
A ofensiva russa na Ucr�nia n�o para, mesmo na devastada Mariupol, no sudeste, onde Kiev anunciou que outras 50 pessoas foram retiradas da enorme sider�rgica de Azovstal, onde combatentes e civis est�o entrincheirados no �ltimo reduto de resist�ncia.
Na manh� deste s�bado (7), o Estado-Maior ucraniano afirmou que as for�as russas continuavam com sua ofensiva neste grande complexo industrial, apesar da tr�gua declarada unilateralmente por Moscou desde quinta-feira e por tr�s dias.
At� agora, cerca de 500 civis foram retirados de Azovstal gra�as a corredores humanit�rios patrocinados pela ONU e pela Cruz Vermelha.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, disse que "50 mulheres, crian�as e idosos" conseguiram escapar na sexta-feira e que os respons�veis tentar�o continuar as evacua��es hoje.
De acordo com ela, as tropas russas "violam constantemente" o cessar-fogo, raz�o pela qual o resgate de civis tem sido "extremamente lento".
Os �ltimos combatentes da cidade, pertencentes ao batalh�o Azov, tamb�m est�o entrincheirados no intrincado labirinto de passagens subterr�neas da sider�rgica junto com os civis, alguns deles feridos.
A cidade � um porto estrat�gico no Mar de Azov e seu controle � muito importante para a R�ssia, pois criaria uma conex�o entre as �reas separatistas pr�-R�ssia no leste e a pen�nsula da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Derrubar o �ltimo reduto de resist�ncia em Mariupol tamb�m seria uma grande vit�ria para Moscou, mais de dez semanas ap�s a invas�o da Ucr�nia.
"N�o h� mais nada"
"Estamos evacuando o m�ximo de pessoas poss�vel", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sexta-feira em uma videoconfer�ncia organizada pelo think tank Chatham House de Londres.
"Mariupol nunca vai cair (...) Est� devastada, n�o sobrou nada, tudo foi destru�do", acrescentou.
Oleksii Arestovich, conselheiro do presidente ucraniano, denunciou que a R�ssia "tenta liquidar os defensores de Azovstal e est� tentando faz�-lo antes de 9 de maio como um presente a Vladimir Putin".
Todos os anos, neste dia, a R�ssia celebra sua vit�ria sobre a Alemanha nazista em 1945 com um grande desfile militar na Pra�a Vermelha de Moscou.
Neste s�bado, os �ltimos ensaios foram realizados na capital russa antes do desfile, que ser� inevitavelmente permeado pela Ucr�nia, onde a interven��o militar, que muitos especialistas esperavam ser fulgurante, � marcada por dificuldades para Moscou.
Depois de ter que recuar dos arredores de Kiev diante das for�as ucranianas, mais combativas do que o esperado e armadas pelos pa�ses ocidentais, os l�deres militares russos concentraram a ofensiva no leste e no sul do pa�s.
O discurso de Putin tamb�m ser� a ocasi�o para se dirigir aos l�deres ocidentais e emitir novos alertas, depois que as autoridades russas mencionaram a amea�a nuclear em v�rias ocasi�es nas �ltimas semanas.
Alto risco de bombardeios
Al�m de Mariupol, os combates continuam em outras partes do pa�s. Na sexta-feira, dois m�sseis ca�ram em Odessa, o grande porto ucraniano no Mar Negro, sem causar v�timas, segundo fontes ucranianas.
"Por favor, n�o ignore os alertas a�reos e v� imediatamente para abrigos, o risco de bombardeio � muito prov�vel em todas as regi�es da Ucr�nia", alertou o prefeito de Kiev, Vitaly Klitshko.
Segundo fontes russas, nas �ltimas horas, v�rios m�sseis foram lan�ados contra centros de armazenamento de m�o de obra e equipamentos militares na regi�o de Donetsk, no Donbass ucraniano.
Avi�es russos tamb�m atacaram instala��es militares ucranianas durante esta madrugada nas regi�es de Kharkiv e Odessa, segundo as mesmas fontes.
Paralelamente, as for�as ucranianas continuam a enfrentar as tropas russas. Um relat�rio publicado pelo minist�rio da Defesa brit�nico estimou que "o conflito na Ucr�nia gera perdas nas unidades russas mais capacitadas".
Neste s�bado, o ex�rcito ucraniano afirmou no Facebook que havia destru�do um navio militar russo perto da Ilha da Cobra, no Mar Negro, informa��o n�o confirmada por Moscou.
Nas fronteiras da Ucr�nia, as autoridades da regi�o separatista pr�-russa moldava da Transn�stria relataram quatro explos�es sem causar v�timas na noite de sexta-feira.
A Transn�stria, uma regi�o separatista apoiada pela R�ssia, separou-se da Mold�via ap�s uma breve guerra em 1992. Desde ent�o, Moscou enviou cerca de 1.500 soldados para l�.
Os temores de que o conflito na Ucr�nia se espalhe para a Transn�stria aumentaram depois que um general russo afirmou que a ofensiva do Kremlin na Ucr�nia busca estabelecer um corredor para essa regi�o separatista.
Ajuda, crise e mais san��es
Na sexta-feira, os Estados Unidos concederam nova ajuda militar � Ucr�nia, de cerca de 150 milh�es de d�lares, mas o presidente Joe Biden alertou que os fundos destinados a este pa�s estavam prestes a acabar e instou o Congresso a autorizar mais.
No total, o governo dos EUA j� enviou armas no valor de mais de 3,4 bilh�es de d�lares para apoiar a Ucr�nia.
E pela primeira vez desde o in�cio da invas�o, o Conselho de Seguran�a da ONU adotou uma resolu��o un�nime em apoio � busca de "uma solu��o pac�fica" na Ucr�nia.
A declara��o, redigida pela Noruega e pelo M�xico, indica que o Conselho de Seguran�a, do qual a R�ssia � membro permanente e, portanto, tem direito de veto, "expressa sua profunda preocupa��o com a manuten��o da paz e da seguran�a na Ucr�nia".
Dentro da Uni�o Europeia (UE), continuam as negocia��es sobre um poss�vel embargo ao petr�leo russo. Seria a medida mais dura adotada pelos 27 Estados-membros, mas para a qual n�o h� unanimidade.
O primeiro-ministro nacionalista h�ngaro, Viktor Orban, se op�e ao embargo porque o pa�s � totalmente dependente do petr�leo russo e esta decis�o seria equivalente a "uma bomba nuclear em sua economia".
A guerra e as san��es s�o um choque severo para os pre�os dos alimentos, j� que tanto a Ucr�nia quanto a R�ssia s�o grandes produtores de gr�os. Segundo a ONU, na �frica, os efeitos desta guerra provocam uma crise "sem precedentes", que se traduz num aumento dos pre�os dos alimentos e dos combust�veis.