
Natural de Belo Horizonte, Andr� Spinola est� h� 15 anos em Estocolmo, na Su�cia, comandando os neg�cios da empresa que fabrica embalagens pl�sticas para diversos tipos de ind�strias europeias, como a aliment�cia, automobil�stica e qu�mica.
Antes mesmo do in�cio da guerra na Ucr�nia, ele tinha viagem marcada para a Hungria. Ao saber do conflito com os russos, comunicou � esposa sueca e aos tr�s filhos que seguiria para o pa�s h�ngaro n�o apenas para acalmar a todos na f�brica da empresa, mas tamb�m para prestar ajuda �queles que mais necessitavam.
"Antes da invas�o russa acontecer j� tinha passagem marcada para a Hungria. Ao ver o in�cio do conflito me prontifiquei em deslocar para l�. Temos cerca de 100 colaboradores na f�brica na Hungria e quando cheguei l� no dia 28 de fevereiro encontrei um cen�rio ca�tico na cidade de Nyireghaza. Na f�brica, todos trabalhavam com medo porque nessa regi�o noroeste da Hungria, bem pr�xima da Ucr�nia, tem muitos h�ngaros, inclusive vivendo do lado de l� da fronteira. Muitos queriam abandonar a regi�o e seguir para a Alemanha, �ustria e outras localidades em busca de seguran�a", disse.

"Chegando l� � noite, encontrei uma situa��o de caos absoluto nessa cidade. Diariamente, chegam quatro trens com cerca de 400 refugiados cada um. Aqueles com passaporte h�ngaro, com familiares na regi�o seguiam viagem imediatamente. Os demais passavam por uma triagem mais detalhada e depois eram liberados. Os que chegavam mais � noite eram abrigados em uma escola com capacidade para 400 pessoas dormirem. No dia seguinte, seguiam seus destinos pois novos imigrantes desembarcariam no local. A grande maioria dos refugiados mulheres, crian�as e idosos devido � Lei Marcial decretada pelo governo ucraniano", contou.

"Reunimos doa��es na empresa at� a quinta-feira e retornamos at� Z�hony. Contamos com ajuda de amigos, colaboradores na Hungria e na Su�cia e compramos mantimentos e doamos gal�es de �gua. Descarregamos todos os donativos no centro comunit�rio local. L� tamb�m h� aux�lio da Cruz Vermelha H�ngara e do governo. Todos os refugiados que chegaram ali estavam muito abalados emocionalmente claro, muitos apenas com a roupa do corpo ou uma mochila. Mulheres chorando, crian�as com muito frio, pois a temperatura na regi�o nesta �poca do ano fica pr�xima de zero", ressaltou.
Reflexos da guerra na economia
Os ataques russos rapidamente impactaram a economia global. Com o aumento do barril de petr�leo, os combust�veis j� alcan�aram marcas recordes na regi�o.
"Os pre�os das commodities, do barril de petr�leo, dos insumos para a fabrica��o explodiram. N�s que trabalhamos com pl�stico e polietileno de alta densidade j� aumentou 18% s� neste m�s. Considerando que esses custos ser�o repassados para nossos clientes e para o consumidor se mantiver nesse n�vel causar� um problema mais grave em rela��o � infla��o. Por exemplo, o litro da gasolina na Su�cia hoje � recorde de 2,50 euros. No ano passado era 1,50 euro. Os reflexos econ�micos s�o muito profundos por aqui", ponderou.
O empres�rio mineiro teme que a situa��o possa ficar mais complicada se a OTAN entrar na guerra. "O medo maior � a OTAN acabar se envolvimento diretamente neste conflito, que rapidamente se expandiria por toda a Europa", disse.
Ele chama a aten��o para a necessidade de a popula��o estocar alimentos, �gua e at� combust�veis na regi�o. "Como parte do que trabalhamos � com gal�es de �gua e de gasolina direcionados ao consumidor final, nossa demanda explodiu com aumento de 300% nos pedidos. As pessoas em toda a Europa com uma amea�a de guerra, de crise, de trag�dia, de desastre natural ficam com muito medo e come�am a estocar as coisas em casa".
