"N�o sei o que dizer, estou muito feliz, estou muito triste, te amo Julian, com todo o meu cora��o e gostaria que estivesse aqui", disse Moris com l�grimas nos olhos ap�s o fim da cerim�nia na pris�o de Belmarsh, ao sul da capital.
Dezenas de seguidores esperavam por ela com confete em frente ao local, onde esta jovem advogada que se uniu � defesa de Assange em 2011 cortou um bolo de casamento.
O v�u de seu vestido cinza prateado, desenhado pela brit�nica Vivienne Westwood, que h� anos apoia a causa de Assange, tinha palavras bordadas como "livre", "tumultuoso", "nobre". A lend�ria estilista punk de 80 anos tamb�m desenhou um kilt escoc�s para o noivo, em homenagem aos seus ancestrais escoceses.
Assange, de 50 anos, tenta por todos os meios n�o ser extraditado para os Estados Unidos, que querem julg�-lo pela publica��o de centenas de milhares de documentos secretos, incluindo muitos que revelaram os abusos cometidos pelos militares americanos no Iraque e no Afeganist�o.
Na semana passada, a Suprema Corte brit�nica negou a possibilidade de recorrer da extradi��o, sobre a qual a ministra do Interior, Priti Patel, tem agora a �ltima palavra.
Assange e Moris tiveram dois filhos em segredo durante os quase sete anos que o australiano viveu refugiado na embaixada equatoriana, onde ele foi preso em abril de 2019, quando o presidente Len�n Moreno retirou a prote��o concedida a ele em 2012 por seu antecessor Rafael Correia.
Nesta quarta-feira, os dois pequenos chegaram � pris�o acompanhando sua m�e, tamb�m vestidos com trajes escoceses.
- "Luta pela liberdade de imprensa" -
Um funcion�rio do registro civil realizou o casamento e apenas quatro convidados e duas testemunhas puderam comparecer � cerim�nia.
Moris denunciou que as autoridades prisionais rejeitaram as testemunhas propostas - jornalistas - e o fot�grafo - que tamb�m trabalha para a imprensa -, apesar da presen�a em "car�ter privado".
"Querem que Julian permane�a invis�vel para o p�blico a todo custo, mesmo no dia de seu casamento, e especialmente no dia do seu casamento", escreveu em um artigo publicado pelo The Guardian, comparando essa "l�gica de fazer uma pessoa desaparecer na esperan�a de que seja esquecida como o que a R�ssia sovi�tica fazia".
Mas os apoiadores que se deslocaram para as portas do Belmarsh n�o estavam dispostos a esquecer.
"Um casamento deve ser uma celebra��o, mas neste caso, n�o �", disse � AFP Maureen Lambert, uma londrina de 76 anos, erguendo cartazes que diziam "O jornalismo n�o � um crime".
Assange se tornou um cavalo de batalha dos defensores da liberdade de imprensa, que acusam Washington de tentar suprimir informa��es de seguran�a relevantes. Mas as autoridades americanas dizem que ele n�o � jornalista, e sim um hacker que colocou em risco a vida de muitos informantes ao publicar os documentos completos sem primeiro edit�-los.
"N�s o homenageamos pelo seu valor e integridade, mas a batalha pela liberdade de Julian sempre foi muito mais do que a persegui��o de um editor", afirmou, entre os manifestantes, o jornalista americano Chris Hedges, vencedor de um Pulitzer.
"� a luta mais importante da nossa �poca pela liberdade de imprensa e, se perdermos, ser� devastador n�o s� para Julian e sua fam�lia, como tamb�m para n�s", acrescentou.
Se condenado por espionagem nos Estados Unidos, Assange pode receber uma senten�a de 175 anos de pris�o.
Sua defesa, coordenada pelo ex-juiz espanhol Baltasar Garz�n, argumentou que ele poderia cometer suic�dio se exposto ao sistema prisional americano. E a princ�pio conseguiu que a justi�a brit�nica lhe desse raz�o, impedindo a extradi��o.
Mas o Executivo americano apelou e convenceu os ju�zes de que Assange seria mantido em boas condi��es, com tratamento psicol�gico adequado, obtendo o aval para sua entrega.
LONDRES