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Estado de Minas INTERNACIONAL

Imigra��o: total de brasileiros na Irlanda quintuplicou em seis anos

O pa�s de pouco mais de 5 milh�es de habitantes virou um �m� para os estrangeiros gra�as � facilidade que os rec�m-chegados t�m de encontrar emprego legal


03/05/2022 23:22 - atualizado 03/05/2022 23:22

Paisagem na Irlanda
Mercado de trabalho e aberto e possibilidade de trabalhar com visto de estudante s�o grandes atrativos da Irlanda (foto: Getty Images)
O n�mero de brasileiros vivendo na Irlanda mais que quintuplicou nos �ltimos seis anos. Em 2016, eram 13,6 mil pessoas, segundo o censo local. Hoje, de acordo com estimativas elaboradas pela Embaixada do Brasil em Dublin, esse n�mero alcan�a os 70 mil.

 

O pa�s de pouco mais de 5 milh�es de habitantes e 70 mil km² virou um �m� para os estrangeiros gra�as � facilidade que os rec�m-chegados t�m de encontrar emprego legal e se regularizar, segundo especialistas em imigra��o consultados pela BBC News Brasil. O mercado de trabalho vive um momento de prosperidade, e h� vagas em �reas diversas, para profissionais com ou sem qualifica��o.

 

H� ainda uma enorme oferta de cursos de ingl�s, que atraem centenas de brasileiros todos os meses. De acordo com alguns desses imigrantes, al�m do custo menor em compara��o com outras na��es que tamb�m oferecem aulas da l�ngua, a Irlanda se destaca por oferecer uma modalidade de visto de estudos que permite trabalhar por meio per�odo, ou 20 horas por semana.

 

Essa modalidade de visto, chamado de Stamp 2, pode ser tirada diretamente na Irlanda, logo ap�s a chegada, desde que o estrangeiro comprove sua matr�cula em um curso com dura��o m�nima de 25 semanas e uma reserva de 3 mil euros (cerca de R$ 16 mil) ao passar pela imigra��o.

"Parte dos estudantes retornam ao Brasil assim que seu visto expira, mas uma outra parte permanece no pa�s porque encontra boas oportunidades de trabalho dentro da lei", diz C�sar Leite, chefe do setor consular da Embaixada em Dublin.

 

"A demanda por m�o de obra � muito grande, porque os pr�prios irlandeses est�o emigrando muito, e existe uma lacuna a ser suprida", explica o diplomata.

 

Al�m disso, a Irlanda tem um dos sal�rios m�nimos mais altos da Europa, na frente de pa�ses como Portugal e Espanha. Por hora, cada trabalhador recebe no m�nimo 10,50 euros, ou cerca de R$ 55 - em compara��o, o sal�rio m�nimo no Brasil, de R$ 1.212, equivaleria a R$ 5,51 por hora em uma jornada de 40 horas de trabalho por semana, segundo o Minist�rio da Economia.

 

O ingl�s tamb�m atrai muitos estrangeiros que j� falam o idioma oficial do pa�s e desejam morar na Europa, mas n�o querem se aventurar com as outras l�nguas do continente.

 

Mesmo os brasileiros de fam�lia europeia, que t�m nacionalidade e passaporte europeu, escolhem a Irlanda como alternativa aos destinos mais tradicionais. Segundo a Embaixada, 25% dos portugueses e italianos que vivem hoje no pa�s s�o tamb�m brasileiros.

 

A advogada �rsula Perugini tem uma consultoria especializada em emiss�o de cidadania italiana com base na Toscana. Mas antes de abrir o neg�cio morou por quatro anos e meio na Irlanda, de onde v�m boa parte de seus clientes.

 

"Muitos dos brasileiros que antes tiravam a cidadania para permanecer na It�lia ou para morar em Portugal, por exemplo, t�m preferido ir para a Irlanda por conta das ofertas de trabalho", diz Perugini.

 

"H� ainda os que se mudam para Dublin ou outras cidades no pa�s com o visto de estudante, gostam muito e decidem permanecer. Ao buscarem op��es, acabam descobrindo que t�m direito � cidadania europeia e iniciam o processo como meio de se manterem legais".

 

O baiano Felipe T�vora desembarcou em solo irland�s em janeiro de 2020 ao lado do irm�o para trabalhar e estudar ingl�s.


