Cientistas brit�nicos anunciam recorde de produ��o por fus�o nuclear

Cientistas do Reino Unido anunciaram, nesta quarta-feira (9), que produziram uma quantidade recorde de energia por meio da fus�o nuclear, classificando o feito como mais um "passo" para a produ��o industrial desta forma de energia defendida como limpa e barata por seus partid�rios.

Alternativa � fiss�o nuclear utilizada nas centrais atuais, a fus�o nuclear pretende replicar o que acontece no cora��o do sol. Para seus defensores, trata-se da energia do futuro, sobretudo, porque produz pouco res�duo - e muito menos radioatividade do que em uma planta convencional - e nenhum g�s de efeito estufa.

Uma equipe de cientistas do Joint European Torus (JET), o maior reator de fus�o do mundo, situado perto de Oxford, conseguiu gerar 59 megajoules de energia por meio desse processo em dezembro passado. Segundo a Autoridade Brit�nica de Energia At�mica, foi mais do que o dobro do recorde anterior, estabelecido em 1997.

"� a energia necess�ria para cobrir as necessidades, durante cinco segundos, de 35 mil resid�ncias", disse Joe Milnes, diretor de opera��es do JET, em coletiva de imprensa.

Esses resultados "s�o a demonstra��o mais clara, em escala mundial, do potencial da fus�o para fornecer energia sustent�vel", declarou, por sua vez, a ag�ncia brit�nica em um comunicado.

- Rumo a um projeto vi�vel? -

Em quantidades iguais, a fus�o nuclear permite produzir quatro milh�es de vezes mais energia do que o carv�o, o petr�leo, ou o g�s.

Os resultados anunciados hoje demonstram a possibilidade de gerar energia de fus�o durante cinco segundos, o que ainda � insuficiente para viabilizar o processo.

"Mas, se voc� pode manter a fus�o por cinco segundos, pode faz�-lo por cinco minutos e, depois, por cinco horas" com futuras m�quinas mais potentes, argumentou Tony Donne, do cons�rcio EUROfusion.

A coopera��o internacional em mat�ria de fus�o � extensa, porque, ao contr�rio da fiss�o, n�o pode ser usada como arma.

No sul da Fran�a, est� sendo constru�do outro reator de fus�o, o Iter, que � mais avan�ado do que o JET. Participam deste projeto China, Uni�o Europeia, �ndia, Jap�o, Coreia do Sul, R�ssia e Estados Unidos.

Seu diretor-geral, Bernard Bigot, comemorou os resultados brit�nicos nesta quarta-feira, afirmando que se aproximam da "escala industrial" de produ��o.

- Reagan e Gorbachev -

"O projeto Iter nasceu de um conflito. A ideia veio de uma c�pula entre (o ex-presidente dos EUA Ronald) Reagan e (o ex-l�der sovi�tico Mikhail) Gorbachev quando est�vamos nos enfrentando com muitas ogivas nucleares" em 1985, lembrou nesta quarta-feira Tim Luce, do projeto Iter.

"E a �nica coisa em que eles concordaram foi usar a fus�o como meio de coopera��o", acrescentou.

No entanto, o projeto tem sido criticado por organiza��es de defesa do meio ambiente e seus especialistas, como a ONG Greenpeace, como uma "miragem cient�fica" e "um buraco financeiro sem fundo".

Embora dezenas de reatores de fus�o nuclear tenham sido constru�dos desde a d�cada de 1950, eles seguem consumindo tr�s vezes mais energia do que permitem criar.

Ian Fells, professor em�rito da Universidade de Newcastle, classificou os �ltimos resultados do JET como um "marco importante".

"Agora cabe aos engenheiros traduzir (esses avan�os) em eletricidade limpa e mitigar as consequ�ncias das mudan�as clim�ticas", acrescentou.