"� uma verdadeira imers�o na intimidade", ela insiste, misteriosamente.
"Maya com uma boneca" (1938), "Maya com uma boneca e um cavalo" (1938), "Maya em roupa de marinheiro" (1938), "Maya com um barco" (1938), "Maya com um avental" (1938). Uma d�zia de retratos coloridos da pequena "Maya-Ruiz Picasso, filha de Pablo" abrem este mergulho "in�dito" no universo filial e familiar do artista espanhol.
"� a primeira vez que esses retratos, pintados entre 1938 e 1939 e distribu�dos pelo mundo, s�o reunidos", explica a neta do pintor, curadora da exposi��o juntamente com Emilia Philippot, curadora e especialista em Picasso.
Um curta-metragem apresenta ao visitante o cora��o de uma vida familiar zelosamente protegida por Picasso e sua paix�o por sua primeira filha, nascida em 5 de setembro de 1935 de sua uni�o com a francesa Marie-Th�r�se Walter, 28 anos mais jovem que ele.
Maya � o apelido de Mar�a (de la Concepci�n), o nome que Picasso deu � filha em homenagem � irm� que morreu quando ele tinha 14 anos. Durante toda a vida foi "c�mplice e confidente privilegiada de seu pai, e a �nica que podia entrar em seu escrit�rio" a qualquer hora do dia ou da noite.
- Festival de Cannes -
A exposi��o mostra como Maya foi assistente de seu pai, aos 20 anos, no filme de Henri-Georges Clouzot com o t�tulo "O Mist�rio de Picasso", realizado em Nice (sudeste da Fran�a) em 1955 e que ganhou o Pr�mio do J�ri no Festival de Cannes um ano depois.
Desenhos, pinturas, poemas, esculturas e in�meras fotos do artista e de sua filha testemunham essa "cumplicidade", bem como o v�nculo que Picasso tinha com "sua fam�lia reconstitu�da, at�pica para a �poca, mas n�o para ele", um "homem moderno" e "um pai carinhoso", acrescenta Diana Widmaier-Picasso.
Ela fala com certo pudor da "representa��o enigm�tica" de sua av� em v�rias pinturas porque "ele ainda era casado com Olga (Khokhlova) quando a conheceu. � quase um s�mbolo de uma uni�o m�stica", diz.
Decifra os momentos-chave da cria��o e os "c�digos" associados na obra � presen�a dessa "musa loira", "atl�tica" e com "curvas generosas associadas aos temas da lua e do sol".
Fala com o mesmo pudor das "metamorfoses" (formais) de Picasso "nestes anos cruciais ap�s seu encontro com Dora Maar, que veio destruir o ninho familiar".
- Arqueologia familiar -
Muito atencioso com seus quatro filhos - Paulo, seu filho mais velho, nascido de sua uni�o com Olga Khokhlova; Maya; Claude e Paloma, nascidos de sua uni�o com Fran�oise Gilot - Picasso os estudava constantemente.
Na exposi��o tamb�m se v� uma s�rie de desenhos feitos pelo artista por e com Maya, de 4 anos, em Royan (oeste da Fran�a), durante a guerra em 1939.
Os visitantes podem descobrir livros para colorir nos quais Picasso adicionou personagens, silhuetas de pequenos animais e um teatro de fantoches de papel cortado em tesoura, al�m de bonecos de madeira.
No final, s�o apresentadas cartas, objetos �ntimos, roupas e rel�quias de fam�lia muito especiais, "uma verdadeira arqueologia familiar", diz Diana Widmaier-Picasso. Revela uma faceta pouco conhecida de Picasso: sua supersti��o e sua rela��o com a morte e o mundo invis�vel.
"A ponto de guardar mechas de cabelo ou cortar unhas para proteg�-las de pessoas maliciosas", acrescenta a jovem, que publicou um livro sobre o assunto intitulado "Picasso sorcier", escrito em parceria com o antrop�logo Philippe Charlier.
PARIS