Descendente de japoneses, com uma trajet�ria bem-sucedida como professor universit�rio, foi, em 1990, o primeiro filho de imigrantes a conquistar a presid�ncia do Peru, superando nas urnas o escritor Mario Vargas Llosa.
Com racionalidade de matem�tico e conten��o japonesa, aplicou m�o dura para desmantelar as guerrilhas. Acabou sendo preso por violar os direitos humanos.
- Julgado pela hist�ria -
O ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) lhe concedeu um indulto no fim de 2017, mas n�o levou muito tempo para que Fujimori perdesse novamente a liberdade. No in�cio de 2019, voltou � pris�o depois que um juiz anulou o perd�o presidencial.
"Voltar � pris�o � uma pena de morte lenta e certa", disse na �poca Fujimori, que sofria de c�ncer de l�ngua e problemas card�acos.
Contudo, em mar�o de 2022, a Corte Constitucional aceitou um recurso que solicitava que a decis�o judicial que anulou o indulto ficasse sem efeito.
"Que a hist�ria julgue meus acertos e erros", escreveu o ex-presidente ao completar 80 anos, em 28 de julho de 2018, em um manuscrito enviado � AFP, no qual expressou sua convic��o de que foi respons�vel por assentar as bases de um pa�s que ser� "l�der na Am�rica Latina".
- 'Her�i' para alguns, 'vil�o' para outros -
Fujimori era bastante popular. Mas, em novembro de 2000, em meio � crescente oposi��o ap�s 10 anos de governo, fugiu para o Jap�o e renunciou � presid�ncia por fax.
O ex-presidente ostentou um poder quase absoluto ap�s dar um "autogolpe" em 5 de abril de 1992, dissolvendo o Congresso e intervindo no Judici�rio, apoiado nas For�as Armadas e na estrat�gia de seu assessor de intelig�ncia, Vladimiro Montesinos, que agora est� preso.
Com quatro condena��es judiciais por crimes contra a humanidade e corrup��o, a maior delas de 25 anos de pris�o, Fujimori � considerado um "her�i" para muitos peruanos, e "vil�o" para outros tantos.
Cultivou um estilo autorit�rio que combinava com o seu perfil de homem frio, desconfiado, pouco comunicativo e calculista. Governava em uma esp�cie de fraternidade secreta, ao lado de um pequeno c�rculo de colaboradores, sem o contrapeso de outros poderes do Estado, e com controle sobre os meios de comunica��o, o que abriu as portas para a corrup��o.
- Liberta��o de ref�ns da embaixada japonesa -
Fujimori aplicou um modelo econ�mico neoliberal que lhe rendeu o apoio de empres�rios, classes dirigentes e organismos financeiros internacionais. Isso lhe permitiu superar a crise que assolou o pa�s durante o primeiro mandato de Alan Garc�a (1985-1990).
Tamb�m derrotou as guerrilhas Sendero Luminoso e Movimento Revolucion�rio Tupac Amaru (MRTA), mas acabou sendo denunciado por organiza��es de direitos humanos de cometer massacres de civis inocentes na a��o contra esses grupos.
Contudo, um dos epis�dios que mais lhe deu capital pol�tico foi a liberta��o de ref�ns na resid�ncia do embaixador japon�s, tomados pelo MRTA, em abril de 1997.
Depois de 122 dias, do total de 72 ref�ns, 71 foram libertados e um morreu. J� os 14 rebeldes foram mortos em uma opera��o militar, que recebeu elogios de muitos governos e questionamentos de grupos de direitos humanos, que denunciaram que os sequestradores foram executados depois de rendidos.
Ap�s cinco anos no Jap�o, chegou de surpresa, em 2005, no Chile, que o extraditou em 2007 ao Peru, onde foi julgado e condenado.
LIMA