Um dia ap�s o in�cio ordenado por Putin deste conflito que pode ser o pior na Europa desde 1945 - j� com mais de 100.000 pessoas deslocadas -, os europeus anunciaram novas san��es contra a c�pula do poder russo.
O presidente russo parece, no entanto, determinado a continuar sua ofensiva e a conseguir uma mudan�a de regime na Ucr�nia, chamando o governo do presidente Volodimir Zelensky de "drogados e neonazistas".
"Tomem o poder com suas m�os", declarou ele ao Ex�rcito ucraniano. "Parece-me que ser� mais f�cil negociar entre voc�s e eu", acrescentou.
Pouco antes, o ministro russo das Rela��es Exteriores, Serguei Lavrov, havia pedido uma rendi��o. "Estamos prontos para negocia��es assim que as For�as Armadas ucranianas ouvirem nosso chamado e depuserem as armas", afirmou em Moscou.
O porta-voz do Kremlin tamb�m ressaltou que Putin est� pronto para enviar uma delega��o a Minsk, em Belarus, "para negocia��es com uma delega��o ucraniana".
Mas as autoridades ucranianas parecem determinadas a lutar contra o invasor, enquanto as primeiras unidades russas que entraram nos bairros da zona norte de Kiev faziam suas primeiras v�timas.
- Kiev, uma cidade-fantasma -
No bairro residencial de Oblon, a AFP viu um civil morto em uma cal�ada, enquanto param�dicos resgatavam outro, preso em um carro esmagado por um ve�culo blindado.
Moradores disseram ter visto dois corpos que pareciam ser de soldados russos mortos, mas a AFP n�o p�de confirmar essa informa��o.
As for�as ucranianas tamb�m relataram combates contra unidades blindadas russas em dois locais entre 40 e 80 km ao norte de Kiev.
As tropas russas tamb�m se aproximam da capital pelo nordeste e leste, de acordo com os militares ucranianos.
Depois que muitos moradores fugiram na quinta-feira, o centro de Kiev, uma metr�pole de cerca de tr�s milh�es de habitantes e agora sob toque de recolher, parece uma cidade-fantasma.
Homens armados e blindados montavam guarda nas principais art�rias pr�ximas aos pr�dios do governo.
Poucos transeuntes paravam para conversar, enquanto sirenes e explos�es soavam em um c�u nublado.
"Ontem � noite eles come�aram a bombardear bairros civis. Isso nos lembra (a ofensiva nazista) de 1941", disse Zelensky esta manh�, falando a frase em russo.
Ele elogiou o "hero�smo" da popula��o diante de uma invas�o que, segundo ele, deixou pelo menos 137 mortos e 316 feridos do lado ucraniano, garantindo que seus soldados estavam fazendo "o poss�vel" para defender o pa�s.
O Minist�rio ucraniano da Defesa pediu aos civis em Kiev "que nos informem sobre os movimentos inimigos: fa�am coquet�is molotov, neutralizem o ocupante!".
As autoridades russas n�o deram qualquer indica��o das perdas sofridas.
- "Guerra total" -
Zelensky criticou os europeus por serem muito lentos em apoiar a Ucr�nia. Ele convocou aqueles com "experi�ncia de combate" para irem lutar no lado ucraniano.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo pa�s � membro da Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (OTAN), tamb�m criticou a UE e a Alian�a Atl�ntica por sua ina��o.
"A guerra � total", disse o ministro franc�s das Rela��es Exteriores, Jean-Yves Le Drian, considerando "preocupante o futuro", em particular da Mold�via e da Ge�rgia, duas outras ex-rep�blicas sovi�ticas com territ�rios separatistas.
A Alian�a Atl�ntica, cujos l�deres se reuniram por videoconfer�ncia nesta sexta-feira, reiterou nos �ltimos dias que n�o enviar� tropas para a Ucr�nia.
J� o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou que nenhuma "polegada de territ�rio da OTAN" ser� cedida. O Pent�gono enviar� mais 7.000 soldados para a Alemanha.
