"Hoje, voltamos a tentar retirar mulheres, crian�as e idosos", informou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchouk, em sua conta no Facebook, acrescentando que os civis come�aram a se reunir perto de um shopping da cidade.
Esta nova tentativa de esvaziar Mariupol se d� um dia depois de um oficial militar russo de alta patente ter anunciado que "a segunda fase da opera��o especial" - express�o usada por Moscou para classificar sua invas�o da Ucr�nia - est� apenas come�ando.
A R�ssia agora prioriza "estabelecer um controle total sobre o Donbass e o sul da Ucr�nia", disse ontem o vice-comandante das For�as do Distrito Militar do centro da R�ssia, Rustam Minnekayev.
Desta forma, acrescentou, ser� estabelecido "um corredor terrestre" entre os territ�rios separatistas pr�-russos de Donetsk e Lugansk, na regi�o oriental do Donbass, com a pen�nsula da Crimeia, anexada pela R�ssia em 2014.
A conquista do sul da Ucr�nia tamb�m permitir� ajudar os separatistas da regi�o moldava da Transn�stria, "onde tamb�m observamos casos de opress�o da popula��o de l�ngua russa", completou o militar, cuja declara��o levantou preocupa��es na Mold�via.
Nos �ltimos dias, a Ucr�nia recebeu ajuda militar substancial de pa�ses ocidentais e mant�m que pode repelir o avan�o russo. Ao mesmo tempo, reivindica uma tr�gua durante a P�scoa ortodoxa, pedido rejeitado por Moscou, segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Em seu discurso habitual de sexta-feira � noite, Zelensky disse que os coment�rios do general russo s�o uma articula��o clara dos objetivos de Moscou.
"Isso apenas confirma o que eu j� disse em v�rias ocasi�es: a invas�o russa da Ucr�nia � apenas um come�o", advertiu.
- Corredores humanit�rios -
O secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, e o papa Francisco pediram o cessar das hostilidades para a P�scoa ortodoxa, ap�s quase dois meses de um conflito que deixou mais de cinco milh�es de exilados e sete milh�es de deslocados internos. � o maior �xodo na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Este pedido de tr�gua tamb�m foi feito pela Igreja Ortodoxa Ucraniana, que � subordinada ao patriarcado de Moscou, mas se distanciou dele pela guerra. Seu l�der, o primaz Onufriy, ofereceu-se para "organizar uma prociss�o", de modo a "fornecer ajuda emergencial e retirar os civis".
Na mesma linha, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, solicitou na sexta-feira (22), em uma telefonema com o presidente russo, Vladimir Putin, corredores humanit�rios em Mariupol. A cidade est� h� quase dois meses sitiada.
O Kremlin responsabilizou Kiev, por n�o permitir a rendi��o dos �ltimos soldados ucranianos entrincheirados no complexo industrial Azovstal nesta cidade, ainda cercada por tropas russas.
"As vidas de todos os militares ucranianos, combatentes nacionalistas e mercen�rios estrangeiros ser�o preservadas se depuserem as armas (...) Mas o regime de Kiev n�o autoriza esta possibilidade", disse Putin, em um comunicado do Kremlin.
A Ucr�nia afirma que centenas de seus soldados, assim como civis, est�o entrincheirados na f�brica. Kiev j� pediu, repetidamente, um cessar-fogo para permitir a retirada de mulheres, crian�as e idosos.
O Minist�rio russo da Defesa anunciou que est� disposto a fazer uma pausa humanit�ria, se as tropas de Kiev se renderem.
Para o governador da regi�o de Donetsk, Pavlo Kirilenko, "o sucesso da ofensiva russa no sul depende do destino de Mariupol".
- 'Crimes de guerra' -
Na sexta-feira, a empresa americana de imagens de sat�lite Maxar Technologies divulgou fotos que, segundo ela, mostram duas grandes fossas nas cidades de Manhush e Vynohradne.
Essas revela��es ocorreram em um dia em que a ONU, cujo secret�rio-geral viajar� para Moscou e Kiev na pr�xima semana, alertou sobre poss�veis "crimes de guerra" russos na Ucr�nia.
Na madrugada deste s�bado, os canais de informa��o ucranianos n�o noticiaram a ativa��o de qualquer alerta de bombardeio em todo pa�s, algo incomum neste conflito. Apesar disso, n�o observou uma queda consider�vel no n�mero de ataques reivindicados pelo Ex�rcito russo. Em Kharkiv (leste), por exemplo, os habitantes relataram terem vivido mais uma noite de terror.
"N�o conseguimos dormir. Passamos a noite inteira em um corredor", contou Yelena, uma m�e de fam�lia, � AFP.
Com ou sem tr�gua, o conflito se anuncia como longo. O primeiro-ministro brit�nico, Boris Johnson, considerou "realista" estimar que esta guerra v� durar at� o fim de 2023. E os Estados Unidos convidaram 40 pa�ses para uma reuni�o na Alemanha, na pr�xima ter�a-feira (26), para discutir as necessidades de seguran�a de longo prazo da Ucr�nia.
ZAPORIZHZHYA