
H� duas semanas, o brasileiro Rodolfo Caires, de 32 anos, estava em Kiev, na capital da Ucr�nia, a turismo.
Agora, ele se prepara para sair de sua casa em Dublin, na Irlanda, e voltar ao pa�s, sozinho, de carro, com uma miss�o bem diferente.
Seu objetivo � resgatar brasileiros que n�o t�m como sair do pa�s - por falta de voos e estoques de gasolina limitados nas cidades - em meio � guerra que come�ou na �ltima quarta-feira (24/2) e lev�-los at� a fronteira da Pol�nia.
"Vejo, pelas redes sociais, que h� muitos brasileiros em situa��o de vulnerabilidade, e por isso decidi ajudar. Aluguei uma van de nove lugares e vou entrar e sair pela Pol�nia, que ainda est� com as fronteiras abertas", diz ele, que se planejou para levar mantimentos e gal�es de gasolina extras para o trajeto.
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Rodolfo entrou em contato com os conterr�neos que precisam de ajuda por meio do grupo "Teto Brasuca" no Telegram. Ele n�o conhece pessoalmente nenhuma das pessoas que ir� buscar, mas julga que a tarefa n�o se torna nem um pouco menos importante por isso.
"� gente que est� sem meio de transporte, muitos que nem sequer falam o idioma local, passando por um momento dif�cil. Percebo que em quest�o de transporte, a a��o da Embaixada brasileira � limitada, ent�o peguei essa miss�o para mim", conta o brasileiro, que trabalha como cientista farmac�utico.
Ap�s chegar a fronteira, o plano � que os que estavam na Ucr�nia sejam recebidos por outros brasileiros do grupo, que ofereceram suas casas para que essas pessoas tenham onde ficar.
Para o resgate por meio terrestre, tempo � crucial
O trajeto planejado por Rodolfo, entre a fronteira da Pol�nia e a capital da Ucr�nia, tem cerca de 600 quil�metros e dura��o prevista de nove horas.
"Come�arei no domingo de manh� e meu intuito � buscar a maior quantidade de brasileiros que der. Vou refazer o trajeto o m�ximo que vezes que for poss�vel durante uma semana, que � o tempo que eu posso ficar."

Sobre o risco de explos�es ou ataques, o brasileiro afirma ter medo, sim, mas avalia que ainda assim o resgate precisa ser feito.
"Sinceramente, acho que tem risco, mas o medo deles � bem maior que o meu. Tamb�m analisei que a regi�o para onde eu vou � um pouco mais segura, j� que os ataques come�aram no leste da Ucr�nia."
Conforme as tropas russas - e possivelmente de aliados - avan�am, Rodolfo avalia que o trajeto deve ficar mais perigoso, e por isso, ele espera conseguir resgatar o maior n�mero de pessoas antes a situa��o se torne insustent�vel. Casado, ele conta que sua esposa ficar� trabalhando, e que apesar de preferir que ele n�o se arriscasse, entende que o objetivo � nobre.
'A gente se importa com todo mundo que est� na Ucr�nia'
A brasileira Clara Magalh�es Martins, 31, mestre em direito internacional e estudante de MBA na cidade de Leipzig, na Alemanha, foi quem teve a ideia de criar o grupo "Teto Brasuca", em busca de reproduzir a rede de apoio da qual ela faz parte no pa�s onde mora.

Ela est�, neste momento, dirigindo sozinha at� a Rom�nia, que faz fronteira com a Ucr�nia e falou com a BBC News Brasil rapidamente para poder voltar � dire��o. Seu objetivo � similar ao de Rodolfo, mas em uma parte diferente do pa�s.
Ela quer chegar � regi�o de Odessa, onde parte das tropas russas desembarcaram, para resgatar brasileiros que n�o tem como sair do pa�s e lev�-los at� a fronteira.
"A motiva��o � simplesmente estender o bra�o para algu�m que precisa. A gente se importa com todo mundo que est� l�, � simplesmente uma rede de solidariedade. Querendo ajudar e ao mesmo tempo temos um temor velado de que isso possa virar algo ainda pior", conta.
A maioria dos contatos que est�o esperando resgate, diz Clara, s�o brasileiros, mas h� tamb�m pedidos para levar amigos de outras nacionalidades - �rabes, portugueses e ucranianos, aos quais eles tentar�o responder organizando as viagens.
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