(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas Conflito

Guerra na Ucr�nia: san��es financeiras � R�ssia podem levar mundo � recess�o?

Retalia��es econ�micas devem ter consequ�ncias negativas aos pr�prios pa�ses que est�o impondo as san��es e � economia global como um todo. Para o Brasil, podem resultar em mais juros e menos crescimento.


01/03/2022 08:08 - atualizado 01/03/2022 11:21


Fila para usar caixa eletrônico em São Petersburgo, na Rússia, no último domingo
Fila para usar caixa eletr�nico em S�o Petersburgo, na R�ssia, no �ltimo domingo (foto: Reuters)

A nova rodada de san��es financeiras � R�ssia pode levar o mundo de volta � recess�o menos de dois anos ap�s a contra��o da economia global resultante da pandemia de covid-19?

Analistas avaliam neste momento que n�o. Mas acreditam que as retalia��es econ�micas � invas�o da Ucr�nia por Vladimir Putin devem ter consequ�ncias negativas aos pr�prios pa�ses que est�o impondo as san��es e � economia global como um todo.

Sob forte estresse, o sistema financeiro russo pode n�o ser capaz de honrar suas obriga��es, alertou o banco J.P. Morgan em relat�rio nesta segunda-feira (28/2). Isso teria consequ�ncia sobre institui��es financeiras de outros pa�ses, credores de d�vidas russas.

Al�m disso, a nova rodada de san��es mant�m a press�o sobre o pre�o de commodities como petr�leo, g�s natural, trigo e milho, com impacto adicional sobre uma infla��o global que j� vinha muito pressionada pelos efeitos da pandemia.

Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, esse cen�rio pode levar os bancos centrais de todo o mundo a elevar juros de forma mais r�pida, numa tentativa de conter uma escalada inflacion�ria.

Com mais juros, a economia global tende a crescer menos do que os 4% a 4,5% anteriormente esperados por organismos internacionais como o FMI (Fundo Monet�rio Internacional) e o Banco Mundial.

No Brasil, as exporta��es podem ser afetadas caso esse cen�rio todo resulte em um crescimento menor na China, avalia Vale.

E, com as press�es inflacion�rias adicionais, o Banco Central do Brasil pode ser levado a elevar a Selic (taxa b�sica de juros da economia brasileira) acima dos 12,25% esperados atualmente, ampliando as chances de recess�o em 2022 para um PIB que j� era esperado pr�ximo de zero.

As san��es financeiras impostas � R�ssia

Uni�o Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e outros pa�ses anunciaram no fim de semana um conjunto sem precedentes de san��es financeiras � R�ssia, em resposta � invas�o do pa�s � Ucr�nia.

Entre as medidas est�o a exclus�o de bancos russos do sistema de transfer�ncias financeira internacionais Swift e o congelamento de boa parte das reservas do Banco Central da R�ssia mantidas no exterior.


Pessoa segurando notas do rublo, o dinheiro russo
As san��es que t�m sido aplicadas � R�ssia t�m o objetivo levar a economia do pa�s � recess�o, frisam especialistas (foto: Reuters)

As san��es t�m por objetivo levar a economia russa � recess�o, pressionando a opini�o p�blica contra a a��o militar de Putin no pa�s vizinho.

Como consequ�ncia da nova leva de retalia��es econ�micas, o rublo russo desabou nesta segunda-feira (28/2), chegando a perder 30% do valor em rela��o ao d�lar. Para conter a queda, a autoridade monet�ria russa elevou a taxa b�sica de juros local de 9,5% para 20%.

Diante do temor de restri��es aos saques, filas se formaram em bancos e caixas eletr�nicos na R�ssia. O Banco Central Russo, no entanto, pediu calma e disse ter "os recursos necess�rios e ferramentas para manter a estabilidade financeira".

"Este conjunto de san��es est� atingindo os russos comuns de uma forma que as san��es anteriores n�o atingiram e as pessoas agora est�o se conscientizando disso", diz Chris Weafer, executivo-chefe da consultoria Micro-Advisory, baseado em Moscou.

"As pessoas est�o com muito mais medo. J� se fala que algumas empresas ter�o que reduzir o hor�rio de trabalho ou at� suspender a produ��o porque n�o conseguem acessar partes importantes do Ocidente devido a san��es ou limita��es comerciais, ent�o h� uma grande preocupa��o nas ruas", relata o analista.

Poss�veis impactos das san��es

Por Simon Jack, editor de Neg�cios na BBC News

Banir os bancos russos do sistema de transfer�ncias internacionais Swift pode ter efeitos colaterais para empresas e institui��es financeiras que t�m dinheiro a receber de contrapartes russas.

