Com 27,6% a 29,7% dos votos, segundo as primeiras estimativas, Macron carimbou o passaporte para o segundo turno, em 24 de abril, quando voltar� a enfrentar a ultradireitista Marine Le Pen (23,5% a 24,7%).
Meses antes de chegar ao Eliseu, Macron j� avisara que seria um "presidente jupiterino", express�o que, segundo o dicion�rio Larousse, evoca o "car�ter dominador e autorit�rio" do deus romano J�piter. E n�o decepcionou.
A crise dos "coletes amarelos" foi seu expoente m�ximo. Deflagrado em 2018 pelo aumento dos pre�os dos combust�veis, este protesto se espalhou por toda Fran�a para denunciar as medidas deste ex-banqueiro contra as classes populares.
A manifesta��o sustentou sua imagem de "presidente dos ricos" e desconectado da realidade, conquistada e refor�ada com frases pol�micas. Entre elas, quando Macron disse que nas esta��es de trem "voc� encontra pessoas que fizeram sucesso e pessoas que n�o s�o nada".
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"Acho que cheguei [ao poder] com uma vitalidade que espero continuar tendo e com vontade de sacudir" o sistema, justificou-se em dezembro durante uma entrevista sobre seu mandato, na qual reconheceu "erros".
A partir de 2020, a pandemia de coronav�rus p�s fim a estes protestos em uma nova Fran�a de confinamentos e de m�scaras e promoveu o perfil mais "jupiterino" de Macron: "Estamos em guerra" contra a covid-19, destacou ent�o.
'Mobiliza��o geral'
Sua gest�o pessoal da pior crise desde a Segunda Guerra Mundial rendeu-lhe ataques da oposi��o e, apesar da resist�ncia inicial da popula��o, soube ganhar sua confian�a e imp�s medidas pol�micas, como o passaporte sanit�rio.
"As crises exigem uma hiperpresidencializa��o [...]. Nesses momentos, Macron est� como um peixe na �gua", ao contr�rio de quando o "mar est� calmo", analisou, recentemente, a jornalista Corinne Lha�k no jornal L'Opinion.
A atual ofensiva russa na Ucr�nia representa mais uma crise que trouxe � tona a hiperlideran�a do presidente centrista que, apesar de fracassar em sua tentativa de evitar a guerra, viu suas inten��es de voto avan�arem nas pesquisas.
Contudo, o avan�o recente da candidata de extrema-direita Marine Le Pen - sua principal rival em 2017 - amea�a uma reelei��o que parecia garantida, em plena pol�mica sobre o uso maci�o de consultorias por parte do governo.
"Desde o Brexit, passando por tantas elei��es, o que parecia improv�vel aconteceu, assim que lhes digo com muita �nfase esta noite que nada � imposs�vel", alertou Macron durante seu �nico com�cio, convocando uma "mobiliza��o geral".
Este jovem pol�tico era pouco conhecido at� sua nomea��o como ministro da Economia em 2014 pelo ent�o presidente franc�s, Fran�ois Hollande, depois de ser seu conselheiro econ�mico.
Tr�s anos depois, Emmanuel Macron, nascido em 1977 em Amiens (norte) em uma fam�lia de classe m�dia, tornou-se o mais jovem presidente eleito da Fran�a, aos 39 anos, ao final de uma ascens�o mete�rica de um homem com pressa.
'Brilhante e carism�tico'
Em 1995, graduou-se com honras no prestigioso Lyc�e parisiense Henry IV, ap�s o qual obteve o t�tulo de mestre em filosofia. Durante seus anos de faculdade, trabalhou como assistente editorial do renomado fil�sofo franc�s Paul Ricoeur.
Nos seus tempos de estudante j� era "brilhante e carism�tico", "um bom orador", "com um perfil � la Barack Obama", disse em 2016 Julien Aubert, seu colega na Escola Nacional de Administra��o (ENA), o antigo centro de forma��o das elites.
Naquela altura, j� havia encontrado o amor de sua vida. Aos 16 anos, apaixonou-se por sua professora de teatro Brigitte Trogneux, 24 anos mais velha e m�e de tr�s filhos, uma hist�ria de amor at�pica que cativou a imprensa.
Trogneux era casada e tinha tr�s filhos, mas se divorciou. O casal que quebrou tabus se casou em 2007.
Se for eleito, o l�der europe�sta ter� de completar seu ambicioso programa de reformas interrompido pela pandemia, em linha com o que � recomendado pela Comiss�o Europeia para estabilizar sua economia.
Entre suas promessas para transformar a Fran�a, est�o o "renascimento" da energia nuclear, alcan�ar a neutralidade de carbono at� 2050 e aumentar a idade de aposentadoria para 65 anos, uma reforma que j� gerou protestos multitudin�rios em 2019 e 2020.