O baiano Felipe Távora
O baiano Felipe T�vora tirou a cidadania italiana como alternativa para permanecer na Irlanda (foto: Arquivo pessoal)

 

Formado em Engenharia Ambiental, o brasileiro de 27 anos se empregou em pelo menos quatro fun��es distintas ao longo do per�odo de um ano em que ficou no pa�s como estudante. Mas, pouco antes de seu visto expirar, Felipe se deparou com a possibilidade de virar cidad�o europeu por conta de sua ascend�ncia italiana.

 

O baiano natural de Vit�ria da Conquista ent�o se mudou para a It�lia por um ano, para realizar o processo de emiss�o da cidadania.

 

Ele est� no Brasil atualmente visitando a fam�lia, mas j� tem a passagem comprada para retornar a Dublin no final de maio. "Mesmo com a possibilidade de morar em outros pa�ses, ainda prefiro a Irlanda, porque sinto que as oportunidades no pa�s favorecem meu crescimento profissional", diz.

Jovens e sem filhos

Edu Giansante, de 37 anos, mora em Dublin desde 2008. Quando chegou no pa�s, a comunidade brasileira era muito menor e havia poucas informa��es sobre o processo migrat�rio. Por isso, o paulista formado em Design Digital decidiu criar um site de not�cias e informa��es sobre a Irlanda em portugu�s.

 

Por meio do E-Dublin, Giansante aconselha hoje muitos brasileiros que desejam seguir seus passos na Europa.

 

"A maioria das pessoas vem com a ideia de estudar, mas acaba gostando muito do pa�s, encontrando bons trabalhos e fica por aqui", diz.

 

Al�m de dar dicas de migra��o, o E-Dublin tamb�m realiza anualmente uma pesquisa para tra�ar um perfil do brasileiro que vive na Irlanda. Em 2021, foram entrevistadas 2.881 pessoas em um per�odo de dois meses por meio de uma plataforma online para coletar dados sobre status migrat�rio, emprego e vida pessoal.

 

Segundo Giansante, a consulta mostrou que a comunidade � formada principalmente por pessoas entre 26 e 35 anos, solteiras ou casadas, mas sem filhos. Alguns t�m ensino superior e buscam cargos em algumas das gigantes de tecnologia que elegeram Dublin para instalar sua sede europeia, tal como Google, Facebook, Linkedin e Microsoft.

 

O pr�prio paulistano encontrou emprego em uma dessas companhias e trabalha como gerente na empresa israelense Wix. "Assim como muitos outros, cheguei aqui em 2008 como estudante, mas logo consegui trabalho e um visto mais permanente. Hoje, sou cidad�o europeu", conta.


Edu Giansante
Edu Giansante fundou portal para ajudar brasileiros que querem imigrar para a Irlanda (foto: Arquivo pessoal)

 

A grande maioria dos brasileiros, por�m, se emprega nas �reas de hotelaria e servi�os, que prosperam com o mercado aquecido pelo fluxo de capital e aumento no consumo gerado pelas grandes empresas instaladas na capital.

 

Muitos rec�m-chegados tamb�m optam por fun��es mais informais, como entregas de comida e outros produtos. Com uma bicicleta ou moto � poss�vel abrir uma conta em uma empresa de delivery e come�ar a trabalhar imediatamente.

 

Alguns estudantes tamb�m s�o atra�dos para os aplicativos pela possibilidade de trabalhar em hor�rios flex�veis, que podem ser conciliados com as aulas.

 

Foi o que fez Felipe assim que desembarcou em Dublin. "Tirei o visto depois de desembarcar na Irlanda, mas precisava arrumar um emprego r�pido, ent�o, comecei no delivery", relata o baiano.

 

"Eu usava uma bicicleta para entregar comida e n�o vou mentir: n�o era f�cil. Andar de bicicleta no frio da Irlanda � bem sacrificante."

 

Pouco tempo depois, por�m, Felipe conseguiu uma vaga da qual gostava muito mais. "Em mais ou menos um m�s,eu tirei meu visto e comecei a trabalhar como operador no estoque de uma rede de mercados", diz. "Depois disso trabalhei em constru��o e fiz bico em um bar, mas agora abri meu pr�prio neg�cio de consultoria financeira."


Entregador de delivery em Dublin
Entregador de delivery em Dublin (foto: Getty Images)

'Vim para estudar e fiquei'

Mas o grupo mais numeroso � o de estudantes. De acordo com a �ltima pesquisa realizada pelo E-Dublin, em 2021, 40% dos entrevistados entraram na Irlanda com um visto Stamp 2, de estudante com permiss�o de trabalho. Em 2020, eram 53%.

