As boas-vindas s�o para as nove crian�as judias ucranianas que a escola do movimento Massorti (conservador) acolhe desde que fugiram precipitadamente de Kiev, Odessa e Kharkiv devido � invas�o russa.
Quase 80 anos ap�s a queda do regime nazista, � na Alemanha onde milhares de judeus ucranianos encontram ref�gio, especialmente em Berlim, onde s�o recebidos de bra�os abertos pelos muitos judeus de l�ngua russa que aqui se estabeleceram ap�s o fim do regime sovi�tico.
"Vivemos uma situa��o historicamente not�vel no contexto dos terr�veis crimes da Segunda Guerra Mundial cometidos pelos alem�es na Ucr�nia", aponta Felix Klein, comiss�rio do governo de Olaf Scholz para a luta contra o antissemitismo, durante uma visita a esta escola.
Cerca de 3.000 judeus ucranianos, de um total de mais de 283.000 refugiados ucranianos, teriam encontrado ref�gio na Alemanha, segundo estimativas de Klein.
- Ra�zes ucranianas -
"Dada a hist�ria alem�, n�o � t�o �bvio" que os judeus ucranianos busquem prote��o aqui, afirma o presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha, Josef Schuster. "Mas a Alemanha tem sua responsabilidade hist�rica".
Desde o in�cio da invas�o russa, os alem�es juntaram-se a uma imensa onda de solidariedade e v�o �s esta��es oferecer alojamento, comida ou roupas aos ucranianos que deixaram tudo para tr�s.
Dentro da comunidade judaica, "estamos particularmente bem preparados", explica a rabina Gesa Ederberg nesta escola, onde cerca de 60 alunos de 6 a 12 anos estudam alem�o e hebraico.
"40% dos membros da nossa comunidade t�m ra�zes ucranianas", ressalta. "E 80% falam russo", acrescenta.
Por 30 anos, a Alemanha se tornou a terra prometida para muitos judeus da antiga Uni�o Sovi�tica, concedendo-lhes resid�ncia permanente e permiss�es de trabalho.
Entre 1993 e 2020, mais de 210.000 judeus da R�ssia, Belarus ou Mold�via fizeram da Alemanha sua nova p�tria a ponto de sua comunidade, quase exterminada durante o Holocausto, ser agora a terceira maior da Europa depois da Fran�a e do Reino Unido.
Rec�m-integrada na "aula de acolhida" da escola, Sonia descobriu uma comunidade judaica em Berlim que � "muito maior do que em Odessa", indica esta menina de onze anos, com mechas loiras descoloridas e as meias puxadas at� os joelhos.
- A guerra no almo�o -
Para Ilona, entrar na comunidade Massorti da qual ela era membro em Kiev foi como encontrar uma fam�lia.
"Temos um teto e conseguimos dar seguran�a aos nossos filhos", explica esta m�e de duas filhas de 13 e 5 anos, cujo rosto ainda se enche de l�grimas ao recordar a odisseia que a levou � Alemanha.
"Est�vamos em um trem para Chernivtsi (sudoeste) na noite em que a guerra estourou", lembra ela, segurando a m�o de uma amiga. "Ficamos l� por uma semana" antes de sermos evacuadas de �nibus.
Os v�nculos entre os judeus da Ucr�nia e da Alemanha tamb�m permitiram a evacua��o de 120 crian�as, a maioria �rf�s, de Odessa para Berlim.
E alguns membros da comunidade at� abriram as portas de suas casas, como Till Rohmann, que recebeu duas fam�lias de Odessa e Kharkiv em sua casa.
N�o � f�cil "digerir a guerra � mesa do almo�o e do jantar", admite este pai de dois filhos, de 5 e 2 anos. "Fazemos o nosso melhor para que se sintam bem", acrescenta este m�sico que, h� sete anos, acolheu refugiados da S�ria.
"Ao contr�rio de 2015, temos semelhan�as culturais com os judeus ucranianos", diz. "Temos meios de comunica��o com o hebraico, podemos fazer a ora��o do 'sab�' juntos".
Se Ilona se diz "extremamente grata" pela acolhida dos alem�es, a ang�stia faz seu est�mago dar um n� ao pensar no marido "recrutado como volunt�rio" para defender o pa�s ou na irm� e sobrinha, ainda presas em Kiev.
BERLIM