Com 61 anos, estatura mediana e �culos grossos, Petro desafia a longa tradi��o dos governos liberais e conservadores ap�s abandonar a luta armada e assinar a paz em 1990.
Muito ativo nas redes sociais, denuncia a desigualdade e a pobreza, os danos ambientais e a viol�ncia end�mica de mais de meio s�culo.
Ap�s um discurso em Jamund�, Petro falou � AFP na cidade vizinha de Cali (sudoeste). O ex-prefeito de Bogot� pretende ser eleito no primeiro turno das elei��es presidenciais em 29 de maio. Se conseguir, ser� um marco em um pa�s historicamente dominado pela direita.
Escoltado por uma dezena de ve�culos blindados, o candidato se considera um sobrevivente de "uma longa tradi��o de assassinatos pol�ticos" que s� no s�culo XX matou cinco candidatos � presid�ncia.
Petro se distancia dos governos da Venezuela e da Nicar�gua e se alinha ao "progressismo" de Luiz In�cio Lula da Silva, no Brasil, e do rec�m-eleito Gabriel Boric, no Chile.
No entanto, garante que retomar� as rela��es com Caracas - rompidas desde 2019 - e abrir� a fronteira para "preencher o vazio que os grupos mafiosos ocupam hoje".
O ex-guerrilheiro do M-19 volta aos ringues ap�s perder em 2018 para o atual presidente, Iv�n Duque.
Pergunta: Por que sua candidatura representa uma ruptura?
Resposta: A oligarquia colombiana est� prestes a ser derrotada, que � basicamente uma elite pol�tica e econ�mica que excluiu a maioria do pa�s.
A fome, por meio de uma pol�tica econ�mica desastrosa, se espalhou na Col�mbia (...) Os percentuais de pobreza aumentaram, a economia continua fragilizada (...) E todo aquele clima de desilus�o, desencanto, com um projeto muito autorit�rio, quase fascista, do Uribismo (for�a no poder) � o que gerou as condi��es para a mudan�a pol�tica.
P: Voc� tem medo de ser assassinado?
R: N�o para de aparecer como um flash, quando me misturo na multid�o, quando estou no palanque numa pra�a cheia, que algu�m poderia atirar(...) mas procuro evitar pensar nisso. Nenhum esquema de seguran�a pode garantir que o candidato n�o seja eliminado. Na Col�mbia h� uma longa tradi��o de assassinato pol�tico (...) Ent�o a possibilidade existe. Espero que n�o aconte�a (...) Aspiramos a vencer no primeiro turno, mas tanto o fantasma da fraude quanto o fantasma da morte est�o conosco.
P: Qual seria sua diferen�a em rela��o a Venezuela, Nicar�gua e Cuba?
R: Um novo progressismo est� surgindo na Am�rica Latina (...) que tem a ver com uma diferen�a fundamental e que n�o � basear as economias na extra��o de mat�rias-primas n�o renov�veis (...) que prejudicam a humanidade e que n�o � mais sustent�vel para um processo econ�mico. E fortalecer ainda mais os processos de desenvolvimento com base no conhecimento e na produ��o. Esse eixo pode ser perfeitamente configurado (...) com Lula, com Boric que j� est� posicionado, e espero que com meu nome.
Acho que marcaria as lutas sociais e o progressismo latino-americano de uma maneira diferente do que fizeram Daniel Ortega e (Nicol�s) Maduro, que basicamente continuam a estabelecer uma ideia ret�rica esquerdista baseada na extra��o de petr�leo; com base em ter uma rep�blica das bananas que aprisiona qualquer tipo de opositor.
P: Qual seria sua pol�tica em rela��o aos Estados Unidos?
R: Existem assuntos comuns a serem abordados. Um deles � a solu��o para a crise clim�tica (...) Existe uma pol�tica comum que tem a ver com a floresta amaz�nica, que � uma das grandes absorvedoras de CO2, que tem a ver com novos formas de tecnologia na agricultura e na ind�stria (...) Temos que ver como dar um salto para uma economia descarbonizada, livre de petr�leo.
P: Quais seriam suas primeiras decis�es como presidente?
R: A assinatura de contratos de explora��o (de petr�leo) na Col�mbia cessaria (...) porque queremos iniciar a transi��o energ�tica, a transi��o na mobilidade e os processos de descarboniza��o da economia. A fome aqui est� trazendo maiores n�veis de inseguran�a e acho conveniente estabelecer um programa imediato e urgente de combate � fome (...) e poder reequilibrar a sociedade com seu grande potencial agr�cola e produtor de alimentos.
P: E o tr�fico de drogas?
R: O glifosato foi um grande fracasso na Col�mbia. Al�m de envenenar nossas terras e nossas �guas, o custo de fumigar um hectare com glifosato � maior do que o custo de dar terra f�rtil ao agricultor. Essas pol�ticas s�o mais efetivas (...) com um aparato de preven��o, de aten��o ao consumidor por parte do Estado.
Uma pol�tica pac�fica de desmantelamento do narcotr�fico tamb�m poderia ser estabelecida concomitantemente com base em submiss�es coletivas � justi�a que implicassem em benef�cios legais em troca da n�o repeti��o. Essa pol�tica � obviamente feita com base no fato de que a coca�na � ilegal e acredito que no mundo continuar� sendo assim durante meu governo.
CALI