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Estado de Minas TONAL�

Doen�a, esterilidade e injusti�a, os danos de um pesticida na Nicar�gua


11/05/2022 19:52

Trabalhar com um pesticida em cultivos de bananas os deixou doentes e est�reis. D�cadas depois, centenas de camponeses nicaraguenses ainda buscam que as empresas respons�veis paguem pelos danos, uma possibilidade que se diluiu nesta quarta-feira (11) ap�s o o indeferimento de uma a��o na justi�a francesa.

No munic�pio de Tonal� ainda se observam alguns barris oxidados onde era envasado o Nemag�n, um produto usado como pesticida nos cultivos de bananas no departamento (estado) de Chinandega, a noroeste da Nicar�gua. Os recipiente eram reutilizados �s vezes para guardar �gua.

Atra�dos pelo emprego que as companhias bananeiras ofereciam, al�m da d�cada de 1970, Tonal�, perto dos cultivos e com apenas 600 habitantes, viu multiplicar seus residentes.

As bananeiras se estabeleceram no noroeste da Nicar�gua, de terras f�rteis, clima quente e chuvas intensas, no fim dos anos 1960 at� o in�cio da d�cada de 1980.

"Havia umas quatro fazendas em Tonal�, com at� 4.000 trabalhadores em cada uma. Era onde pagavam melhor, tinham acomoda��es para funcion�rios e o embarque da banana era de tr�s a quatro dias", conta Luis G�mez, hoje com 60 anos.

"Era bem bonito, vinha gente de toda parte, mas essa alegria foi parando na tristeza de n�o ter filhos", detalha Idalia Paz, de 55 anos, esposa de Luis, agricultor que ficou est�ril pela exposi��o a estes produtos qu�micos.

O DBCP, um pesticida proibido no final dos anos 1970 nos Estados Unidos e comercializado at� meados dos 1980 na Nicar�gua como Nemag�n e Fumazone, tem sido alvo de v�rias a��es na Am�rica Latina.

Foi usado nas bananeiras e acusado de provocar c�ncer e infertilidade. Os riscos para a sa�de foram reconhecidos em 1977 para detectar v�rios casos de esterilidade entre trabalhadores de uma f�brica da Calif�rnia.

"Se soub�ssemos que havia um perigo, ter�amos nos cuidado de outra forma. Mas n�s n�o sab�amos isso at� depois soubemos que este produto era nocivo (...), tenho um pouco de doen�a, al�m da esterilidade; se estou com vida � porque Deus � grande", admite Pedro Regalado, de 74 anos, que trabalhou na fazenda El Para�so.

-"N�o admitem a queixa" -

Um tribunal de Chinandega condenou em 2006 as companhias de agroqu�micos Shell, Dow Chemical e Occidental Chemical a pagar 805 milh�es de d�lares a 1.200 ex-trabalhadores de fazendas bananeiras pelo impacto provocado pelo pesticida na sa�de. Mas nunca receberam nada e v�rios afetados j� morreram.

A senten�a foi confirmado na cassa��o na Nicar�gua e em 2008 os demandantes levaram o caso para a Fran�a em virtude do procedimento 'exequatur', que permite aplicar neste pa�s uma senten�a de um tribunal estrangeiro.

Esperan�osos, os agricultores esperam para esta quinta-feira em Tonal� a decis�o do tribunal, enquanto comentavam como usar�o o dinheiro em sua sa�de.

Mas o tom apagado na voz do advogado Barnard Zavala do outro lado da linha, aniquilou seus sonhos.

"N�o admitem nossa queixa porque os ju�zes n�o tinham jurisdi��o sobre as empresas", explica Zavala, em contato com a equipe em Paris.

O tribunal considerou que o juiz de Chinandega, que condenou em primeira inst�ncia as companhias, "n�o era competente", pois as empresas denunciadas tinham pedido que o caso fosse julgado nos Estados Unidos, amparados em uma lei nicaraguense de 2001.

"Nos sentimos decepcionados (...) Foi aqui [em Tonal�] que se espalhou [o pesticida], foi aqui, a Nicar�gua, que fomos afetados. Esper�vamos uma senten�a a favor dos doentes", critica Idalia. Os demandantes v�o apelar.

Em sua casa de quintal amplo e cercada de �rvores frut�feras, Luis vive com sua esposa Idalia e tr�s c�es. Idalia chora quando lembra que o marido ficou est�ril por se expor ao produto qu�mico.


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