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Estado de Minas MONTEVID�U

Am�rica Latina enfrenta desafio de manter talentos tecnol�gicos


23/03/2022 16:24

A sensa��o de inseguran�a no Rio de Janeiro e um sal�rio polpudo convenceram o engenheiro de software Bruno Ribeiro a se mudar para a Calif�rnia, o grande polo tecnol�gico dos Estados Unidos, cujas empresas est�o recrutando cada vez mais latino-americanos.

H� poucos anos, Bruno trabalhava � dist�ncia e n�o tinha planos de emigrar, mas um epis�dio o fez mudar de opini�o.

"O auge foi numa noite em que eu e minha esposa vimos quatro assaltos. A gente n�o queria ver essa viol�ncia t�o perto dos nossos filhos", contou � AFP o engenheiro de software em sua casa em Los Angeles, onde trabalha para a gigante do entretenimento Disney.

"A grande mudan�a � que as pessoas preferem hoje em dia ficar no Brasil trabalhando para empresas de fora devido � deprecia��o da moeda", opina o brasileiro de 39 anos.

A digitaliza��o da vida cotidiana fez disparar a demanda global por engenheiros de software, desenvolvedores e programadores, uma tend�ncia que se consolidou com a pandemia.

Agora, a escassez geral destes profissionais � "enorme", destaca Diego Bertolini, diretor de recursos humanos na ag�ncia de marketing digital Raccoon.Monks.

Para captar esses talentos, as empresas internacionais "est�o sendo extremamente agressivas em termos salariais e de benef�cios", o que representa um grande desafio para a regi�o, afirmou Bertolini � AFP.

Este apetite reconfigurou o mercado de trabalho ao apagar as fronteiras tradicionais e incorporar cada vez mais a contrata��o remota.

O resultado desta equa��o: ao fim de 2022, haver� um d�ficit de 48% de m�o de obra digital para satisfazer a demanda da Am�rica Latina, segundo a empresa de consultoria internacional PageGroup, especializada em recursos humanos.

- Sal�rios em d�lar -

O impacto econ�mico da pandemia causou a desvaloriza��o das divisas latino-americanas, o que tornou as ofertas de trabalho das empresas no exterior ainda mais atrativas.

Trabalhar em casa com sal�rios em d�lares ou euros se tornou mais conveniente do que deixar o pa�s, e permite que as companhias "de fora" economizem seus custos.

"Conv�m a todos: a mim, a eles. Estou feliz, eles est�o felizes", diz a boliviana Adriana Zegarra, de 44 anos, programadora autodidata que trabalha para uma empresa canadense sem sair de sua casa em frente ao pico nevado Illimani, em La Paz.

"Os contratos para consultores internacionais para meu cargo variam entre 2.000 e 3.000 d�lares mensais", explica � AFP. "Aqui tem ministros que ganham isso!".

Uma empresa boliviana "para fazer o mesmo me pagaria tr�s vezes menos", acrescenta.

Nesse sentido, as grandes perdedoras acabam sendo as milhares de startups pequenas e m�dias que lutam para nascer e crescer na regi�o, mas que se deparam com a dificuldade de manter seus funcion�rios.

� o caso de Jhon Montevilla (39), amigo de Zegarra e empreendedor em tecnologia. Ele quis abrir uma plataforma de an�ncios no estilo da OLX e do MercadoLivre para o mercado boliviano, mas o aplicativo nunca foi ativado.

"Quando precisamos investir em marketing, os recursos j� tinham ido embora nos sal�rios para tentar ser competitivos" com o que empresas similares em mercados maiores oferecem, conta.

Diante desta realidade, empresas emergentes ou consolidadas da Am�rica Latina t�m optado por capacitar trabalhadores, alguns com pouca ou nenhuma experi�ncia pr�via.

"A gente n�o consegue trazer pessoas com forma��o pronta ou pr�xima do que a gente precisa, ent�o tem um grande esfor�o interno para que isso aconte�a", explica Bertolini, que, contudo, ressalta que "as empresas l� fora aproveitam esse momento tamb�m".

"Enquanto a gente est� aqui treinando e as pessoas ficam prontas, vem uma proposta muito melhor, e a pessoa n�o pensa duas vezes antes de aceitar", frisou.

- Em busca de habilidades -

Um exemplo desta din�mica � o uruguaio Guzm�n Freigedo, de 31 anos, que acaba de ser contratado pela companhia holandesa Picnic, um supermercado online, como engenheiro de redes.

Em seu trabalho anterior, a empresa "precisava de algu�m mais experiente". "Eles praticamente me treinaram no primeiro ano para tudo o que eu teria que fazer depois", conta. Tr�s anos depois, ele deixou a companhia para receber em Amsterd� "entre tr�s e quatro vezes" mais do que ganhava em Montevid�u.

No Uruguai, o setor tem uma demanda n�o atendida de 5.000 t�cnicos, "um n�mero que aumentou nos �ltimos tempos", disse � AFP Mat�as Boix, vice-presidente da Comiss�o People Talent da C�mara Uruguaia de Tecnologia da Informa��o.

J� no Brasil, espera-se que, entre 2021 e 2025, a demanda de profissionais de tecnologia da informa��o chegue a quase 800 mil, segundo a Brasscom, a associa��o das empresas do setor. Atualmente, 53 mil pessoas se formam por ano no setor, mas o mercado tem uma necessidade anual de 159 mil profissionais, acrescenta a associa��o.

De acordo com a companhia especializada IDC, a regi�o da Am�rica Latina cresceu 8,5% no mercado de tecnologia da informa��o em 2021, e este ano alcan�ar� uma expans�o de 9,4%.

Embora alguns observadores alertem para a defasagem das universidades e das pol�ticas p�blicas na Am�rica Latina em termos de capacita��o tecnol�gica, nos �ltimos cinco anos, a for�a de trabalho de TI da regi�o cresceu cerca de duas vezes mais r�pido que a dos Estados Unidos, segundo o PageGroup.

Para Sarah Stanton, do Programa de Educa��o do Centro de Especialistas do Di�logo Interamericano, o setor privado e as institui��es estatais devem trabalhar juntos e, inclusive, estabelecer interc�mbios regionais para enfrentar esses "desafios de habilidades", que s�o essenciais para avan�ar.

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