"O Comit� Internacional da Cruz Vermelha confirma que recebeu uma carta na qual o governo da Nicar�gua notifica que decidiu retirar o benepl�cito de nosso chefe de miss�o" no pa�s, disse Mar�a Cristina Rivera, coordenadora de comunica��es da Cruz Vermelha para o M�xico e a Am�rica Central.
A retirada do benepl�cito implica a sa�da do pa�s do funcion�rio, que j� deixou a Nicar�gua.
"N�o sabemos as raz�es desta decis�o que nos pegou de surpresa. Apesar dessa situa��o, o CICV ratifica seu compromisso de continuar seu trabalho humanit�rio na Nicar�gua, apegada a seus princ�pios de neutralidade, imparcialidade e independ�ncia", explicou Rivera.
- Primeiro o n�ncio -
A expuls�o do delegado do CICV acontece dias depois de uma decis�o semelhante tomada contra o representante do Vaticano em Man�gua, Waldemar Stanislaw Sommertag, classificada pela Santa S� como "grave". O presidente da Confer�ncia Episcopal da Nicar�gua, bispo Carlos Herrera, disse nesse momento que as rela��es entre Sommertag e o governo Ortega n�o eram boas.
Tamb�m esta semana, o representante permanente da Nicar�gua na OEA, Arturo McFields, descreveu o governo de Ortega como uma "ditadura" e denunciou as m�s condi��es carcer�rias em que se encontram v�rios "presos pol�ticos" no pa�s. Familiares de alguns desses presos denunciaram recentemente que o governo negou a entrada na pris�o da Cruz Vermelha para verificar seu estado de sa�de.
A Associa��o de Familiares de Presos Pol�ticos condenou a expuls�o de Ess e valorizou o apoio da institui��o que ele liderou, que "teve um papel importante" para os presos e seus familiares, "coordenando para verificar a situa��o sanit�ria dentro das pris�es". A ONG destacou que, dada a falta de informa��o das autoridades sobre seus parentes detidos, era por meio do por meio do CICV que eles recebiam "not�cias espec�ficas" sobre suas necessidades m�dicas.
Para a presidente do independente Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), Vilma N��ez, a medida do governo contra o delegado do CICV � preocupante. Um dos detidos, o ex-guerrilheiro Hugo Torres, morreu no hospital ap�s passar meses na pris�o. "Esperamos que o CICV supere essa situa��o, reponha deu funcion�rio e siga suas fun��es de vigil�ncia, transmitindo ao governo situa��es graves dentro da pris�o", disse Vilma.
Para Juan Pappier, pesquisador para as Am�ricas da ONG Human Rights Watch, a expuls�o do representante da Cruz Vermelha � "uma demonstra��o irrefut�vel de que o regime tem toler�ncia zero com qualquer escrut�nio internacional em mat�ria de direitos humanos".
"O CICV sempre trabalhou conosco muito de perto, fazendo todas as tentativas poss�veis de atender aos nossos chamados sobre a sa�de dos nossos familiares presos", disse � AFP Olama Hurtado, sobrinha do ex-candidato presidencial Juan Sebasti�n Chamorro, condenado a 13 anos de pris�o.
O ex-guerrilheiro Daniel Ortega, 76, no poder desde 2007, acusa seus opositores de quererem derrub�-lo com o apoio de Washington. Para a comunidade internacional, a pris�o de seus cr�ticos respondeu a uma manobra para ele se perpetrar no poder.
O CICV � uma organiza��o humanit�ria neutra e chegou � Nicar�gua em 2018. Na �poca, constatou a situa��o dos centenas de detidos ap�s protestos contra o governo de Ortega, em meio a uma crise pol�tica que ainda persiste.
Ap�s uma negocia��o da qual participaram Sommertag e a OEA, em 2019 foi concedida uma anistia e dezenas deles foram libertados. O CICV acompanhou o processo.
MAN�GUA