
Nem para adultos � simples entender por que, em meio a uma pandemia e a tantas outras situa��es preocupantes e complexas, o mundo est� assistindo agora ao in�cio de uma nova guerra, desta vez na Ucr�nia.
Que dir� explicar isso para as crian�as.
Mas, segundo especialistas entrevistadas pela BBC News Brasil, contextualizar aos pequenos o que est� ocorrendo no mundo � um papel das fam�lias — e dos outros adultos que ensinam �s crian�as e convivem com elas. Por isso, reunimos aqui orienta��es que podem ajudar nessa orienta��o, segundo elas.
- Invas�o da Ucr�nia: o que Putin quer com a ofensiva russa?
- Guerra na Ucr�nia: o ataque da R�ssia em mapas
Simplesmente… conversar
Redes sociais, conversas, ou mesmo o som de uma TV ligada em outro c�modo podem levar, acidentalmente ou n�o, not�cias e coment�rios sobre a guerra aos pequenos. A media��o pelos respons�veis, ent�o, se torna fundamental.
"Com certeza, � dever da fam�lia informar sim (os filhos). As crian�as e os jovens t�m f�cil acesso � informa��o, e precisamos tomar cuidado para que eles n�o sejam impactados com informa��es falsas e perigosas. Os pais ou respons�veis devem conversar com as crian�as e os adolescentes sobre temas pol�micos e que impactam o Brasil e o mundo, devem contar a hist�ria real do fato e mostrar por que aquilo est� acontecendo", defende Rog�ria Sprone, diretora pedag�gica do Col�gio Joseense, em S�o Jos� dos Campos (SP), p�s-graduada em psicopedagogia e especializada em neuroaprendizagem.
"De acordo com a faixa et�ria da crian�a, deve ser usado um tipo de abordagem e linguagem. Por exemplo, para as crian�as menores, explicar de uma maneira mais l�dica e leve."

"J� o YouTube tem in�meros canais conceituados que abordam sobre o tema de maneira clara e correta. Usar mapas � uma op��o did�tica e visual. Outra dica muito valiosa � construir com a crian�a uma linha do tempo com os fatos que antecederam a guerra", recomenda a diretora pedag�gica, destacando tamb�m o papel "essencial" da integra��o entre a fam�lia e a escola.
Ao mesmo tempo, a psic�loga Elisa Altafim, especialista em parentalidade e desenvolvimento infantil da Funda��o Maria Cecilia Souto Vidigal, avalia que a fam�lia n�o precisa impor este tipo de conversa.
"� importante que os adultos n�o antecipem essa conversa, mas que estejam muito abertos para perceber o que est� acontecendo com a crian�a, a dialogar com ela. Quando ela trouxer d�vidas, recomendo responder sempre de uma forma simples, mas (de fato) responder �s quest�es", diz Altafim.
Rog�ria Sprone diz que mesmo temas dif�ceis como a guerra abrem a possibilidade de se conversar sobre valores, princ�pios e vis�es de mundo — algo que a psicanalista Magdalena Ramos tamb�m destaca, dando como exemplo outra parte do notici�rio.
[SAIBA MAIS]
"H� um potencial pedag�gico nessas conversas especialmente se h� uma contextualiza��o sobre as diferen�as sociais, as injusti�as no mundo. Por exemplo, os Estados Unidos podem vacinar se quiser a totalidade dos seus habitantes (contra a covid-19), e tem pa�ses na �frica que n�o conseguem vacinar 5% da popula��o", exemplifica Ramos, terapeuta de fam�lia e casais.
Limitar a exposi��o a telas e imagens

A pedagoga Rog�ria Sprone diz que as fam�lias devem "impor limites e monitorar sempre o que a crian�a est� vendo na televis�o ou na internet" — e isso � especialmente recomendado em um momento como o atual, em que imagens da guerra estar�o circulando mais.
Enquanto conversar sobre o assunto � importante, permitir uma exposi��o mais direta dos pequenos a ele j� n�o � desej�vel, opina Magdalena Ramos.
"Uma coisa � o contato verbal, de explica��o, de informa��o, e outra muita diferente s�o imagens muito angustiantes da guerra. Principalmente para crian�as pequenas, com at� 4 anos aproximadamente, porque algumas n�o discriminam bem entre a realidade e a fantasia", afirma a psicanalista.

Elisa Altafim lembra que, em qualquer cen�rio, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) diz que deve ser evitada a exposi��o de crian�as com menos de 2 anos �s telas, mesmo que passivamente. Dos 2 aos 5 anos de idade, o tempo m�ximo recomendado � de uma hora, e dos 6 anos aos 10 anos, at� duas horas — e sempre com supervis�o.
"Sabemos que na primeira inf�ncia, dos 0 aos 6 anos, h� um desenvolvimento cerebral importante. Inclusive, a gente j� sabe que as quest�es da viol�ncia t�m um impacto no c�rebro da crian�a, ent�o a exposi��o excessiva a telas pode gerar um estresse t�xico e desnecess�rio para elas", diz a psic�loga.
Demonstrar seguran�a e acolhimento
Elisa Altafim lembra que, nos primeiros anos da vida, a crian�a tamb�m est� se desenvolvendo emocionalmente.
"A crian�a, principalmente na primeira inf�ncia, muitas vezes n�o est� preparada emocionalmente para entender e para lidar com algumas coisas — inclusive na parte cognitiva. E as guerras s�o situa��es mais complexas", aponta a especialista da Funda��o Maria Cecilia Souto Vidigal.
"Al�m disso, para que a crian�a se desenvolva adequadamente, � muito importante que ela se sinta segura e protegida — e ela precisa saber disso. Os adultos respons�veis devem demonstrar que eles est�o l� para ajud�-la e proteg�-la."
A psic�loga orienta tamb�m que os adultos n�o minimizem uma demonstra��o ou express�o de medo por parte das crian�as e se comuniquem com elas — inclusive considerando o que n�o � falado explicitamente.
"As crian�as se comunicam atrav�s da linguagem, mas tamb�m por meio do comportamento", diz Altafim, recomendando aten��o para sinais como dificuldade para dormir, ansiedade e muita depend�ncia do adulto.
Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.
J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!