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Estado de Minas PARIS

Fran�a e Arg�lia, 60 anos de rela��o conturbada


21/02/2022 08:44

Nos 60 anos transcorridos desde que a Arg�lia conquistou a independ�ncia da Fran�a, a rela��o entre os pa�ses passou por v�rias cries, com frequ�ncia alimentadas pela pol�tica interna, apesar das esperan�osas primeiras d�cadas entre Argel e a ex-pot�ncia colonizadora.

"Apesar das apar�ncias e cr�ticas, houve uma rela��o est�vel de modo geral, muito equilibrada a respeito da situa��o colonial e p�s-colonial", afirma Luis Martinez, especialista na regi�o do Maghreb na Sciences Po Paris.

Os dois pa�ses pretendem celebrar em 18 de mar�o o 60� anivers�rio do cessar-fogo alcan�ado em Evian em 18 de mar�o de 1962.

Na �poca, os novos governantes argelinos tiveram uma boa rela��o com o presidente da Fran�a, o general Charles de Gaulle, respeitado por ter preparado o caminho para a descoloniza��o da Arg�lia.

O clima prosseguiu com seu sucessor, Georges Pompidou, e com o presidente de 1981 a 1995, o socialista Fran�ois Mitterrand, apesar de ter atuado como ministro do Interior no in�cio da insurrei��o argelina em 1954.

De acordo com Pierre Vermeren, professor de Hist�ria na Universidade Sorbonne, Mitterrand se cercou de partid�rios da Frente de Liberta��o Nacional (FLN) argelina e soube apresentar-se como o homem da "rela��o privilegiada com este pa�s".

Ap�s a independ�ncia, o novo governo autorizou a Fran�a a manter os testes nucleares no deserto do pa�s at� 1967. O ex�rcito franc�s tamb�m organizou, de modo sigiloso, testes com subst�ncias qu�micas at� 1978.

Em 1992, no entanto, Mitterrand condenou a suspens�o do processo eleitoral na Arg�lia ap�s a vit�ria dos islamitas no primeiro turno das legislativas e Argel, em resposta, convocou seu embaixador na Fran�a para consultas.

A Arg�lia iniciou ent�o uma d�cada de conflito interno violento. Ao final da guerra civil, o novo presidente do pa�s, Abdelaziz Bouteflika, optou por discurso antifranc�s, apesar de ser considerado pr�ximo a Paris.

"Para recuperar o controle do campo ideol�gico e pol�tico ap�s a guerra civil, esqueceram que a Fran�a os ajudou a lutar contra os islamistas e passaram a v�-la novamente como o 'inimigo tradicional'", explica Vermeren.

- "Boas rela��es em segredo" -

A associa��o de ex-combatentes, os ide�logos do regime, desenvolveu um discurso cada vez mais violento sobre o "genoc�dio" franc�s durante a coloniza��o.

Duas d�cadas mais tarde, ap�s o movimento de protesto Hirak de 2019 que obrigou Bouteflika a renunciar, o atual governo ainda baseia sua legitimidade na guerra da independ�ncia.

Al�m do discurso oficial, por�m, a coopera��o entre os dois pa�ses continuou nos bastidores.

Em 2013, a Arg�lia autorizou discretamente que avi�es militares da miss�o de luta contra os jihadistas no Mali sobrevoassem o seu territ�rio.

"As rela��es franco-argelinas s�o boas quando acontecem em segredo. S�o mais tensas quando s�o p�blicas", resume Naoufel Brahimi El Mili, autor de um livro sobre o relacionamento entre os dois pa�ses.

Com Emmanuel Macron, o primeiro presidente franc�s nascido ap�s a guerra da Arg�lia, tudo come�ou com as melhores perspectivas.

Em fevereiro de 2017, o ent�o candidato � presid�ncia afirmou que a coloniza��o � um "crime contra a humanidade".

E, ap�s sua elei��o, Macron intensificou os gestos a respeito da mem�ria da guerra da Arg�lia, com o objetivo de reconciliar os dois pa�ses.

Mas nunca aconteceu um pedido de desculpas pela coloniza��o, um tema muito delicado na Fran�a, onde o discurso ultranacionalista n�o para de ganhar adeptos.

Em setembro 2021, cr�ticas de Macron ao sistema "pol�tico-militar" argelino acabaram com as esperan�as de aproxima��o. A Arg�lia convocou seu embaixador para consultas como resposta.

- "Arg�lia vota Macron" -

A rela��o parece melhor a poucas semanas da elei��o presidencial de abril na Fran�a, na qual sete milh�es de franceses de origem argelina ter�o influ�ncia.

"Arg�lia vota Macron", resume Naoufel Brahimi El Mili. Na mesma linha, Xavier Driencourt, ex-embaixador da Fran�a no pa�s africano, adverte que os argelinos n�o querem as candidaturas de direita ou extrema-direita.

Os desafios pela frente, no entanto, s�o numerosos. A Arg�lia n�o aproveitou a m�o estendida de Macron no trabalho de mem�ria.

A China se tornou o maior s�cio comercial da Arg�lia, que tamb�m se aproximou da Turquia e ampliou a coopera��o militar com a R�ssia.

"A rela��o franco-argelina parte do zero", destaca Luis Martinez, explicando que o objetivo seria revisar sobre quais quest�es os dois pa�ses podem chegar a um entendimento.

O ex-embaixador Driencourt � mais c�tico. "Dois s�o necess�rios para manter uma rela��o". A Arg�lia vai querer ap�s as elei��es? "N�o sou muito otimista", afirma.


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