(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas BUENOS AIRES

Ditadura argentina cavou sua pr�pria cova com a Guerra das Malvinas h� 40 anos


29/03/2022 12:55

O ditador argentino, Leopoldo Galtieri, cavou a sua pr�pria cova h� 40 anos quando lan�ou a aventura militar das Malvinas e perdeu a guerra contra o Reino Unido em derrota que resultou na queda do regime e no retorno da democracia.

Em 2 de abril de 1982, tropas da ditadura recuperaram � for�a as ilhas que a Argentina reivindicava como parte de seu territ�rio. Foram 74 dias de batalhas em terra, mar e ar. Depois se renderam diante de uma colossal for�a-tarefa enviada por Londres.

Tr�s dias antes, em 30 de mar�o, uma massiva mobiliza��o de rua da central dos trabalhadores e dos partidos pol�ticos que pediam "Elei��es j�" foi reprimida fortemente com centenas de feridos e detidos, al�m de um morto na cidade de Mendoza.

Os combates nessas ilhas do Atl�ntico Sul deixaram 649 argentinos e 255 brit�nicos mortos. O mundo assistiu com medo � guerra entre dois pa�ses do Ocidente.

� o mais importante dos conflitos de soberania reconhecido pelo comit� de descoloniza��o das Na��es Unidas.

"Galtieri tinha pretens�es pol�ticas de entrar para a hist�ria. Sua ditadura entrava em uma forte crise econ�mica, em meio de viola��es massivas dos direitos humanos. Foi puro oportunismo sem tra�os de patriotismo", disse � AFP o historiador Felipe Pigna, bem-sucedido autor de livros e programas did�ticos de TV.

Inicialmente, a manobra rendeu frutos: Galtieri apareceu na sacada da Casa Rosada (pal�cio presidencial), uma tradi��o de governantes democr�ticos, diante de uma Plaza de Mayo tomada de pessoas que respaldava a recupera��o das Malvinas.

"Foi um tiro no escuro da ditadura c�vico-militar que buscava se perpetuar no poder. Acontece que as Malvinas fazem parte da identidade e do sentimento de pertencimento dos argentinos", afirma � AFP Edgardo Esteban, diretor do Museu Malvinas, escritor e jornalista, premiado pelo roteiro do filme 'Iluminados por el fuego", seu testemunho como ex-combatente.

Pigna recorda que "havia sido preparado um plano secreto de ocupa��o para uma das duas datas p�trias, o 25 de maio (Revolu��o de 1810) ou o 9 de julho (Independ�ncia em 1816). Por�m, diante dos protestos sociais, o aumento do d�lar e as corridas aos bancos, os planos foram apressados.

- Fantasia ditatorial -

A ONU admite a disputa de soberania desde 1965 e chama as duas partes para negoci�-la. O Reino Unido sempre se negou. "A Argentina quer recuper�-las por meio da diplomacia e da paz. As Malvinas s�o parte da nossa vida", disse Esteban.

"A ditadura criou a fantasia de que teria o apoio dos EUA. O plano era ocupar, negociar e se retirar. Por�m, ao ver a Plaza de Mayo repleta de pessoas diante da sacada, Galtieri decidiu ficar", explicou Pigna. Quase 15.000 soldados argentinos foram enviados ao arquip�lago no Atl�ntico Sul.

A ent�o primeira-ministra brit�nica, Margareth Thatcher, estava enfraquecida internamente, mas encontra um motivo para melhorar sua imagem. Envia � guerra milhares de tropas, dois porta-avi�es e centenas de barcos, bombardeiros e helic�pteros. "Possu�a uma enorme superioridade militar", constata Pigna.

"Londres consegue o apoio da OTAN, de Washington e da ditadura de Augusto Pinochet no Chile", analisa o historiador.

A Argentina se rende em 14 de junho e o regime, em crise terminal, convoca elei��es.

- Soldados torturados -

Na noite da rendi��o, milhares de argentinos marcharam � Plaza de Mayo para reclamar contra os respons�veis pela derrota. Foram reprimidos com balas de borracha e gases lacrimog�nios.

Mas a fossa estava cavada e os ditadores a ponto de cair. Nomearam um general de transi��o, Reynaldo Bignone, que convocou elei��es e o sistema democr�tico regressa em outubro de 1983.

"Se subestimou o inimigo por causa dos v�nculos com os Estados Unidos e dos elogios de Reagan a Galtieri. A auto-cr�tica e os erros militares est�o contidos no Informe Rattenbach, colocado como p�blico h� 10 anos", indicou Esteban.

O historiador e o ex-combatente destacam o contraste entre a atitude heroica dos inexperientes e jovens soldados ("esse meninos que colocaram o corpo", disse Pigna) e as brutais condu��es das ordens militares, denunciados, at� mesmo, por aplicar-lhes torturas no campo de batalha.

Apesar dos militares argentinos terem sido condenados pelos crimes da ditadura, as torturas sofridas pelos recrutas, como priv�-los de alimentos ou enterr�-los na neve at� o peito, ainda n�o foram julgadas. Quem os denunciaram est�o, 40 anos depois, � espera da Corte Suprema determinar se constituem crimes de lesa humanidade, portanto n�o sendo pass�vel de prescri��o.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)