 

"Ao contr�rio dos estudantes que v�o para os EUA ou para a Austr�lia, que s�o muito jovens, os estudantes que v�m para a Irlanda costumam ser de uma faixa et�ria um pouco superior. Temos pessoas de 40 anos ou 45 anos", explica o diplomata C�sar Leite.

 

Muitos s�o atra�dos pelos cursos de ingl�s, mas tamb�m h� aqueles que procuram por p�s-gradua��o ou mestrado. "� comum vermos casos de brasileiros que chegam para fazer ingl�s, decidem come�ar uma faculdade e j� engatam em uma especializa��o", conta Edu Giansante.

 

A tocantinense Ana Cla�dia Tavares, de 31 anos, decidiu fazer um interc�mbio para estudar ingl�s h� seis anos. Queria viajar e sair da zona de conforto. Ela ent�o tirou uma licen�a do seu cargo na Prefeitura de Palmas e desembarcou em Dublin em outubro de 2017.

 

Pouco tempo depois que as aulas come�aram, Ana arrumou trabalho como bab� para uma fam�lia irlandesa. "Cheguei sozinha, sem nada de falar ingl�s e bastante assustada. Mas, quando comecei a trabalhar, me forcei a treinar e, em seis meses, j� estava me virando bem", conta.

 

Os planos iniciais eram de estudar por um ano e retornar para o Brasil, mas o encanto pela Irlanda e um relacionamento fizeram com que ela decidisse ficar.

"Quando cheguei aqui, tudo mudou. Eu me apaixonei por um irland�s e fui ficando", relata. "N�o vejo mais por que voltar permanentemente. Tenho minha fam�lia no Brasil, mas posso ir visit�-los".


Ana e o namorado
Ana conseguiu resid�ncia na Irlanda ap�s declarar uni�o est�vel com o namorado irland�s (foto: Arquivo pessoal)

 

Ana obteve uma permiss�o de perman�ncia ap�s firmar uni�o est�vel com o namorado e, hoje, trabalha por conta pr�pria, com fotografia e filmagem de eventos. "N�o gosto do inverno rigoroso daqui, mas sempre posso passar uma temporada curtindo o sol do Brasil quando estiver cansada."

Trabalho r�pido

Para al�m dos bons sal�rios, a facilidade de arrumar emprego tamb�m deslumbra muitos brasileiros que desejam tentar a vida no exterior.

 

Segundo a pesquisa realizada em 2021 pelo E-Dublin, 39% dos entrevistados conseguiram um trabalho ap�s um m�s ou menos de sua chegada na Irlanda. Outros 37% estavam empregados em at� tr�s meses.

 

A paulista Kelly Ferreira, de 36 anos, desembarcou no pa�s no in�cio de dezembro de 2021 e, em menos de dois meses, j� estava empregada como auxiliar de cozinha em uma empresa que presta servi�os de alimenta��o para grandes companhias na cidade de Limerick, no interior do pa�s.

 

Seu marido Diego Ferreira, de 37 anos, foi ainda mais r�pido e come�ou a trabalhar 20 dias depois da chegada. M�sico no Brasil, ele agora � auxiliar de cozinha em um restaurante.

 

"Fomos desligados da empresa em que trabalh�vamos na pandemia e decidimos aproveitar a oportunidade para realizar o sonho antigo que t�nhamos de morar fora", conta Kelly, que � formada em Administra��o e, no Brasil, atuava como t�cnica de Seguran�a do Trabalho.

 

O casal natural de Limeira, no interior de S�o Paulo, fez como muitos outros brasileiros e se mudou para a Irlanda com visto de estudante. Eles dividem sua rotina entre as aulas de ingl�s, o trabalho e as viagens de final de semana.

 

"Escolhemos a Irlanda tamb�m pela possibilidade de viajar pela Europa. J� vimos voo para Manchester por 7 euros [R$ 37] - ganhamos mais que isso em uma hora de trabalho!"


Kelly e o marido Diego
Kelly e o marido Diego desembarcaram na Irlanda no final de 2021 (foto: Arquivo pessoal)

Os paulistas tiveram alguns percal�os no caminho at� a Irlanda, mas dizem estar vivendo um sonho desde que chegaram.

 

"Compramos as passagens quando as fronteiras da Irlanda j� haviam sido reabertas ap�s a primeira onda da covid-19, mas, pouco antes de embarcarmos, o governo decidiu bloquear a entrada de estrangeiros novamente", conta.