- Novas san��es -
Por enquanto, o campo ocidental est� concentrado em endurecer as san��es contra a R�ssia, restringindo o acesso aos mercados financeiros internacionais para suas principais institui��es e seu acesso � tecnologia.
Biden prometeu fazer de Putin "um p�ria no cen�rio internacional".
"Os l�deres russos enfrentar�o um isolamento sem precedentes", disse a presidente da Comiss�o Europeia, Ursula von der Leyen.
Os 27 n�o foram t�o longe, por�m, a ponto de excluir a R�ssia do sistema banc�rio internacional Swift, como Kiev exige.
Zelensky exortou os europeus a fazerem mais.
"Cancelar vistos para russos? Desconex�o do Swift? Isolamento total da R�ssia? Expuls�o de embaixadores? Embargo ao petr�leo? Hoje, tudo deveria estar sobre a mesa", disse ele.
Pouco depois, Paris e Berlim anunciaram um novo conjunto de san��es europeias, visando aos "l�deres russos mais importantes", incluindo Putin e Lavrov.
A Fran�a tamb�m ressaltou que � a favor da exclus�o russa do sistema Swift, possivelmente anunciando uma revis�o da decis�o de quinta-feira.
No �mbito econ�mico, depois da alta acentuada de ontem, os pre�os das commodities permaneciam elevados, com o barril de petr�leo Brent acima de US$ 100, embora o WTI tenha retornado para cerca de US$ 95.
R�ssia e Ucr�nia s�o os principais exportadores de petr�leo, g�s, trigo e outras mat�rias-primas.
Nesse contexto, as principais bolsas mundiais se recuperavam, ap�s a queda de quinta-feira, em um mercado ainda vol�til.
- Afluxo de refugiados -
A invas�o russa lan�ou nas estradas milhares de ucranianos, que chegavam �s centenas �s fronteiras da UE - em particular � Pol�nia, Hungria e Rom�nia.
Cerca de 100.000 pessoas j� fugiram de suas casas na Ucr�nia, e milhares deixaram o pa�s, segundo o Alto Comissariado da Na��es Unidas para os Refugiados (Acnur).
A UE disse estar "totalmente preparada" para receb�-los. Uma reuni�o dos ministros do Interior do bloco est� marcada para este fim de semana para discutir o "impacto humanit�rio e de seguran�a" da crise e "medidas de retalia��o", segundo uma autoridade francesa.
Centenas de refugiados j� chegaram � Pol�nia. Quase 200 pessoas passaram a noite na esta��o polonesa de Przemysl (sudeste), transformada em abrigo.
Entre eles, est� Konstantin, que n�o sabe quando, ou mesmo se voltar� para a Ucr�nia: "O problema na Ucr�nia � enorme e provavelmente levar� meses, talvez anos para resolv�-lo".
A ofensiva russa come�ou na madrugada de quinta-feira, depois que Vladimir Putin reconheceu, na segunda-feira, a independ�ncia dos territ�rios separatistas ucranianos no Donbas.
Para justificar a invas�o, reiterou suas acusa��es de "genoc�dio" orquestrado por Kiev nas "rep�blicas" separatistas pr�-russas desta regi�o, citou um pedido de ajuda dos separatistas e denunciou a pol�tica "agressiva" da OTAN.
Mais de 150.000 soldados russos j� estavam, no entanto, concentrados h� meses nas fronteiras ucranianas.
Estados Unidos e Alb�nia pediram uma vota��o no Conselho de Seguran�a da ONU nesta sexta, �s 20h GMT (17h de Bras�lia) sobre um projeto de resolu��o condenando a invas�o e pedindo � R�ssia que retire suas tropas imediatamente.
A resolu��o est� condenada ao fracasso, tendo Moscou direito de veto no Conselho de Seguran�a.
O presidente chin�s, Xi Jinping, com rela��es estreitas com Putin, conversou com ele por telefone.
A China, que tem poder de veto, "apoia a R�ssia na resolu��o (do conflito) por meio de negocia��es com a Ucr�nia", informou a emissora estatal chinesa CCTV.
KIEV