess�ria", assegurou o padre, citando o relat�rio preparado a pedido da igreja local pelo escrit�rio de advocacia Westpfahl-Spilker-Wastl.
Em um documento transmitido h� muito tempo aos advogados, o papa em�rito negou qualquer responsabilidade.
Dois dos casos implicam cl�rigos que cometeram v�rias agress�es comprovadas, inclusive pelos tribunais. Os dois padres permaneceram dentro da Igreja e nada foi feito, segundo declarou o advogado Martin Pusch.
Os especialistas disseram estarem convencidos de que Ratzinger estava ciente do passado ped�filo do padre Peter Hullermann, que chegou em 1980 da Ren�nia do Norte-Vestf�lia, na Baviera, onde continuou a praticar abusos por d�cadas sem ser incomodado.
Em 1986, um tribunal o condenou a uma pena de pris�o com sursis. Mas ele foi ent�o transferido para outra cidade da Baviera, onde teria reincidido. Foi apenas em 2010 que este padre foi for�ado a se aposentar.
Joseph Ratzinger negou conhecer o passado do padre, cujo caso ganhou as manchetes dos jornais em 2010, na �poca do pontificado de Bento XVI.
Os autores do relat�rio tamb�m apontam para o cardeal Reinhard Marx, atual arcebispo de Munique e Freising, por ser negligente em dois casos de padres suspeitos de abusos sexuais contra crian�as.
Foi precisamente o cardeal Marx que encomendou o relat�rio. Ele deve falar brevemente por volta das 15h30 GMT.
No geral, o relat�rio denuncia o acobertamento sistem�tico de casos de viol�ncia contra menores entre 1945 e 2019 com o objetivo, segundo eles, de "proteger a institui��o da Igreja".
"O reconhecimento das v�timas continua insuficiente sob muitos pontos de vista, tamb�m depois de 2010", quando foram revelados os primeiros esc�ndalos de pedofilia na igreja alem�, considera.
A Santa S� fez saber que tomar� nota do relat�rio, cujo conte�do ainda desconhece.
"Reiterando seu sentimento de vergonha e remorso pela viol�ncia contra menores cometida pelos cl�rigos, a Santa S� assegura a todas as v�timas sua proximidade e confirma o caminho que percorreu para proteger os pequenos, garantindo-lhes um ambiente seguro", disse Matteo Bruni, chefe de comunica��o da Santa S�.
A investiga��o de Munique constitui um novo cap�tulo na elucida��o de atos de pedofilia que afetam a Igreja Cat�lica em todo o mundo.
H� quatro anos, um relat�rio revelou que pelo menos 3.677 crian�as foram agredidas sexualmente desde 1946 por mais de mil cl�rigos alem�es. A maioria nunca foi punida. Desde ent�o, cada diocese encomendou investiga��es locais.
Ap�s um pedido oficial de desculpas, a Igreja estabeleceu uma indeniza��o - considerada insuficiente pelas v�timas - de at� 50.000 euros por pessoa, contra 5.000 euros at� agora.
Na ter�a-feira, Matthias Katsch, que dirige a associa��o de v�timas Eckiger Tisch, pediu "compensa��o apropriada" em vez de "palavras vazias".
Resta saber que consequ�ncias ter�o as revela��es dos advogados de Munique.
No ano passado, o arcebispo de Hamburgo, Stefan Hesse, acusado de neglig�ncia no tratamento de casos de pedofilia na diocese de Col�nia, onde havia oficiado, apresentou sua ren�ncia ao papa Francisco, que a recusou.
O arcebispo Marx tamb�m renunciou em junho para "compartilhar a responsabilidade pela cat�strofe dos abusos sexuais cometido". Neste caso tamb�m, o papa recusou.
MUNIQUE