 

"Passamos praticamente dois meses com as malas prontas, s� esperando a fronteira reabrir. Assim que liberou, embarcamos".

Tchau, Londres. Oi, Dublin

A Irlanda ainda vem sendo vista ainda como um destino alternativo ao Reino Unido, j� que muitos brasileiros enxergam a atual situa��o do pa�s ap�s o Brexit, como foi chamada a sa�da do Reino Unido da Uni�o Europeia (UE), com inseguran�a e encontram mais dificuldade na busca por emprego em solo brit�nico.

 

O Brexit foi oficializado em 31 de janeiro de 2020 e cortou parte dos la�os que o pa�s mantinha com o bloco. Entre outras coisas, acabou com o privil�gio que brit�nicos e europeus tinham de viajar de um lado para o outro do Canal da Mancha e escolher livremente onde viver e trabalhar. Desde que o "div�rcio" foi oficializado, � necess�rio um visto para estadias longas e motivo de trabalho.

Com a imposi��o de controles de seguran�a na alf�ndega, muitos atrasos foram registrados na troca de mercadorias. Diversas empresas tamb�m optaram por transferir suas sedes do Reino Unido para outros pa�ses da UE, para evitar dificuldades na contrata��o de funcion�rios, burocracias e obst�culos alfandeg�rios.

 

"Para os estudantes n�o � atrativo viver em um pa�s que n�o tem v�nculos com a Uni�o Europeia e de onde � mais dif�cil viajar", diz Edu Giansante.

 

"Organizamos feiras de interc�mbio no Brasil e come�amos a perceber um aumento no interesse pela Irlanda entre 2007 e 2008. Antes havia muita procura por Canad�, Estados Unidos, Austr�lia, Nova Zel�ndia e Reino Unido.

 

Mas esses destinos por vezes s�o mais caros para estudantes, ao mesmo tempo em que o Brexit desencorajou os que pensavam em imigrar para cidades inglesas".

 

O carioca Ant�nio Cunha, de 57 anos, se mudou para a Irlanda em 2019, ap�s 20 anos vivendo em Portugal. "A oferta de trabalho ampla e o sal�rio m�nimo alto me chamaram muito a aten��o e me fizeram querer morar aqui", diz.

 

Mas, ap�s um ano morando na Irlanda, decidiu tentar a sorte no Reino Unido.

Morou por oito meses em Birmingham, na Inglaterra, onde trabalhou prestando servi�os de auditoria a restaurantes e lojas. Mas rapidamente decidiu voltar.

 

"O Brexit reduziu oportunidades de emprego para os imigrantes. E tamb�m h� um processo mais complexo para se legalizar, mesmo para mim que sou cidad�o portugu�s."

 

Atualmente, Ant�nio vive com a esposa e uma filha na cidade irlandesa de Waterford, onde trabalha como embalador em um matadouro. "A cidade est� cheia de brasileiros que foram recrutados para trabalhar na ind�stria da carne", conta.

 

"S� no matadouro onde trabalho, mais de 70% dos funcion�rios s�o brasileiros."

A �rea que levou muitos brasileiros a se mudarem para a Irlanda nas d�cadas de 1980 e 1990, ali�s, voltou a recrutar ap�s a grave crise econ�mica que abateu o pa�s em 2009. Segundo a embaixada brasileira, h� diversas vagas para "desossadores" com experi�ncia interessados em viver em um pa�s que � um dos maiores processadores de carne da Europa.


Antônio ao lado da esposa
Ant�nio ao lado da esposa: o carioca se mudou para a Irlanda ap�s 20 anos vivendo em Portugal (foto: Arquivo pessoal)

 

De acordo com a embaixada em Dublin, a maior parte dos 70 mil brasileiros que vivem hoje na Irlanda est�o em situa��o legal. A pesquisa realizada pelo E-Dublin indica que 3% dos entrevistados pelo site disseram estar indocumentados.

 

Mas para aqueles que decidiram se aventurar sem documentos, o governo irland�s trouxe boas not�cias no in�cio de 2022. O Minist�rio da Justi�a abriu em 31 de janeiro as aplica��es para que imigrantes ilegais que vivem no pa�s h� mais de quatro anos (ou tr�s, em caso de fam�lias com filhos menores de idade) possam se regularizar.

 

As inscri��es ser�o aceitas at� 31 de julho de 2022, e os beneficiados ganhar�o uma permiss�o de imigra��o com acesso irrestrito ao mercado de trabalho.

