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Estado de Minas MARIUPOL

Quem � a brasileira desaparecida na cidade mais atacada na Ucr�nia

Silvana Vicente Pilipenko, de 53 anos, � casada com ucraniano h� quase tr�s d�cadas. Ela estava em Mariupol quando come�aram os ataques russos.


17/03/2022 05:21 - atualizado 17/03/2022 07:22


Silvana Vicente Pilipenko
A brasileira Silvana Vicente Pilipenko, de 53 anos, n�o entra em contato com a fam�lia h� duas semanas (foto: Arquivo pessoal)

H� duas semanas, a paraibana Silvana Vicente Pilipenko, de 53 anos, n�o se comunica com a fam�lia no Brasil. A falta de contato tem causado muita preocupa��o nos parentes que aguardam por not�cias dela, que at� o in�cio de mar�o estava em Mariupol, uma importante cidade portu�ria no sudeste da Ucr�nia.

Nos primeiros dias sem not�cias, os familiares ficaram apreensivos, mas entenderam que se tratava de uma situa��o sobre a qual ela j� havia alertado: muitos pontos de Mariupol ficariam sem energia el�trica e internet por causa dos diversos ataques sofridos na regi�o.

Mas no s�bado (12/3), os parentes come�aram uma intensa busca por informa��es ap�s verem imagens de um pr�dio atacado em Mariupol.

"Esse pr�dio que tinha sido alvo de bombardeios era muito semelhante ao pr�dio em que ela estava. N�o sabemos, at� o momento, se era o pr�dio dela, mas ficamos muito preocupados e come�amos uma mobiliza��o por informa��es", diz a sobrinha de Silvana, a universit�ria Beatriz Vicente, de 20 anos.

Mariupol, que tem cerca de 400 mil habitantes, tem sido duramente atingida por ataques nas �ltimas semanas. Milhares de civis est�o presos na cidade, enquanto as tropas russas seguem a ofensiva com m�sseis e artilharia, segundo autoridades ucranianas. Muitos edif�cios j� foram destru�dos.

O cen�rio de guerra na cidade tem sido noticiado em todo o mundo. H� relatos de falta de comida e dificuldades para deixar a regi�o. Na semana passada, um ataque russo atingiu um hospital infantil e uma maternidade de Mariupol, segundo autoridades ucranianas.

Entre Brasil e Ucr�nia

Logo nos primeiros dias de ataques russos, Silvana demonstrou preocupa��o, mas n�o deixou Mariupol. Ela estava em um apartamento com o marido, Vasyl Pilipenko, e a sogra dela, de 86 anos, que precisa de cuidados dos familiares.


Silvana e Vasyl Pilipenko
Brasileira e ucraniano se conheceram em Santos e est�o juntos h� 27 anos (foto: Arquivo pessoal)

Em um v�deo para um ve�culo de imprensa paraibano, gravado no �ltimo dia em que manteve contato com a fam�lia, Silvana falou que a cidade estava cercada e todas as sa�das estavam fechadas.

"N�o sa�mos logo no in�cio (do conflito) porque temos a m�e do meu esposo, a minha sogra, muito fragilizada e � quase imposs�vel tentar se aventurar a sair da cidade com ela", disse.

A paraibana ainda comentou que a Embaixada brasileira em Kiev, capital da Ucr�nia, ofereceu transporte e trem para deixar o pa�s, mas n�o se responsabilizou por poss�veis riscos no trajeto em meio ao conflito. "Ent�o seria por conta e risco nosso. Diante desses obst�culos, decidimos ficar aqui em Mariupol", relatou no v�deo.

Nas conversas com a fam�lia no in�cio do conflito entre R�ssia e Ucr�nia, Silvana contou que estava apreensiva e relatou algumas situa��es que vivenciou desde o in�cio dos ataques no fim do m�s passado.

"Ela disse que viu as luzes de alguns bombardeios, em lugares distantes da casa dela. Ela ouviu barulhos de bombas e at� viu uma �rvore destru�da por um ataque quando saiu de casa, mas contou que na �rea do apartamento dela n�o havia nenhum tipo de ataque", conta a sobrinha da brasileira.

Nos primeiros dias de ataques, Silvana compartilhou informa��es sobre a situa��o no seu perfil no Instagram. Em uma publica��o, contou que quase todos os supermercados estavam fechados e os poucos que permaneciam abertos sofriam com a escassez de alimentos e �gua.


Brasileira Silvana Vicente Pilipenko
Em v�deo gravado no �ltimo dia em que mandou not�cias para a fam�lia, Silvana relatou situa��o dif�cil na Ucr�nia (foto: Reprodu��o)

"Conseguimos comprar algumas poucas coisas e 4 botij�es de �gua com g�s. N�s estamos economizando tudo o que temos, porque n�o sabemos at� quando essa situa��o se estender�", escreveu a brasileira em um trecho da publica��o na rede social.

Silvana, que � artes�, havia retornado � Ucr�nia em janeiro deste ano, ap�s meses em Jo�o Pessoa, na Para�ba, onde a fam�lia dela mora. A previs�o era de que ela retornasse ao Brasil em 20 de mar�o, segundo os parentes.

