Europeus e EUA buscam refor�ar resist�ncia de Kiev
Presidente Putin d� ordem para intensificar ataques. Alemanha, B�lgica, Holanda
e Rep�blica Tcheca anunciam envio de armas e soldados para combater na Ucr�nia
27/02/2022 04:00
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Ataque de tropas russas � capital da Ucr�nia atingiu pr�dio residencial no terceiro dia de combate desde a invas�o (foto: Daniel Leal/AFP
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A invas�o da Ucr�nia pela R�ssia teve ontem o terceiro dia de ataques das tropas russas a Kiev, que resistia. Com a resist�ncia, o presidente russo Vladimir Putin autorizou a intensifica��o dos ataques � capital da Ucr�nia – na noite de ontem, foram ouvidas fortes explos�es em Kiev – enquanto pa�ses do Ocidente anunciaram o envio de dinheiro, soldados e armas para refor�ar o Ex�rcito ucraniano. Alemanha, B�lgica e a Rep�blica Tcheca anunciaram ontem envio de armas, soldados e recursos para a Ucr�nia, enquanto os Estados Unidos anunciaram US$ 350 milh�es em assist�ncia militar � Ucr�nia.
A Alemanha anunciou que vai doar mil lan�a-foguetes antitanque e 500 m�sseis Stinger � Ucr�nia. O an�ncio foi feito pelo chanceler alem�o Olaf Scholz, ap�s o terceiro dia de invas�o das tropas russas no territ�rio ucraniano. A doa��o rompe com uma pol�tica tradicional alem� de n�o exportar armas letais para zonas de conflito, informou uma fonte do governo ontem. O chefe de governo alem�o explicou que “a agress�o russa contra a Ucr�nia marca uma mudan�a de �poca e amea�a a ordem estabelecida no p�s-guerra. Nesta situa��o, � nosso dever ajudar, o tanto quanto pudermos, a Ucr�nia contra o Ex�rcito invasor de Vladimir Putin”.
“Levando em conta o ataque russo contra a Ucr�nia, o governo est� pronto para enviar com urg�ncia o material necess�rio para a defesa da Ucr�nia", disse a fonte. Segundo o presidente da Ucr�nia, Volodymyr Zelensky, outros pa�ses aliados est�o enviando armas e equipamentos para ajudar os ucranianos a lutarem. A B�lgica vai enviar 2.000 metralhadoras e 3.800 toneladas de combust�vel para a Ucr�nia, anunciou o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, numa mensagem na rede social Twitter.
As autoridades ucranianas contactaram as autoridades belgas solicitando combust�vel para o fornecimento ao seu Ex�rcito e “o nosso pa�s aceitou”, disse o primeiro-ministro belga, que tamb�m assegurou que o seu pa�s est� a proceder a uma "an�lise mais aprofundada" dos pedidos de Kiev. A B�lgica vai tamb�m enviar 300 soldados para a Rom�nia como parte da for�a de rea��o r�pida da Otan, ativada pela primeira vez sexta-feira pelos l�deres da Alian�a, no contexto da defesa coletiva ap�s a invas�o russa da Ucr�nia. A For�a de Rea��o R�pida da Otan conta com 40.000 soldados, incluindo portugueses, e incluiu uma for�a operacional conjunta de alt�ssimo n�vel de prontid�o (VJTF), de 8.000 soldados, atualmente comandados pela Fran�a.
A ministra da Defesa da Rep�blica Tcheca, Jana Cernochov�, anunciou ontem que o pa�s vai enviar US$ 188 milh�es em armamentos para a Ucr�nia. Segundo Cernochov�, ser�o enviados metralhadoras, rifles de precis�o, rev�lveres e muni��o ao pa�s. O governo tcheco ainda prometeu auxiliar com o transporte de cidad�os para um local designado por autoridades ucranianas.
Pouco ap�s Zelensky anunciar a ajuda de outros pa�ses, o secret�rio de Estado americano, Antony Blinken, anunciou mais US$ 350 milh�es em assist�ncia militar para a Ucr�nia. “Este pacote incluir� mais assist�ncia defensiva letal para ajudar a enfrentar as amea�as blindadas, a�reas e outras que a Ucr�nia enfrenta atualmente”, disse Blinken, em um comunicado. J� o minist�rio holand�s da Defesa indicou que entregar� 200 m�sseis antia�reos Stinger a Kiev o mais r�pido poss�vel, e a Rep�blica Tcheca anunciou uma doa��o de armas no valor de US$ 8,6 milh�es.