"Esse processo � bom para os imigrantes, mas tamb�m beneficia o Estado irland�s, que, al�m de precisar de m�o de obra, tamb�m consegue tirar essas pessoas da invisibilidade", explica C�sar Leite.

Brasil fora do Brasil

A comunidade brasileira cresceu tanto que o que n�o faltam s�o restaurantes, mercados e lojas que vendem produtos t�picos. Segundo Leite, esse nicho tem se tornando t�o interessante para alguns comerciantes que os brasileiros t�m sido procurados para trabalhar em lojas e restaurantes apenas por falarem portugu�s.

 

"Os brasileiros s�o muito bem-vistos por aqui, porque s�o considerados respons�veis e qualific�veis. E falar portugu�s tem sido visto como uma vantagem tamb�m", diz o diplomata.

 

E ter com quem conversar na l�ngua nativa ou ter um prato t�pico � disposi��o ajuda a reduzir a dist�ncia de casa.

 

"Se estou com vontade de comer pa�oca, acho pa�oca. Se quero p�o de queijo, � s� pedir no delivery. Tem at� lugar que vende erva para chimarr�o", celebra Felipe T�vora.

 

De acordo com a Embaixada brasileira, a cidade com maior n�mero de brasileiros � a capital Dublin. Mas a comunidade brasileira tamb�m � grande em Cork, Limerick, Galway, Bray e outras cidades.

 

"A presen�a grande de imigrantes brasileiros por aqui nos ajudar a sentir em casa. � bom conversar na l�ngua nativa, conversar com os rec�m-chegados sobre as novidades", diz Ant�nio Cunha.

 

O fluxo intenso de imigrantes, por�m, agravou a crise imobili�ria em todo o pa�s, apontam os especialistas em migra��o consultados pela BBC News Brasil.

 

A dificuldade em encontrar uma resid�ncia para alugar na Irlanda � enorme.

 

Quem chega � ilha por vezes demora meses para se estabelecer de forma confort�vel e, mesmo entre os irlandeses, conseguir acomoda��o � um problema.

 

E quem consegue alugar tem que arcar com um valor mensal alto. Entre brasileiros e outros estrangeiros, a loca��o em conjunto � a solu��o mais vi�vel, mas mesmo assim n�o � f�cil conseguir vagas, e intercambistas chegam a dividir quarto com seis pessoas ou mais.

 

O problema n�o � novo. J� na d�cada passada, a Irlanda tinha uma bolha imobili�ria erguida com base no endividamento, estimulada por empr�stimos irrespons�veis e incentivos fiscais.

 

Quando a bolha estourou, em 2008, o pre�o dos im�veis despencou, os endividados declararam morat�ria, e a atividade da constru��o civil foi interrompida. O n�mero de donos da casa pr�pria caiu intensamente e muitos im�veis foram adquiridos por companhias privadas e estrangeiras.

 

O pre�o dos im�veis se recuperou ap�s a recess�o, mas o n�mero de propriet�rios n�o, em parte porque os altos alugu�is tornam dif�cil poupar para pagar a entrada de uma compra.


Rua de Dublin, Irlanda
Dublin � a cidade mais afetada pela crise de moradia, mas outros locais tamb�m enfrentam problema (foto: Getty Images)

 

Com a pandemia de covid-19, muitos estudantes e trabalhadores estrangeiros que estavam no pa�s receberam extens�o em seus vistos, aumentando a demanda. A reabertura das fronteiras intensificou ainda mais o problema, pois uma grande quantidade de pessoas que adiou a ida para a Irlanda durante o confinamento come�ou a se preparar para embarcar ao mesmo tempo.

 

Nos grupos de imigrantes no Facebook e WhatsApp, h� muitos rec�m-chegados desesperados em busca de acomoda��o. A crise � mais vis�vel em Dublin, mas n�o � restrita � capital.

 

"Tivemos muita sorte porque encontramos um irland�s alugando um apartamento individual. Mas muitos colegas brasileiros passam por dificuldades", relata Kelly sobre a situa��o em Limerick. "As melhores vagas s�o rapidamente preenchidas quando s�o anunciadas nas redes sociais, ent�o por vezes a melhor forma de conseguir � conversando com amigos e por indica��o".

 

As cidades n�o est�o comportando o fluxo, segundo C�sar Leite, da embaixada brasileira. "Infelizmente, � um problema de solu��o de longo prazo."

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