
Em discurso ao Parlamento brit�nico, o primeiro-ministro Boris Johnson repetiu nesta ter�a-feira (19) o pedido de desculpas "sem ressalvas" apresentado na semana passada ap�s ser multado por infringir a lei anticovid com uma festa que pode lhe custar o cargo.
"Com toda a humildade", disse, sob risos nas bancadas da oposi��o, "reitero minhas desculpas de todo cora��o", afirmou Johnson, no primeiro dia de sess�o ap�s o recesso de P�scoa.
Imediatamente ele mudou de assunto para a guerra na Ucr�nia, provocando indigna��o entre seus cr�ticos, que o acusaram de tentar minimizar o esc�ndalo.
O nacionalista escoc�s Ian Blackford o acusou de retratar-se "apenas porque foi descoberto". "Se tivesse alguma dignidade n�o apenas pediria desculpas, mas renunciaria", acrescentou.
O trabalhista Keir Starmer convocou os parlamentares de maioria conservadora a "restituir a dec�ncia, a honestidade e a integridade � nossa pol�tica" votando contra seu l�der, sobre quem "os cidad�os j� t�m sua opini�o".
Pesquisas recentes mostraram que a maioria dos brit�nicos considera o l�der conservador um "mentiroso" que deveria renunciar.
Johnson, sua esposa Carrie e seu ministro das Finan�as, Rishi Sunak - segundo mais alto cargo do governo - foram multados h� uma semana com 50 libras (65 d�lares, 60 euros) por uma festa de anivers�rio celebrada em 19 de junho de 2020 com dezenas de pessoas na sala do Conselho de Ministros, quando as reuni�es sociais estavam proibidas.
Estas s�o tr�s das cinquenta san��es que a pol�cia de Londres imp�s at� agora pelo que � conhecido como "partygate", o esc�ndalo das festas ilegais organizadas em estabelecimentos do governo durante os confinamentos de 2020 e 2021, que no in�cio do ano colocaram em risco a perman�ncia de Johnson no poder.
A investiga��o, que abrange uma dezena de eventos, desde festas de Natal a festas de despedida, continua aberta. O primeiro-ministro, cuja presen�a foi notada em outros eventos, pode ser multado novamente.
O l�der conservador, de 57 anos, tornou-se assim o primeiro chefe de governo em exerc�cio a ser punido por violar a lei. Imediatamente pediu "desculpas completas" diante das c�meras de televis�o, afirmando que "entende a raiva" dos brit�nicos, privados naquele momento de se encontrar com seus familiares.
No entanto, rejeitou os pedidos de ren�ncia, reiterados pela oposi��o que o acusa de ter mentido ao Parlamento quando afirmou, em dezembro, que as normas anticovid n�o foram infringidas.
- Debate e vota��o na quinta-feira -
Johnson afirmou anteriormente que sempre achou que os diferentes encontros que participou eram "eventos de trabalho", como a festa pelo seu anivers�rio de 56 anos que, segundo ele, n�o durou mais de "10 minutos", com participantes que, como Sunak, estavam ali para uma reuni�o de gabinete.
Sem questionar a multa, Johnson afirmou na semana passada que em nenhum momento lhe ocorreu que pudesse estar violando as regras.
Um grande grupo de rebeldes de seu partido, o Partido Conservador, cogitou no in�cio do ano lan�ar uma mo��o de censura interna contra ele por esse esc�ndalo. Mas desde que a guerra eclodiu na Ucr�nia em 24 de fevereiro, a ideia de mudar de l�der esfriou.
Na quarta-feira, por�m, alguns parlamentares da bancada conservadora pareciam novamente determinados, como o respeitado Mark Harper que considerou que Johnson � "indigno" de ser primeiro-ministro.
A oposi��o insiste que o dirigente mentiu conscientemente, apoiando-se em novos detalhes publicados pelo Sunday Times segundo os quais, em uma festa de despedida de seu assessor de comunica��o, em 13 de novembro de 2020, o pr�prio Johnson serviu as bebidas.
Os opositores conseguiram a permiss�o da presidente da C�mara dos Comuns, Lindsay Hoyle, para uma vota��o na quinta-feira que decidir� se o caso ser� levado a uma comiss�o encarregada de apurar se ele mentiu ao Parlamento, o que seria motivo de demiss�o.
Muitos conservadores n�o parecem determinados a colaborar no momento, mas este panorama pode mudar: alguns devem esperar as elei��es municipais de 5 de maio para ver se os eleitores v�o retirar o apoio ao homem que chegou triunfante ao poder em 2019 com a promessa do Brexit.