Tanque de combate russo foi destru�do pelas for�as ucranianas nos arredores da capital (foto: Anatolii Stepanov/AFP)
Combate
O Ex�rcito russo recebeu ordens ontem para expandir sua ofensiva contra a Ucr�nia, apesar do crescente protesto internacional em sentido contr�rio, alegando que Kiev rejeitou as negocia��es. “Depois de o lado ucraniano ter rejeitado o processo de negocia��o, todas as unidades receberam hoje (ontem) a ordem de ampliar a ofensiva em todas as dire��es, de acordo com o plano de ataque”, declarou o Minist�rio russo da Defesa, em um comunicado. No terceiro dia da invas�o ordenada pelo presidente Vladimir Putin na quinta-feira, as for�as russas fizeram incurs�es na capital, Kiev, embora tenha recuado para a periferia diante da forte resist�ncia das tropas ucranianas. Os bombardeiros russos atingiram um pr�dio residencial em Kiev.
Kiev, capital da Ucr�nia, tem sido alvo de constantes bombardeios desde sexta. Durante a noite, confrontos j� tinham sido registrados perto das esta��es de metr� de Berestiiska e Shulyavka. As for�as russas retomaram seu avan�o sobre Kiev, pois o lado ucraniano "rejeitou as negocia��es" propostas pela R�ssia, que instou Kiev a depor suas armas, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Dada a continua��o da resist�ncia ucraniana, o minist�rio russo da Defesa disse ontem que o Ex�rcito atacou infraestruturas militares com m�sseis navais e a�reos.
Volodimir Zelensky declarou ontem que “desmantelou o plano” de invas�o da R�ssia e lan�ou um apelo pela defesa da capital, Kiev, que se tornou o principal alvo das for�as de Moscou. “Mantivemo-nos firmes e repelimos com sucesso os ataques dos inimigos. Os combates continuam em muitas cidades e regi�es do pa�s (...) mas � nosso Ex�rcito que controla Kiev e as principais cidades ao redor da capital”, disse Zelensky, em um v�deo publicado no Facebook.
“Os ocupantes queriam bloquear o centro do nosso Estado e colocar marionetes, como em Donetsk. Conseguimos desmantelar o plano deles”, acrescentou Zelensky, afirmando que o Ex�rcito russo “n�o obteve vantagem alguma”. Ele tamb�m acusou as tropas russas de atacarem zonas residenciais e de tentarem destruir instala��es el�tricas. Em um apelo aos pa�ses ocidentais para que endure�am sua posi��o contra a R�ssia, o presidente disse que a Ucr�nia “tem o direito de obter sua ades�o � Uni�o Europeia”.
Para o Pent�gono, a resist�ncia ucraniana frustrou as tropas russas. A R�ssia conta em territ�rio ucraniano com “mais de 50%” das tropas que havia concentrado na fronteira entre ambos os pa�ses, mas parece “cada vez mais frustrada” com a resist�ncia do Ex�rcito ucraniano – declarou um funcion�rio de alta patente do Pent�gono ontem. “Calculamos que mais de 50% da for�a que (o presidente russo, Vladimir) Putin concentrou contra a Ucr�nia (...) est� mobilizada” dentro do pa�s, disse a fonte, que pediu para n�o ser identificada. “Al�m disso, continuamos vendo sinais de uma resist�ncia ucraniana vi�vel”, acrescentou.
Volunt�rios separam ajuda recolhida em pa�ses da Europa para ser enviada � Ucr�nia (foto: Oscar Del Pozo/AFP)
ONU determinada a oferecer ajuda humanit�ria ao pa�s
O secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, conversou por telefone ontem com o presidente da Ucr�nia, Volodymyr Zelensky, para expressar a “determina��o” da organiza��o “em refor�ar a ajuda humanit�ria ao povo ucraniano”, segundo um comunicado da ONU. Guterres “informou ao presidente que as Na��es Unidas far�o um apelo na ter�a-feira para financiar as opera��es humanit�rias (da organiza��o) na Ucr�nia”, afirma o texto. Na sexta-feira, a ONU pediu “acesso seguro e desimpedido” para a ajuda humanit�ria na Ucr�nia, invadida pelo ex�rcito russo. A organiza��o estima que haver� mais de 1,8 milh�o de pessoas deslocadas em um futuro pr�ximo devido � guerra.
