"As portas das salas de cinema sempre estiveram abertas para os filmes da Netflix", declarou Fithian em entrevista � AFP durante a CinemaCon, conven��o anual que re�ne em Las Vegas os grandes nomes da ind�stria audiovisual.
Fithian, chefe da Associa��o Nacional de Propriet�rios de Salas de Espet�culos dos EUA, disse que teve "v�rias discuss�es" com o diretor de conte�do da Netflix, Ted Sarandos, pedindo para que "veja se as produ��es funcionam nos cinemas".
"N�o estou olhando para os pre�os das a��es. S� focando nos dados. Voc� pode fazer mais dinheiro, inclusive sendo um streamer, se exibe seus melhores filmes nas salas de cinema primeiro", afirmou.
Estrear os filmes primeiro nas telonas, antes de disponibiliz�-los nas plataformas de conte�do, vai na contram�o do exitoso modelo de neg�cios da Netflix, que fez gigantes como Disney e Warner se mexerem em meio � chamada "guerra do streaming".
A plataforma revolucionou Hollywood e a forma como o p�blico consome narrativas audiovisuais, investindo enormes quantidades de dinheiro para "roubar" as estrelas dos est�dios tradicionais e mantendo os espectadores no sof� de casa.
Por�m, a perda de 200 mil assinantes - 0,1% do total - no primeiro semestre, anunciada na semana passada, assustou o mercado e derrubou as a��es da Netflix em mais de 30% em um s� dia.
A empresa anunciou v�rias estrat�gias novas, entre elas assinaturas mais baratas com publicidade.
Algumas de suas principais produ��es j� s�o projetadas nas salas de cinema de forma limitada, para que possam concorrer ao Oscar, mas a pergunta que surge � se poderia considerar uma aten��o maior �s telonas.
"Acredito que o modelo da Netflix pode evoluir nessa dire��o. Esperamos que aconte�a", disse Fithian.
Isso proporcionaria a um filme um "destaque maior", apontou o executivo, que acrescentou que "filmes que v�o direto para os servi�os de streaming se perdem".
- "Morta" -
O ambiente est� mais animado na edi��o deste ano da CinemaCon, em compara��o com 2021, que foi afetada por uma das variantes da covid-19, que seguia espantando o p�blico e obrigando os est�dios a pular as salas de cinema e estrear seus conte�dos online.
Esta semana, Fithian foi parar nas manchetes com seu discurso anual ao afirmar que estava "morta" a tend�ncia de lan�ar filmes de forma simult�nea nos cinemas e nas plataformas digitais.
"Isso n�o saiu do nada, veio de consultas com v�rios de nossos est�dios parceiros sobre o que pensam a respeito de como v�o lan�ar suas produ��es", explicou � AFP.
Os grandes est�dios de Hollywood recentemente entusiasmaram donos de cinemas ao voltar a implementar a janela de exclusividade na qual os longas s�o projetados apenas nas salas. No entanto, a janela atual de 45 dias ou menos � inferior � de 90 dias de antes da pandemia.
"A discuss�o � mais sobre a extens�o dessa janela, n�o sobre se deveria ou n�o existir uma", ressaltou Fithian.
- Preocupa��es -
Mas h� motivos de preocupa��o na ind�stria. Entre eles o modelo de neg�cios da Amazon Prime, que, segundo Fithian, "n�o est� tentando fazer dinheiro com os filmes", mas sim atrair consumidores para "fazer compras e usar seus servi�os de entrega".
O Prime, servi�o de assinatura da gigante Amazon, adquiriu o tradicional est�dio MGM ao fechar neg�cio por 8,5 bilh�es de d�lares no m�s passado.
"Se est�o comprando empresas para retirar filmes da linha de fornecimento aos cinemas, para lan��-los apenas no digital, est�o reduzindo as escolhas do consumidor e a competi��o", afirmou o executivo.
Al�m disso, Fithian indicou que existem preocupa��es sobre o Oscar.
No m�s passado, a Apple TV+ se tornou a primeira plataforma de streaming a levar a estatueta de melhor filme, enquanto enormes sucessos de bilheteria como "Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" ficaram de fora das principais categorias da premia��o.
A ind�stria audiovisual tamb�m est� atenta ao impacto nos cinemas da R�ssia do embargo imposto por Hollywood em resposta � invas�o militar da Ucr�nia.
"Esse mercado n�o foi abandonado. Trata-se de uma pausa at� que haja paz, at� que seja o momento adequado de voltar", disse Fithian, que descreveu o �ltimo ano como "muito estranho".
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