A vida dela � dividida entre Brasil e Ucr�nia h� cerca de 27 anos, desde que ela conheceu o marido ucraniano, que era capit�o da marinha mercante, em uma festa durante uma viagem a Santos (SP). Os dois come�aram a namorar e pouco depois tiveram um filho, que nasceu no Brasil e hoje tem 26 anos.

Assim como o pai, Gabriel tamb�m � marinheiro mercante. O rapaz, que estava em Taiwan, deixou a embarca��o desde que os pais pararam de mandar not�cias, para buscar por informa��es sobre eles.

"Eu sei qual a situa��o em Mariupol e que � basicamente imposs�vel entrar na cidade. Pessoas cozinham nas ruas por falta de eletricidade, g�s, �gua e aquecimento. Por semanas a cidade n�o recebe suprimentos e o que sobrou tem acabado", diz Gabriel � BBC News Brasil.

Ele afirma que conhece outras pessoas que tamb�m t�m familiares na cidade e diz que "pouqu�ssimas delas" t�m conseguido contato com os entes queridos atualmente.

Os intensos ataques a Mariupol se explicam pela posi��o estrat�gia da cidade no mapa da Ucr�nia. Se dominada, a cidade ajudar� os russos a formarem uma esp�cie de corredor ligando as duas �reas separatistas da regi�o de Donbas at� a pen�nsula da Crimeia, anexada pela R�ssia em 2014. Com esse grau de controle, os russos teriam tamb�m acesso facilitado tanto ao Mar de Azov quanto ao Mar Negro.


Áreas da Ucrânia controladas pela Rússia
(foto: BBC)

A falta de not�cias

O �ltimo contato de Silvana com a fam�lia foi feito por meio de uma videochamada em 2 de mar�o, diz a sobrinha dela. Na conversa, a brasileira contou sobre a constante queda de energia e sobre a falta de internet em diversos momentos. "Ela disse que por conta disso talvez a gente perdesse contato nos dias seguintes", detalha Beatriz.


Reprodução de publicação de Silvana no Instagram
Brasileira compartilhou sobre a situa��o em Mariupol no Instagram e comentou sobre a escassez de comida e �gua (foto: Reprodu��o)

"Ela estava bem no nosso �ltimo contato, mas muito ansiosa com toda a situa��o. Ela tentava manter a esperan�a se agarrando muito a Deus", acrescenta a sobrinha.

A fam�lia n�o teve mais not�cias de Silvana. Com o avan�o dos ataques russos nos �ltimos dias, a preocupa��o ficou cada vez maior. Quando os familiares viram o ataque a um pr�dio semelhante ao local em que ela estava, come�aram uma corrida por informa��es e buscaram autoridades locais e volunt�rios brasileiros que ajudam pessoas que t�m parentes na Ucr�nia.

"Entramos em contato com emissoras de televis�o, com o Itamaraty e com o governo paraibano", conta Beatriz.

At� o momento, a fam�lia n�o sabe se o pr�dio atingido era realmente o local em que Silvana estava ou se era uma constru��o muito semelhante.

Os familiares da brasileira contam que por enquanto n�o conseguiram nenhuma informa��o ou alguma ajuda concreta.

Em nota � BBC News Brasil, o Itamaraty diz que est� ciente do caso da paraibana e afirma que j� acionou organiza��es internacionais de apoio humanit�rio que est�o na cidade para "tentar localizar a cidad�".

Ainda em nota, o Itamaraty diz que n�o pode fornecer dados espec�ficos sobre o caso em raz�o do direito � privacidade e que "informa��es detalhadas poder�o ser repassadas somente mediante autoriza��o dos envolvidos". A entidade afirma que tem mantido contato regular com familiares da paraibana por meio de um escrit�rio de apoio em Lviv, na Ucr�nia.


Imagem de satélite em Mariupol
Imagem de sat�lite mostra inc�ndios ap�s ataques russos em �rea residencial do leste de Mariupol, na Ucr�nia (foto: MAXAR)

Sem informa��es, os familiares acompanham com apreens�o o cen�rio em Mariupol. Na ter�a-feira (15/3), havia centenas de pessoas amontoadas no por�o de um grande edif�cio p�blico da cidade. No local, havia escassez de comida e muitos precisavam de ajuda m�dica urgente, informou o jornalista brasileiro Hugo Bachega, da BBC.

Mesmo diante do cen�rio tr�gico, a fam�lia de Silvana mant�m a esperan�a de que a mulher, o marido e a sogra est�o bem. "A gente acredita que o pr�dio dela n�o foi atingido, ela est� dentro de casa e s� est� sem comunica��o", afirma a sobrinha dela.

"Se Deus quiser est�o em casa sem energia por duas semanas e com os celulares descarregados. Me recuso a pensar algo al�m disso", diz o filho da brasileira e do ucraniano.

O Minist�rio das Rela��es Exteriores do Brasil disponibiliza n�meros de telefone para informa��es sobre brasileiros na Ucr�nia. Os contatos s�o +380 95 876 76 64 em Lviv ou +380 50 384 5484 em Kiev.

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