
O brasileiro Guilherme Palma Donadio, de 34 anos, mora h� 5 anos em Lviv (540 km da capital, Kiev), e tem uma filha rec�m-nascida com sua esposa Oksana, que � ucraniana. Na madrugada do dia 24 de fevereiro, Guilherme acordou enquanto Oksana amamentava a beb� e acompanhava a not�cia de que a Ucr�nia estava sendo invadida pela R�ssia.
Al�m da seguran�a da esposa, da filha, e do c�ozinho da fam�lia, Guilherme tem uma preocupa��o extra: seus pais, os brasileiros Jo�o Batista e Marilena, tamb�m est�o no pa�s. O casal havia viajado para a Ucr�nia h� cerca de um m�s para visitar o filho e conhecer a primeira netinha, que havia acabado de nascer.
Agora, enquanto fortes bombardeios atingem a capital, ambos est�o presos na Ucr�nia sem saber como voltar para casa. O casal n�o fala ingl�s nem ucraniano e, segundo Guilherme, n�o recebeu quase nenhum apoio da embaixada.

Ataque por todos os lados
"Eu tinha certeza que alguma coisa ia acontecer, mas foi uma surpresa o tamanho desse ataque, por todos os flancos poss�veis", conta o brasileiro, que tem visto de resid�ncia ucraniano e mora perto da fronteira com a Pol�nia, no oeste do pa�s.
"� uma desgra�a", desabafa.
"Eu achava que seria nas regi�es de Luhansk e Donetsk (no leste do pa�s) e na Crimeia (no sul). N�o em Kiev. (Um pa�s) atacar a capital (de outro pa�s europeu) era algo que n�o acontecia desde a Segunda Guerra Mundial."
"Meus pais estavam com muito medo, claro. Apesar de morarem em S�o Paulo com toda a viol�ncia que tem a�, bombardeio de avi�o, de m�ssil � outra conversa", diz Guilherme.
Por enquanto, Lviv ainda n�o foi atingida por conflito direto - mas a popula��o aumentou muito, com milhares de pessoas fugindo de regi�es onde est� havendo bombardeio. A venda de gasolina est� limitada, h� toque de recolher durante a noite, filas enormes nos mercados e congestionamento nas estradas que levam � cidade.
Com o conflito, os pais de Guilherme - Jo�o Batista e Marilena - acabaram ficando presos na cidade, impedidos de voltar ao Brasil. O espa�o a�reo est� fechado, as estradas est�o congestionadas e h� uma espera de tr�s dias na fronteira com a Pol�nia para atravessar.
Os trens que ainda est�o fazendo trajeto para a Pol�nia est�o lotados e � muito dif�cil conseguir vaga - mesmo assim, Guilherme vai tentar conseguir lugares para os pais amanh�.
Eles diz que n�o quer tentar levar os pais nem pela Hungria nem pela a Rom�nia pois a rota n�o � mais segura, devido a conflitos no caminho.

Presos em Lviv
"Ainda temos internet e eletricidade, estamos seguros na medida do poss�vel, mas n�o sabemos o que vai acontecer", relata o brasileiro.
"Isso pode acabar a qualquer minuto, pode tocar uma sirene aqui e termos um bombardeio."
Segundo Guilherme, a embaixada brasileira entrou em contato, mas seus pais n�o tiveram nenhum apoio na tentativa de voltar para casa.
"O trem que foi disponibilizado saindo de Kiev � um absurdo. Funciona assim: voc�s entram no trem, a� chega na Rom�nia e � cada um por si s�. N�o ia ter suporte nenhum", afirma.
"Eu n�o tenho esperan�a nenhuma de que a embaixada v� ajudar."
Enquanto tenta encontrar uma solu��o para o retorno seus pais, Guilherme est� separado de sua filha rec�m-nascida e da esposa - ele as levou para um vilarejo no interior onde a fam�lia dela mora.
"Se houver algum tipo de bombardeio ou conflito armado em Lviv, levo meus pais para o vilarejo e ficamos l�", diz. "Mas eles querem voltar para o Brasil."

"Estou apreensivo, mas n�o tem que entrar em p�nico", pontua. "Agora � esperar, manter a calma. N�o adianta desesperar."
Embora tente encontrar sa�da para os pais, Guilherme n�o tem inten��o de voltar para o Brasil por enquanto - sua esposa � ucraniana, sua filha acabou de nascer e ele havia acabado de comprar uma casa.
"Os ucranianos est�o resistindo", diz ele. "Vi muita gente se voluntariando para lutar."
A Embaixada do Brasil em Kiev diz em nota que tem trabalhado, desde o agravamento das tens�es, para a prote��o dos cerca de 500 cidad�os brasileiros na Ucr�nia. Diz tamb�m que "orienta os brasileiros a seguir as instru��es das autoridades locais e acompanhar as not�cias."
"Em Kiev, a recomenda��o para o momento � de se ficar em casa, exceto se houver ativa��o de sirenes", descreve a embaixada. O posto diplom�tico declarou tamb�m que transmitir� mais orienta��es ao longo do tempo.
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