Em 2018, os Estados Unidos impuseram restri��es ao uso do sistema Swift por bancos iranianos, mas tratava-se de uma economia muito menor do que a russa e, na ocasi�o, a medida enfrentou oposi��o de diversos governos europeus.


Militares em meio a conflito entre Rússia e Ucrânia
Desde o come�o da guerra na Ucr�nia, pa�ses da Uni�o Europeia est�o adotando san��es contra os russos (foto: Reuters)

A Alemanha est� em posi��o particularmente sens�vel no cen�rio atual, pois depende da R�ssia para obter cerca de dois ter�os das suas necessidades de g�s natural. Assim, o pa�s imp�s um sacrif�cio a si mesmo, ao suspender a certifica��o do gasoduto Nord Stream 2, constru�do para transportar g�s da R�ssia � Alemanha.

Autoridades nos Estados Unidos, Europa e Reino Unido esperam minimizar os efeitos das san��es sobre suas pr�prias economias permitindo a continuidade de transa��es financeiras internacionais russas ligadas ao setor de energia e alimentos. Mas como essa filtragem ser� feita, ainda n�o est� claro.

Apesar de a exclus�o do sistema Swift provavelmente ter forte impacto para a R�ssia, h� um sistema alternativo chamado SPFS (sigla para Sistema para Transfer�ncia de Mensagens Financeiras), criado pela R�ssia ap�s a crise da Crimeia em 2014.

A China tamb�m possui um sistema secund�rio chamado CIPS, ou Sistema de Pagamento Interbanc�rio Transfronteiri�o.

Efeitos sobre a infla��o, economia mundial e Brasil

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o principal risco da "guerra econ�mica" contra a R�ssia continua sendo o de uma maior press�o inflacion�ria que leve os bancos centrais de todo o mundo a uma alta de juros mais en�rgica.

"S�o san��es em cima de um pa�s que tem um peso econ�mico fr�gil, mas que tem um peso em commodities relevante", observa Vale.


Nesta segunda-feira, os contratos futuros de trigo na bolsa de Chicago chegaram a subir 3,7%, os de milho 3% e os de soja, 2,5%. R�ssia e Ucr�nia respondem por cerca de 29% das exporta��es globais de trigo, 19% da oferta de milho e 80% das vendas mundiais de �leo de girassol, que compete com o �leo de soja.

J� o petr�leo do tipo Brent chegou a superar os US$ 105 por barril no in�cio das negocia��es nesta segunda-feira, posteriormente amortizando a alta para US$ 101. O petr�leo WTI, refer�ncia para o mercado americano, bateu em US$ 99 o barril, depois indo a US$ 95.


Carros incendiados em meio ao conflito
Russos e ucranianos disputam controle de Kharkiv (foto: EPA)

"Estamos colocando um choque inflacion�rio em cima de uma infla��o j� muito pressionada no Brasil, Estados Unidos e Europa. Isso coloca dificuldades importante para a condu��o da pol�tica monet�ria", avalia o analista.

Para Vale, a asfixia econ�mica de institui��es financeiras russas via exclus�o do sistema Swift pode resultar em calotes e quebra de bancos, mas o impacto disso para a economia mundial � limitado.

"A asfixia r�pida e intensa pode matar v�rios dos bancos russos, porque foi usada uma 'arma nuclear' que � o sistema Swift. Mas n�o estamos falando de China, EUA ou Europa, n�o h� impacto para gerar uma recess�o mundial", afirma.

Segundo o analista, uma outra consequ�ncia pode ser uma busca mais ativa dos pa�ses europeus pela transi��o energ�tica, visando uma menor depend�ncia do petr�leo e g�s natural e das exporta��es russas.

Para Vale, a possibilidade de uma recess�o global s� se tornaria mais palp�vel caso o conflito se generalize, deixando a esfera restrita da Ucr�nia, caso a R�ssia se sinta empoderada a estender sua a��o rumo a outros pa�ses.

Mas, diante da resposta dos pa�ses � invas�o da Ucr�nia e do poder de advert�ncia das graves san��es financeiras impostas, o economista avalia que essa escalada � por ora improv�vel.

"A guerra da Ucr�nia pode tirar pontos de crescimento [da economia mundial em 2022], por conta desse impacto de infla��o e juros. � prov�vel que a gente escorregue para um crescimento que fique abaixo dos 4% a 4,5% estimados pelo FMI e Banco Mundial, para algo mais pr�ximo de 3% a 3,5%. Mas precisaremos ver ainda os impactos adicionais."

Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)