A ONU tamb�m pediu que “as 7,5 milh�es de crian�as na Ucr�nia sejam protegidas das consequ�ncias do conflito” e que todas as partes se abstenham de atacar infraestruturas civis, especialmente aquelas que t�m impacto nas crian�as, como escolas, instala��es m�dicas e sistemas de �gua e saneamento. Antes do in�cio da guerra na madrugada de quinta-feira, a ONU, com quase 2.000 funcion�rios na Ucr�nia, estava ajudando cerca de tr�s milh�es de pessoas, a maioria no Leste do pa�s.
O papa comunicou ao presidente ucraniano ontem sua “profunda dor pelos acontecimentos tr�gicos” naquele pa�s, invadido por tropas russas, informou a embaixada ucraniana junto � Santa S�. “O Papa Francisco teve hoje (ontem) uma conversa telef�nica com o presidente Volodimir Zelenski. O Santo Padre expressou sua profunda dor pelos acontecimentos tr�gicos que ocorrem em nosso pa�s”, tuitou a miss�o diplom�tica. Na v�spera, o Sumo Pont�fice visitou a embaixada russa junto � Santa S� para expressar ao embaixador Alexander Avdeev "sua preocupa��o com a guerra", em um gesto incomum, e apesar de ter cancelado todos os seus compromissos devido a fortes dores no joelho.
V�timas da guerra
No terceiro dia da ofensiva lan�ada pelo presidente russo, Vladimir Putin, pelo menos 198 civis ucranianos, incluindo tr�s crian�as, foram mortos, e 1.115 pessoas ficaram feridas na Ucr�nia, de acordo com o ministro ucraniano da Sa�de, Viktor Lyashko. No total, mais de 116.000 ucranianos fugiram para os pa�ses vizinhos – como Hungria, Mold�via, Eslov�quia e Rom�nia – um n�mero “crescente”, tuitou neste s�bado o Alto Comissariado das Na��es Unidas para os Refugiados (Acnur).
Cerca de 115.000 ucranianos cruzaram a fronteira com a Pol�nia desde o in�cio do ataque russo, anunciou vice-ministro polon�s do Interior, Pawel Szefernaker, ontem. Ele atualizou o balan�o divulgado em uma entrevista coletiva apenas quatro horas antes, de cerca de 100.000 pessoas, o que mostra a rapidez com que os refugiados est�o fugindo do pa�s em guerra. “At� agora, 115.000 pessoas cruzaram a fronteira ucraniao-polonesa desde que explodiu a guerra”, disse Szefernaker � imprensa na cidade polonesa de Dorohusk, no Leste do pa�s.
Segundo ele, 90% dos migrantes t�m onde dormir, seja em casas de amigos, ou de familiares. Os demais ser�o recebidos em centros de acolhimento que ser�o instalados perto da fronteira. L�, receber�o comida e assist�ncia m�dica, ter�o um lugar para dormir e contar�o com um centro de informa��es sobre os procedimentos que precisam realizar. O diretor da Pol�cia de Fronteiras, Tomasz Praga, acrescentou, na entrevista coletiva, que apenas na sexta-feira cerca de 50 mil pessoas cruzaram a fronteira. A Pol�nia, onde cerca de 1,5 milh�o de ucranianos viviam antes da invas�o, expressou um forte apoio a Kiev. At� agora, recebeu a maior parte dos deslocados.
Cidade-fantasma
Em Kiev, agora uma cidade-fantasma abandonada por seus habitantes, os combates entre as for�as russas e ucranianas acontecem na Avenida Vit�ria, uma das principais art�rias da capital. Ontem, o prefeito da capital, Vitali Klitschko, afirmou que qualquer pessoa na rua entre as 17h e as 8h ser� tratada como um inimigo. Soldados ucranianos em patrulha garantiram � AFP que as for�as russas estavam em posi��o de tiro a poucos quil�metros de dist�ncia. Sob um c�u azul, os destro�os de um caminh�o militar atingido por um m�ssil ainda fumegavam, enquanto detona��es eram ouvidas ao longe.
O metr� de Kiev est� parado e agora serve de "abrigo" antia�reo para os moradores, anunciou o prefeito Klitschko no aplicativo de mensagens Telegram. Um grande edif�cio residencial foi atingido por m�sseis na manh� de ontem, segundo as autoridades ucranianas, que n�o informaram sobre v�timas. A noite foi “dif�cil”, disse o prefeito, garantindo que “unidades de sabotagem” de Moscou est�o na cidade, mas que ainda n�o h� unidades regulares do Ex�rcito russo.